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Livro conta a história de uma personalidade fundamental para as HQ no Brasil

A história do roteirista, desenhista e editor se confunde com a das histórias em quadrinhos no Brasil

Algumas pessoas têm tanta importância para determinados setores que suas histórias de vida se confundem com relatos históricos de uma categoria, local ou produto específico. É exatamente o que acontece com a vida do desenhista, roteirista e editor Francisco (Franco) Paulo de Rosa, ou simplesmente Franco De Rosa.

Certamente o escritor Nobu Chien, um dos maiores especialistas em histórias em quadrinhos do Brasil, teve essa mesma sensação ao escrever a biografia “Totalmente Franco”, lançada pela editora Criativo em parceria com a GRRR!

Franco De Rosa nasceu em São Paulo em 1956, mas acabou morando em várias cidades diferentes por conta da profissão do pai, um jogador de futebol profissional. Seu envolvimento com as histórias em quadrinhos começou em meados dos anos 70, ainda muito novo, justamente quando o mercado de quadrinhos passou a se tornar uma realidade no Brasil.

Envolvimento de Franco De Rosa com as HQ iniciou na década de 1970

“Peguei um período muito ruim na hora de começar, que foi a década de 70 por conta da censura. Todos os editores precisavam mandar as revistas para Brasília antes de publicar. Mas logo na metade dos anos 70 alguns editores começaram a publicar, mesmo assim não se comprava nada de quadrinho nacional”, lembra.

Ainda neste período, Franco destaca que um importante espaço conquistado foi fazendo histórias em quadrinhos para jornais tabloides com tiras diárias. “Outro ponto negativo é que os grandes mestres como Shimamoto, Flávio Colin, Saidenberg e outros deixaram de publicar. Só no final dos anos 70 e início dos anos 80 eles começaram a voltar quando editamos trabalhos desse pessoal”, conta.

Ocupando o ofício de artista ou editor, Franco passou por várias editoras desse país, como a Ebal, Grafipar, Maciota (Press), Best News, Escala, Nova Sampa, Abril Jovem, foi um dos fundadores da Mythos Editora, fundou o estúdio Opera Graphica (que depois virou editora), entre outras.

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O editor também foi um dos fundadores da Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo (AQC-ESP), ao lado Gualberto Costa, Jal e Worney Almeida de Souza. Vale ressaltar que essa entidade é responsável por vários acontecimentos importantes na história dos quadrinhos no Brasil, como a primeira exposição temática e o Prêmio Ângelo Agostini.

“Sinto hoje que temos o mesmo problema de sempre, ou seja, os quadrinhos internacionais não dão espaço para o quadrinho nacional. E agora ainda com essa onda de colecionismo, dos lombadeiros, que adquirem obras caras para montar uma estante e na maioria das vezes nem ler o conteúdo. Ainda existe um preconceito muito grande contra o quadrinho nacional. Pra mim, é único problema que se mantém”, afirmou.

O resultado disso, segundo ele, é que muitos desenhistas e roteiristas ficam sem espaço e acabam indo para outros ramos, como a literatura infantil e infanto-juvenil. “Mas a gente continua produzindo”, ressalta.

E Franco De Rosa deve nos trazer outras belas surpresas em breve. Revelou ao QUINTACAPA que acabou de finalizar um roteiro de uma adaptação de um livro brasileiro de fantasia pouco conhecido do público. Apesar de ainda não poder revelar o nome, mas disse que será uma Graphic Novel de 60 páginas. No momento, Franco está sem estúdio, mas garante que tem realizados boas parcerias.

Nos últimos três anos, Franco De Rosa esteve envolvido também com trabalhos como histórias do “Visg” e do “Patrulheiro Fantasma”, personagens criados no passado por Mário Rafael Candia e Rubens Cordeiro, respectivamente, agora com novas histórias com roteiros do Franco e uma delas também desenhadas por ele. Vale a pena procurar também Fargo, Zamor (com desenhos de Mozart Couto) e em breve, Ultraboy, que deve sair ainda esse ano.  “Na verdade, nunca estive tão envolvido com a produção de quadrinhos meus e de outros autores brasileiros como nos últimos cinco anos. E isso é muito legal”, comemora.

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Zamor: roteiro do Franco De Rosa com a arte de Mozart Couto

 

 

Jornalista formado pela Universidade Federal do Piauí com mais de 20 anos de atuação na área, sempre com destaque para área cultural, principalmente no campo das histórias em quadrinhos, cinema e séries.