“Mágico Vento“, criação máxima de Gianfranco Manfredi e lançado originalmente pela Sergio Bonelli Editore, retorna com material inédito pela Mythos Editora, que o lança em formato italiano, compondo uma minissérie em quatro partes.
O personagem bonelliano foi o terceiro a ganhar publicação pela editora brasileira, após os clássicos “Tex” e “Zagor“. O primeiro número foi lançado em 2002, seguindo firme nas bancas até a conclusão do título na edição 131, publicada por essas bandas em 2013. Nesse meio tempo, outras investidas da Mythos como “Dylan Dog” e “Martin Mystère” ficaram pelo caminho, mostrando que a base de fãs de Ned Ellis, um soldado acolhido por uma tribo indígena após um acidente e que assume o papel de xamã, e seu companheiro Poe era fiel e suficientemente numerosa.
O encerramento de “Mágico Vento” foi uma opção criativa do próprio Manfredi, dando assim um fecho calculado pro título. Desde então, diversas republicações mantiveram o personagem em destaque, incluindo uma reedição em cores que começou a sair no Brasil semestralmente a partir de 2017 como graphic novel deluxe, já tendo alcançado 7 volumes.
Em 2015, Manfredi surpreendeu os fãs ao anunciar que retomaria Mágico Vento numa minissérie em 4 partes, partindo imediatamente do ponto onde encerrara a série principal do personagem. Lançada em 2019 na Itália, “Mágico Vento – O Retorno” finalmente chegou no Brasil em dezembro último, pela Mythos Editora, em formato italiano e papel offset, que valoriza a arte detalhista de Darko Perovic, responsável por todo o arco. A previsão é que siga publicação em ritmo mensal, contando com 100 páginas e ao preço R$ 28,90.
Mesmo que o autor previna sobre a continuidade da trama, a proposta não afasta quem não seja familiarizado com as aventuras de Ned e Poe. Aqui encontramos nosso protagonista sem poderes, vivendo numa hacienda com sua esposa no México. Mas eis que Poe aparece, trazendo o convite para uma missão proposta pelo general Crook: localizar um xamã apache, conhecido como O Sonhador, que vem mobilizando um número cada vez maior de seguidores.
Arredio, perturbado por sonhos místicos e pouco paciente para arroubos de violência alheia, Mágico Vento parte ao lado do amigo nessa jornada, que tem como ponto de partida a cidade de Tucson, onde um jornal publicara informações sobre o apache. No trajeto, entretanto, surgem os irmãos Earp, à caça de uma quadrilha de facínoras. E justo em Tucson, na noite de passagem do cometa Harley pelo céu, os caminhos de todos se cruzarão, como a encarnar os piores presságios sobre o fim dos tempos…
Manfredi apresenta um roteiro afiado, fluído; dosando as informações do arco que constrói com a apresentação de novos personagens e a ação que inevitavelmente toma a cidade de assalto. Em sua proposta de cruzar os passos de Mágico Vento com os eventos reais do ano de 1880, a parceria de Darko Perovic nos desenhos é acertada. Seu traço dinâmico e rico na composição de cenários corrabora para uma leitura imersiva, deixando o gancho para o próximo volume.
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