Criado por Pendleton Ward(criador de Hora De Aventura) e pelo podcaster Duncan Trussell, Midnight Gospel traz na Netflix uma experiência frenética, lisérgica e existencial para o fã de uma animação diferenciada.
Duas coisas precisam ser ditas sobre Midnight Gospel: não é uma versão para adultos de Hora De Aventura; tampouco é algo similar à Rick And Morty. De fato, embora a série tenha alguns pontos em comum com estas duas, ela tem uma identidade própria.
7 Anos Para Ver A Luz Do Dia
De acordo com o site Inverse, Midnight Gospel começou a ser concebido quando Pendleton Ward enviou um e-mail à Trussell, elogiando seu podcast(confira aqui as loucuras dele). Passaram-se anos até que Ward propusesse à Trussell converter o clima psicodélico de seu podcast e condensá-lo em episódios de vinte minutos de uma animação.
Embora fosse fã de Ward, Trudell resistiu à oferta, porém foi convencido com um rascunho em animatronic de Duncan e seu convidado enfrentando zumbis, inspirado em um de seus episódios sobre vício em drogas. O resultado? Está no primeiro episódio, pode conferir! E o que é melhor: tá sim na Netflix!
Podcast E O Jeito Millenial De Ser
Clancy, o alter ego de Duncan na série, é o clássico millenial: sem foco ou ambição, sonha em se tornar popular a internet com seu spacecast. Tal qual nossos usuais podcasts, Clancy procura entrevistar pessoas interessantes… que habitam os diferentes planetas do multiverso. E isso ele faz com uma máquina simuladora(que ele comprou com dinheiro emprestado da irmã).
Confira o trailer da série
Midnight Gospel traz a maluquice de Hora De Aventura elevada à enésima potência em tudo: os diferentes e bizarros universos, a tecnologia, os personagens e criaturas… No entanto, a série não fica apenas na loucura, dando espaço sutil à ansiedade de Clancy, que deixa transparecer o quanto está em fuga e em sua relação conflituosa com a irmã.
De fato, Clancy é bem fácil de simpatizar. Ele não é exatamente um perdedor que inspira vergonha alheia; ele é vulnerável, ansioso e indisciplinado. Porém é simpático, tem boas idéias e suas entrevistas são conversas informais e interessantes.
O que nos leva a outra questão:
Os Episódios
Cada episódio é basicamente um episódio do podcast de Duncan, e todas as loucuras que acontecem são um pano de fundo com uma pequena conexão com o papo. No entanto, a série não fica apenas no procedural: à medida que Clancy vai trocando idéias com diferentes pessoas do multiverso(cada uma um avatar de alguém entrevistado por Duncan na vida real), temos mais revelações sobre Clancy e seus anseios, culpas e dores.
Embora o mote sejam as entrevistas e a maluquice, Midnight Gospel dosa tudo muito bem, nunca caindo na pieguice ou indo longe demais. Ward soube dosar tudo muito bem, equilibrando tudo sem perder a intensidade.
O que pode incomodar é o fato de ter muita coisa acontecendo enquanto o papo vai se desenrolando. Se você não entende inglês, não aconselho assistir legendado. A dublagem nacional manda muito bem, então não há problema. Pode não ser também uma boa série para se maratonar, embora seja curta: oito episódios de 20 minutos, com apenas a season/series finale tendo o dobro da duração.
Haverá Segunda Temporada?
Até a conclusão desta resenha, não há informação sobre uma possível segunda temporada. De acordo com Duncan, tudo depende mais da Netflix. E até o momento, nada foi informado. O final é enigmático e não dá pra dizer se há espaço para uma nova temporada.
Conclusão
Não espere algo similar à Bojack Horseman ou Rick And Morty. Midnight Gospel é filosófico sem ser pedante, e é uma obra de arte genuína. O ritmo pode incomodar, mas nada que atrapalhe a experiência.
