Wakanda Forever, Chadwick Boseman, o Pantera Negra.
Muitas pessoas interpretam heróis, mas poucos são capazes de suportar o peso e a responsabilidade desse título. Mas Chadwick Boseman conseguiu.
A notícia do falecimento do ator no fim de semana chegou repentinamente. Lembro-me que já estava me preparando para dormir naquela noite quando saiu a notícia no twitter oficial do ator. Quando li a primeira vez, pensei que fosse uma brincadeira cruel, antes de lentamente perceber que era real. Nosso herói, nosso rei havia falecido.
Eu não posso nem começar a escrever palavras de tristeza mais significativas do que as de sua família, amigos próximos e distantes, mas sei que as reverberações de sua perda foram sentidas em todos nós, negros, que se alegraram e se nutriram do que Pantera Negra foi para nossa geração.
Representações de super-heróis negros na mídia são raras, então cada um que aparece é precioso. O Pantera Negra foi especial por causa do papel unificador que desempenhou para muitos negros em toda a histórica diáspora africana. O filme teve um elenco e uma equipe formada por todos nós: negros americanos, afro-caribenhos e africanos dos Estados Unidos, do Reino Unido, negros latinos e da própria África. Parecia um retorno ao lar, e é por isso que tantos de nós se arrumaram e foram assistir diversas vezes o filme nos cinemas.
Estávamos vendo na telona, nossas raízes, nosso povo, nossas lutas, nossas histórias.
Pantera Negra falava comigo em níveis que eu nunca havia realmente pensado. Eu tinha orgulho da minha negritude, já que essa africanidade dentro de mim era algo que raramente foi celebrada. O Pantera Negra celebrou de uma forma que fez meu coração inchar de uma nova maneira.
Wakanda Forever não é apenas uma frase para nós, negros, Wakanda Forever é uma frase para todo mundo, homens, mulheres, crianças, pessoas de qualquer cor e qualquer divisão geográfica.
Você poderia dizer que tudo no filme estava sendo feito, no fundo, para os negros, e que era uma responsabilidade que todos conheciam – especialmente Chadwick Boseman. A força silenciosa de T’Challa é uma parte importante do que faz o filme funcionar. Ele deu aos meninos e homens negros uma visão de força que não estava enraizada em conquistar, mas em servir, em amar e em proteger. T’Challa era uma visão de como ser poderoso como parte de uma comunidade e como avançar significa aceitar os erros do passado, não ignorá-los.
Penso no trabalho que ele dedicou a este filme enquanto estava doente – sua capacidade de sorrir e demonstrar tanto amor como personagem, como homem, apesar das cirurgias e da dor. Fico triste em saber que ele estava lidando com isso em silêncio. Li tudo sobre este ator incrível nesses últimos dois dias e Ele era exatamente assim; através da dor, através das dificuldades, era simplesmente uma pessoa boa.
Eu recomendaria, se você ainda não leu, o tributo de Ryan Coogler a Chadwick Boseman:
“In my meeting after watching the film, I asked Nate Moore, one of the producers of the film, about the language. “Did you guys make it up?” Nate replied, “that’s Xhosa, John Kani’s native language. He and Chad decided to do the scene like that on set, and we rolled with it.” I thought to myself. “He just learned lines in another language, that day?” I couldn’t conceive how difficult that must have been, and even though I hadn’t met Chad, I was already in awe of his capacity as actor.
I learned later that there was much conversation over how T’Challa would sound in the film. The decision to have Xhosa be the official language of Wakanda was solidified by Chad, a native of South Carolina, because he was able to learn his lines in Xhosa, there on the spot. He also advocated for his character to speak with an African accent, so that he could present T’Challa to audiences as an African king, whose dialect had not been conquered by the West.
I hope that Christopher Reeve was there to welcome Chadwick Boseman up in the real-life superhero Valhalla, and Boseman is now getting to see how much love he brought into this world. He will never be forgotten.”
Tradução:
“Na minha reunião após assistir ao filme, eu perguntei ao Nate Moore, um dos produtores, sobre o idioma. “Vocês inventaram?” Nate respondeu, “é xhosa, língua nativa do John Kani. Ele e Chad decidiram fazer a cena daquele jeito no set, e nós fomos na onda.” Pensei comigo mesmo. “Ele memorizou as falas em outra língua, naquele dia?” Eu não conseguia conceber o quão difícil deve ter sido, e ainda que eu não tenha conhecido o Chad, eu já tava maravilhado com sua capacidade como ator.
Descobri depois que houve muita discussão sobre como T’Challa soaria no filme. A decisão de ter xhosa como a língua oficial de Wakanda foi consolidada por Chad, um nativo da Carolina do Sul, porque ele foi capaz de memorizar as falas em xhosa, ali mesmo. Ele também defendeu que seu personagem falasse com sotaque africano, para que ele pudesse apresentar T’Challa ao público como um rei africano, cujo dialeto não havia sido conquistado pelo ocidente.
Eu espero que Christopher esteja lá para dar as boas-vindas à Chadwick Boseman no Valhala dos super-heróis, e que Boseman esteja vendo o quanto de amor ele trouxe ao mundo. Ele nunca será esquecido.”
Um dos últimos momentos do Boserman em público foi ele falando de sua vida. Em abril de 2020, ele postou um vídeo no Instagram celebrando o #JackieRobinsonDay, anunciando uma parceria entre o ex-CEO da Legendary Entertainment, Thomas Tull, e o fabricante de roupas cirúrgicas FIGS. Essa parceria se chamaria “Operação 42”, que incluía uma doação de US $ 4,2 milhões em equipamentos médicos para as comunidades negras mais afetadas pelo coronavírus.
Por causa da pandemia, o dia do evento foi remarcada; em uma estranha reviravolta do destino, para ser celebrado em 28 de agosto, o mesmo dia em que Boseman faleceu. Embora Boseman seja lembrado por sua representação icônica do Pantera Negra, isso por si só já nos lembrará para sua importância de que ele era mais do que apenas um super-herói da Marvel. Ele era um herói por direito próprio e que agora vive dentro de nós.
Wakanda Forever, Chadwick Boseman.
Equipe do Quinta Capa.
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