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Ozzy Osbourne: O Fim do Expediente do Príncipe das Trevas

Uma homenagem ao legado, ao caos e ao coração do eterno Príncipe das Trevas.

Ozzy
O fim do Rei.

Sempre houve uma piada sombria no ar: Ozzy Osbourne sobreviveria a todos nós, movido a uma combinação de teimosia cósmica e substâncias que fariam um cientista chorar. Ele enganou a morte tantas vezes que parecia que ela tinha virado fã e estava apenas esperando para pegar um autógrafo. Hoje, a piada acabou. O homem que era sinônimo de sobrevivência contra todas as probabilidades finalmente bateu o ponto. E o silêncio que se instalou é ensurdecedor.

Para prestar a devida homenagem a John Michael Osbourne, é preciso entender que seu amor pelo metal não era uma escolha de carreira; era uma condição de sua existência. Nascido na fuligem industrial de Birmingham, ele era um pária predestinado ao fracasso. A música não foi um plano B; foi a única porta de saída de um prédio em chamas.

E que som saiu por essa porta. No Black Sabbath, ele não era o músico mais técnico. Longe disso. Tony Iommi era os dedos de ferro, Geezer Butler era a alma poética e sombria, Bill Ward era o trovão. Ozzy? Ozzy era o nervo exposto. Sua voz, aquele lamento icônico e desesperado, era a sirene que anunciava a chegada dos monstros criados pelos riffs de Iommi. Ele não era um cantor de metal. Ele era o metal em sua forma mais humana, falha e visceral. Sua importância não está nas notas que ele alcançava, mas no pavor e na honestidade que ele transmitia em cada uma delas.

O Legado: Um Brinde aos Desajustados

A mudança de paradigma que Ozzy nos deixou é seu maior legado. Ele pegou a escuridão, o medo e a alienação – sentimentos que todos nós temos, mas que a sociedade nos ensina a esconder – e os colocou no centro do palco, sob um holofote roxo. Ele deu a milhões de jovens de camisa preta ao redor do mundo uma permissão tácita: a permissão para serem esquisitos, para não se encaixarem, para admitirem que o mundo às vezes é um lugar assustador.

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Ele nos ofereceu companhia na escuridão. E por isso, seremos eternamente gratos.

Sua carreira solo e a subsequente transformação em um ícone da cultura pop com “The Osbournes” não diminuíram esse legado; apenas o tornaram mais complexo e mais humano. O mesmo homem que personificou o terror para uma geração de pais, se revelou um velhinho confuso que amava seus cachorros e não sabia ligar a TV. E essa foi sua subversão final: mostrar que dentro de cada Príncipe das Trevas, existe um ser humano resmungão e adorável.

E agora, ele se foi. O homem que mordeu o morcego, o Madman, o sobrevivente, o pai, o Príncipe. O barulho que ele criou com o Sabbath e com sua carreira solo ecoará para sempre nos fones de ouvido de cada desajustado que precisa de um hino. Mas o silêncio que sua partida deixa é profundo.

O mundo não perdeu apenas um músico. Perdeu seu mais improvável e amado monstro. Perdeu a prova viva de que é possível cair mil vezes e se levantar mil e uma, geralmente rindo. O mundo ficou mais quieto hoje. E bem mais sem graça.

Descanse em caos, Príncipe. Você mereceu.

 

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.