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Quarteto Fantástico: A História Secreta de Por Que Eles São os Mais Importantes da Marvel (e o Desafio do Novo Filme)

Uma análise crítica da importância fundamental da Primeira Família, os desastres no cinema e a última chance de redenção com 'Primeiros Passos'.

Quarteto Fantástico
Marvel Studios

No panteão dos super-heróis, há deuses, supersoldados e bilionários com tempo livre. E há uma família disfuncional que discute sobre quem vai lavar a louça depois de socar um monstro interdimensional. Essa família é o Quarteto Fantástico, e sua importância para os quadrinhos é tão colossal quanto o ego do Doutor Destino. Com um novo filme, “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos”, que estreia essa semana, a pergunta não é “será que vai ser bom?”, mas sim “será que finalmente vão acertar?”.

A Gênese: Uma Revolução Chamada “Humanidade”

Quarteto Fantástico
Reprodução (Marvel Comics)

Em 1961, o mundo dos quadrinhos era dominado por arquétipos perfeitos. Heróis eram escoteiros com superpoderes, moralmente incorruptíveis e sem problemas mundanos. Então, Stan Lee e Jack Kirby chutaram a porta com o Quarteto Fantástico.

A origem é clássica da ficção científica da Guerra Fria: o brilhante (e arrogante) cientista Reed Richards, sua namorada (e gênio por mérito próprio) Sue Storm, o irmão esquentadinho dela, Johnny Storm, e o piloto pé no chão Ben Grimm roubam um foguete para ir ao espaço. Eles são bombardeados por raios cósmicos e, em vez de morrerem de uma forma horrível, ganham poderes.

Mas a genialidade não estava nos poderes. Estava no que veio depois:

  • Eles não usavam máscaras: Eram celebridades com problemas reais. O Coisa (Ben Grimm) não podia simplesmente tirar o “uniforme”; sua aparência monstruosa era uma tragédia permanente.
  • Eram Falhos: Reed era academicamente brilhante, mas socialmente um desastre, muitas vezes negligenciando sua família em nome da ciência. Johnny era um playboy impulsivo. Eles discutiam, guardavam rancor e, o mais importante, tinham que pagar as contas do Edifício Baxter.
  • Família em Primeiro Lugar (Teoricamente): O núcleo da equipe não era um ideal de justiça, mas um laço familiar. Eles eram exploradores e cientistas antes de serem “super-heróis” no sentido tradicional.

Em suma: Lee e Kirby injetaram humanidade e melodrama em um gênero que estava se tornando estéril. Eles criaram personagens que eram “super”, mas, acima de tudo, eram “humanos”.

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Quarteto
Marvel Comics

A Importância Cósmica: Os Arquitetos do Universo Marvel

Se o Quarteto Fantástico fosse apenas uma família que briga, sua importância seria limitada. O verdadeiro legado deles é o universo que construíram. Eles não apenas habitavam o mundo; eles o expandiram exponencialmente.

Pense no Quarteto Fantástico como o Cristóvão Colombo (só que com mais ética, esperamos) do Universo Marvel. Foram em suas páginas que surgiram:

  • Doutor Destino: Não apenas um vilão, mas o arqui-inimigo definitivo. Um monarca déspota, um gênio científico e um feiticeiro que rivaliza com Reed Richards em intelecto e ego. Ele não quer apenas roubar um banco; ele quer provar sua superioridade e dominar o mundo.
  • Os Skrulls: A raça de alienígenas metamorfos que se tornaria a base para sagas inteiras como “Invasão Secreta”.
  • Galactus e o Surfista Prateado: A introdução do “cósmico” em sua forma mais pura. Não era um alienígena querendo conquistar a Terra; era uma força da natureza, um Devorador de Mundos cuja moralidade estava além da compreensão humana. Isso elevou a escala das ameaças a um nível existencial.
  • Pantera Negra e Wakanda: Sim, o primeiro super-herói negro mainstream dos quadrinhos americanos foi introduzido em uma revista do Quarteto Fantástico.
  • Os Inumanos, a Zona Negativa, o Vigia… A lista é interminável. Eles eram o motor criativo que estabeleceu os pilares do lado cósmico e científico da Marvel. Para saber mais clica aqui.

A arte de Jack “The King” Kirby foi fundamental aqui. Seus designs grandiosos, sua energia crepitante (o famoso “Kirby Krackle”) e sua imaginação sem limites deram vida a esses conceitos de uma forma que ninguém jamais havia feito.

A Maldição do Cinema e os “Primeiros Passos” para a Redenção

Quarteto
Reprodução (Youtube)

Então, se eles são tão importantes, por que os filmes são… bem, vamos ser gentis… esquecíveis?

  1. Os filmes de 2005/2007: Capturaram um pouco do tom de comédia familiar, mas erraram no alvo. Viraram uma sitcom de ação, sacrificando a escala cósmica e a profundidade da exploração científica em favor de piadas e um Doutor Destino que parecia um executivo de negócios malvado.
  2. O desastre de 2015 (“Fant4stic”): Uma reação exagerada ao tom anterior. Tentaram fazer uma versão “sombria e realista” de personagens que são inerentemente otimistas e fantásticos. O resultado foi um filme sem alegria, sem química e que fundamentalmente não entendeu que o Quarteto Fantástico é sobre uma família de exploradores, não sobre um projeto militar que deu errado.
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Eis que chegamos a “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos”. O título por si só é uma declaração de intenções. Não é uma história de origem sombria, mas os primeiros passos em uma jornada maior. A estética retrô dos anos 60, sugerida no material promocional, é um aceno genial à era de ouro de Lee e Kirby.

O que o novo filme precisa fazer para quebrar a maldição?

  • Abraçar o Fantástico: Chega de tentar ancorá-los em uma realidade cínica. O filme precisa ter a coragem de ser estranho, cósmico e maravilhoso. Queremos ver a Zona Negativa, queremos designs “Kirbyanos”, queremos otimismo científico.
  • Focar na Família: A dinâmica entre os quatro é o coração da história. As discussões, o afeto, a rivalidade e o apoio mútuo. Se a química entre Pedro Pascal, Vanessa Kirby, Joseph Quinn e Ebon Moss-Bachrach funcionar, metade da batalha está vencida.
  • Um Doutor Destino Digno: Por favor, sem mais empresários ou blogueiros com superpoderes. Precisamos do monarca latveriano, do gênio supremo, do ego em pessoa.

A grande questão, e o contraponto necessário, é: um conceito tão enraizado no otimismo científico e na dinâmica familiar dos anos 60 pode ressoar com o público cínico de 2025? Ou será que essa fuga para um retrofuturismo esperançoso é exatamente o que a cultura pop precisa agora?

O desafio de “Primeiros Passos” não é apenas fazer um bom filme. É restaurar a honra da Primeira Família da Marvel e finalmente mostrar ao grande público por que, sem eles, o universo que amamos simplesmente não existiria.

Afinal, a terceira (ou quarta, ou quinta… já perdi a conta) vez é que dá certo. Certo? Semana que vem tem resenha.

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.