J.R.R. Tolkien ainda tem uma vasta legião de fãs que consomem e querem saber sempre mais sobre sua épica Terra-Média. Finalmente chegou ao Brasil livro então inédito que busca fornecer novos detalhes sobre o celebrado mundo da fantasia.
Já se passaram mais de 80 anos desde que o Hobbit foi publicado. Tolkien morreu em 1973, mas os trabalhos escritos por ele continuaram a emergir através de uma espécie de necromancia: seu filho, Christopher, passou décadas examinando, revisando, pesquisando as histórias, cartas, manuscritos e rascunhos deixados por seu pai. Assim como Silmarilion, Filhos de Húrin e Contos Inacabados, nasceu A Queda de Gondolin.
O novo livro contém material que está entre os mais antigos já produzidos por Tolkien. A história que compõe a Queda de Gondolin foi montada pela primeira vez em 1917, quando ele se recuperou da Batalha do Somme na Primeira Grande Guerra Mundial. Mas permaneceu inacabado e inédito até ano passado.
Tolkien dividiu sua mitologia em três grandes contos: Beren e Lúthien; Os Filhos de Húrin e A Queda de Gondolin.
É, portanto, o último livro resgatado dessa série, e tal como os demais meticulosamente editado e montado por Christopher e publicado para que o mundo possa explorar as minúcias do mundo imaginado pelo autor. Mas também será o último: seu filho escreve no início de A Queda de Gondlin que não publicará mais. Lembrando que ele é um senhor de 94 anos.
E qual adequado para o fim dessa mitologia A Queda de Gondolin é. A história se passa milhares de anos antes dos eventos de O Senhor dos Anéis, narrando a saga de Tuor em busca da cidade secreta de Gondolin, a cidade dos sete nomes, local onde se refugiou o povo élfico que escapou ou fugiu do domínio de Morgoth. Governada pelo Rei Turgon, Gondolin é protegida dos olhos de viajantes e para encontrá-la é necessário muito mais do que sorte ou boa orientação geográfica.
Como sempre e para não estragar a narrativa, o livro retrata um mundo habitado pelos mais terríveis monstros já criados por Tolkien: Os Balrogs, criaturas flamejantes carregando chicotes flamejantes que são familiares até mesmo para o fã mais casual de O Senhor dos Anéis. Eles aparecem de maneira impressionante: organizados como um enorme exército, espalhando fogo e morte em nome de seu misterioso e atraente mestre. E isso é apenas uma parte do espetáculo. Mesmo em meio às complexidades da montagem e dificuldades do livro – há bastante cenários esplêndidos e uma prosa linda que os leitores encontram até o fim da história.
É importante frisar que o livro não é realmente uma história com começo, meio e fim; mas uma compilação com várias versões. Particularmente, isso não afeta muito o leitor, pois contém algumas descrições fascinantes, revelando um Tolkien inspirado em diversas passagens da obra. O defeito, porém, é o final, inconclusivo, o que pode decepcionar alguns leitores.
Christopher é capaz apenas de nos dar trechos do que poderia ter vindo depois, de acordo com as anotações de Tolkien. Ler esse livro é como cavar e escavar: você precisa juntar as coisas, correr contra becos sem saída, aproveitando cada linha e entendendo que existem múltiplas possibilidades; sem se contentar com a facilidade de uma resposta definitiva.
O livro conta com desenhos do sublime Alan Lee, retratando eventos da história e contribuindo com referências visuais para narrativa.
Veredito
Montar essa grande cidade e o resto da história é uma função que vou deixar para você, o leitor. Mas há muito para preencher essas lacunas vazias sobre Gondolin. Este livro pode tornar a visão de J.R.R. Tolkien completa, mas sua criação está longe de terminar.
A Queda de Gondolin (2018)
Autor: J. R. R. Tolkien (Autor), Alan Lee (Ilustrador)
Editora: HarperCollins; Edição: 1ª (30 de agosto de 2018)
Tradução: Reinaldo José Lopes (Tradutor)
Páginas: 288.
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