No volume 02 de Lazarus, Greg Rucka aprofunda a sua trama de um futuro apocalíptico, onde famílias são a fonte do poder global, trazendo o lado humano desse mundo devastado e informações sobre o passado de Forever Carlyle.
É inegável que mundos devastados dão vida a ótimas histórias. Sejam elas envolvendo zumbis, como em The Walking Dead, seja tratando sobre a escassez de recursos. Em Lazarus, nos foi apresentado um mundo devastado, onde os bens de produção e a riqueza estão concentrados em famílias, que são os verdadeiros governos, com poder para determinar quem vive e quem morre. Se você trabalha para eles é chamado de servo, caso não seja um felizardo, será apenas refugo, o resto.
O volume 01 nos apresentou a família Carlyle, mostrando que essas organizações precisam de indivíduos que os defendam. No caso, a narrativa era concentrada em Forever Carlyle, a mortal protagonista dessa trama envolvendo relações de poder em um mundo destruído.
Porém, se no primeiro volume de Lazarus o foco era as intrigas e as relações de conflito entre as famílias, o volume 02 aprofunda o conhecimento que temos desse mundo, sendo que grande parte da narrativa é focada em uma família de servos que perdeu tudo e tentará a sorte em uma seleção dos Carlyle, que envolve milhões de indivíduos.
E focar nos indivíduos comuns desse mundo é o grande acerto do roteirista Greg Rucka, pois a trama se torna mais interessante ao conhecermos o lado humano nessa busca por sobrevivência.
O volume 02 é acertadamente chamado de Ascensão, mostrando que os personagens começarão de baixo até alcançar algo acima. No caso da família de servos, eles perderão tudo, inclusive a vida de seus membros, tentando passar em uma seleção que pode dar um futuro mais confortável apenas para alguns.
Porém, a trama também trata da ascensão de Forever, já que nos é revelado seu passado quando criança, onde acompanhamos seu treinamento. É inegável que essa parte envolve muitos clichês. Porém, como Rucka é um hábil narrador, a trama do passado não se torna maçante e nem arrastada, jogando luz sobre a personagem principal enquanto, no presente, ela começa a receber mensagens afirmando que ela pode não ser uma Carlyle, tendo que lidar enquanto isso com um ataque terrorista promovido pela organização Os Livres à seleção dos novos servos.
Apesar do volume 02 trazer muitos elementos e revelações, a trama de Rucka tem muito ainda para contar, já que ainda nem sabemos quem são todas as famílias que mandam no mundo e como a situação do planeta está tão degradante, tendo o poder caído na mão de tão poucos, fazendo com que esse volume seja uma leitura que empolga o leitor a continuar acompanhando a trama de Lazarus.
E se a história tem um bom roteirista a frente, os desenhos não ficam atrás. Michael Lark é a escolha acertada para Lazarus. Com um traço econômico quando olhado de longe, mas detalhista ao nos aproximarmos, onde podemos ver o cansaço nos olhos de alguns personagens, o mundo de Lazarus é belamente (se é que se pode chamar toda a destruição que passa o mundo de belo) retratado.
Isso tudo auxiliado pelas cores de Santi Arcas, que investe pesado no cinza e preto quando a trama se passa no mundo exterior, contrastando com o azul das salas de interrogatório dos Carlyle ou com ambientes de cores mais vívidas quando há membros da poderosa família. O trabalho de arte merece todos os elogios e mantém a qualidade do volume 01.
Essa resenha foi feita com base no encadernado capa cartão da Devir, já que a editora está lançando em dois formatos, capa dura e cartão, tendo duas faixas de preço, o que é um acerto. Porém, o encadernado conta com as capas originais apenas, fazendo falta uma biografia para aqueles que querem conhecer mais dos autores.
Com dois volumes publicados em 2018, a editora Devir acertou ao trazer para o país esse excelente trabalho de Greg Rucka e Michael Lark, mesmo que o encadernado careça de pelo menos uma biografia dos autores. Pois o volume 02 de Lazarus aprofunda a personagem principal e nos traz o que faltava no volume inaugural: o lado humano de quem vive em um mundo devastado e dominado por tão poucos.
Ficha técnica:
Capa dura: 128 páginas;
Editora: Devir;
Lançamento: novembro de 2018;
Dimensões do produto: 26 x 16,6 x 1 cm (capa mole) / 26,2 x 17,2 x 1,2 cm (capa dura);
Preço de capa: R$ 55,00 (capa mole) e R$ 70,00 (capa dura).
