Não deixe de conferir nosso Podcast!

Resenha | Lazarus vol. um (Greg Rucka e Michael Lark)

Texto por Thiago Ribeiro

Histórias com futuros distópicos são abundantes na cultura pop. Sejam aqueles desencadeados por pragas que dizimam a humanidade, sejam aqueles que tratam acerca da escassez de recursos naturais, gerando uma luta pela sobrevivência onde o ser humano se torna o principal inimigo do próximo.

No caso, Lazarus, trabalho do escritor americano Greg Rucka para a editora Image, aborda esse segundo tipo de futuro decadente, o da escassez de recursos. Porém, Rucka traz para a história um ponto pelo qual o roteirista já é muito conhecido: as tramas de conspiração envolvendo relações de poder.

No mundo onde se passa Lazarus, o mundo está dividido não em países ou ideologias, as relações de poder orbitam diretamente no poder econômico, e essa riqueza está em posse de algumas famílias poderosas. Se o indivíduo faz parte da família, ele é alguém. Se presta serviços à família, ele estará protegido. Porém, se ele está fora dessa relação, ele é considerado refugo (aquilo que é posto de lado, ou seja, o resto).

Dentro dessas poderosas famílias, há indivíduos que são agraciados com modificações genéticas, treinamento e recursos. Eles são os agentes definitivos. As espadas e escudos que as famílias usam para se proteger de outras famílias rivais. Daí que surge o nome Lazarus, personagem bíblico que Jesus Cristo ressuscitou. Ou seja, esses agentes são quase imortais.

Resultado de imagem para imagem Lazarus Greg Rucka

Na trama do volume 01, acompanhamos Forever, agente da família Carlyle, lidando com um ataque à uma base em que, talvez, a família rival Morray possa estar envolvida. Para evitar uma guerra entre as duas entidades, Forever vai investigar o ocorrido e até mesmo entrar no território dos seus rivais.

LEIA TAMBÉM:  Panini anuncia seus próximos lançamentos da Bonelli na CCXP

No primeiro momento, a história parece simples e direta. Porém, a trama de conspiração e traição conquista o leitor, sendo o grande mote desse volume um. O texto de Rucka conta com ótimos diálogos, não sendo nem muito expositivo, nem rápidos demais. O autor faz a trama andar como se aquilo ocorresse em tempo real. Não há flashbacks e nem explicações para o porquê o mundo estar naquela condição.

Outro ponto que Rucka sempre trabalha está presente em Lazarus: as personagens femininas fortes. Isso já se apresenta logo pela escolha da personagem principal. Porém, mesmo Forever sendo a assassina em nome da família, sendo tratada como filha pelo patriarca dos Carlyle, isso se deve mais a uma relação de controle por parte do chefe da família. Esses detalhes, além da relação de Forever com os “irmãos”, traz o sentimento de traição iminente para a história. E, sim, há muitos momentos em que o tapete da personagem é puxado pelos próprios Carlyle.

Resultado de imagem para imagem Lazarus Greg Rucka

Os desenhos ficam por conta de Michael Lark, que já trabalhou com Rucka em Gotham Central, e é conhecido pela sua passagem em Demolidor ao lado de Ed Brubaker. Lark é auxiliado por Stefano Gaudiano, parceiro costumaz do desenhista. e Brian Level. Os desenhos casam perfeitamente com a proposta do quadrinho, envolvendo momentos de ação e conflito de personagens. E é importante destacar a qualidade do trabalho de arte ao expressar o semblante dos personagens, mostrando a raiva ou desconfiança no rosto deles sem que o autor use de linhas características nas bochechas dos desenhos.

O trabalho do colorinista Santi Arcas também é outro ponto positivo da obra, onde as cores sóbrias e escuras dão o tom de desolação do universo de Lazarus. Até mesmo quando há uma cena de um banho de piscina, com colorização azul, o sentimento que dá é que aquele ambiente é errado frente aos cenários mais escuros e cinzas.

LEIA TAMBÉM:  Resenha: O espetacular Homem-Aranha 16 - A conspiração do clone

Lazarus foi lançado pela editora Devir em maio de 2018, com capas cartão e dura (exclusivo da rede Amazon). A edição publica as 04 primeiras edições do título americano e um preview publicado nos Estados Unidos pela Image. Talvez,  essa decisão em publicar em dois formatos de capa seja a mais acertada, afinal, Lazarus vol. 01 conta com apenas 104 páginas e, apesar de ser uma ótima história e ponto de partida para a série, não é um material tão marcante que mereça ser lançado exclusivamente em capa dura.

Também se deve destacar a acertada decisão da Devir em lançar o preview e a primeira edição americana no site de quadrinhos digitais Social Comics. Mostrando a intenção da editora em investir na obra, apresentando a um público que acompanha quadrinhos on-line.

Resultado de imagem para imagem Lazarus Greg Rucka

Contando com um ótimo roteiro que apresenta os seus personagens, mostra a relação de poder em que aquele mundo está envolto, instiga o leitor a acompanhar Lazarus para saber os próximos movimentos nessa grande conspiração e tem uma arte que casa perfeitamente com a proposta, Lazarus vol. Um da Devir é uma excelente escolha para os leitores que curtem tramas de conspiração em mundos decadentes, tornando-se uma agradável leitura.

Ficha Técnica:

Publicado em maio de 2018.

Capas: Cartão e Dura.

Preços: Capa Cartão (R$ 39,90); Capa Dura (R$ 54,90);

104 páginas.

Formato: 17 x 26 cm

 

 

Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.