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Resenha: Metric – Art of Doubt (2018)

Metric é uma banda canadense  que com outras bandas alternativas criaram o cenário musical indie naquele país nos anos 2000. O indie rock é uma faceta musical que a maioria das pessoas relaciona com letras duras, depressivas e até enfadonhas.

 

Metric não se encaixa em nada do que falei acima. Com 20 anos de carreira, seis álbuns, os caras finalmente estão de volta com o “Art of Doubt”.

Por mais vasta que seja a cena canadense e inúmeros sejam os projetos que lá foram montados apenas na última década, poucos são capazes de igualar a mesma maestria e o sentimento como Metric. Mesmo que hoje a banda não seja nem metade da imensa formação que fora em um passado recente, a força da outrora banda ainda reverbera.

 

Seu lançamento foi agora, dia 21 de setembro pelo selo MMI/Crystal Math Music.

 

O álbum começa com “Dark Saturday”, o estilo crocante e distorcido de guitarra é uma característica marcante da banda junto com seus sintetizadores. É uma música que faz o Metric voltar às sua raízes, lá pelos anos 90. A música tem um ritmo bem sincopado, sabem o que é isso? A execução da música não é rápida e vem com o mesmo ritmo do começo ao fim. A letra quer nos dizer que devemos brilhar do nosso jeito, mesmo se estivermos nos dias ruins e escuros. Ela também mostra para o ouvinte que sempre existirá alguém para segurar nosso mão.

 

 

“Love You Back” imediatamente faz o ouvinte lembrar da marca do Metric, a combinação sintetizador/guitarra – a música é suave, porém é super sinistra e com linhas que lembram músicas góticas da Europa. A letra é sobre como devemos seguir adiante, enxugar as lágrimas do passado e sair dessa prisão. Ela também faz menções ao amor, sobre quem amamos e que às vezes isso não é tão legal assim.

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A banda dá uma volta de 360 com as faixas  “Die Happy” e não senti muita coisa nesta música, é apenas guitarras em espiral com uma letra genérica. “Now or Never Now” certamente é minha faixa preferida e a música mais melódica do álbum, lembra bastante a fase de ouro da banda e a música indie canadense, inspirada no contexto Post-Punk New Wave, lembra bastante New Order “Regret”.

 

“Now or Never Now” conta a história de como somos frágeis, porém a música tem a capacidade de mudar nossa vida. A letra é muito inspiradora, pois ela nos fala que pertencemos a nós mesmo, a coisa vai dar certo no final, mesmo a gente achando que não teremos mais força para abrir a porta para a felicidade. É como amar uma coruja, ele só irá aparecer a noite, sob as luz das estrelas.

A faixa-título pulsante e tem a melodia mais punk e New Wave do álbum. A letra soa bastante mórbida, mas a interpretação da Emily Haines é agradável, uma música que entraria fácil em qualquer trilha sonora de filme ou série. Ainda dentro do mesmo espectro sonoro chegamos em “Underline the Black”, no entanto, me pareceu um híbrido neopsicodelia – mais uma homenagem às extensas raízes da banda. Neopsicodelia é uma palavra bem difícil de falar, mas que simplesmente quer dizer que as letras serão bem ácidas e um pouco amargas sobre a vida.

 

O decorrer do álbum, Metric decola para músicas mais rápidas, letras dramáticas e que demonstram o quanto a banda fez falta para o cenário com seus sintetizadores e sempre marcante a extrema melancolia.

O álbum é um obra musical quase perfeita, por isso, prefiro que tenham a experiência de ouvir do que ficar lendo apenas o que achei dele. Por isso, vou deixar apenas a última letra como análise do meu texto, “No Lights on the Horizon”, uma canção inspirada, lenta e suave. Senti um pouco do soul na melodia. Ela fala que somos falhos, que somos culpados por todos os erros que cometemos, onde tudo parece que está caindo. Ela também fala que a pessoa certa está mais perto do que imaginamos, pessoas gentis que sempre ficará com você quando a coisa não estiver bem. Quando o horizonte estiver negro e sem esperança.

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Vinte anos, sete álbuns, canções bem tecidas, e ainda é o Metric – Emily Haines (vocal, sintetizadores, guitarra), James Shaw (guitarra, sintetizadores), Joshua Winstead (baixo, sintetizadores) e Joules Scott-Key (bateria) – ainda estão resistentes, vivos. Um dos tesouros indie pop do Canadá, o Metric ainda tem muitos truques mágicos em sua cartola musical. Não há dúvida de que Art of Doubt é mais uma prova disso. Brilhante como as pessoas que amamos.

 

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.