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Resenha | Morgan Lost Nº 02 (Chiaverroti, Freghieri & Romeo)

Morgan Lost 2 consegue manter a atenção do leitor que estava empolgado com a edição anterior e conheceu uma realidade onde há um grande culto à morte, serial killers e o entretenimento.

Capa de Morgan Lost 2
Com o lançamento através do Catarse, as editoras, mesmo com o grande espaço entre um lançamento e outro, estão conseguindo dar um tratamento aos quadrinhos Bonelli que está se tornando a regra no mercado.

Morgan Lost 2 já começa hipnótico. Mostrando uma das paixões do roteirista Claudio Schiaverotti e do personagem principal Morgan Lost: o cinema.

A primeira história – Mister Sandman – já inicia em uma sessão de filmes. E como é prazeroso ver diálogos sobre a sétima arte e como ele flui em um flerte interessante entre Morgan e Sarah, sobre quem a trama vai girar.

E essa sensação de estar imerso em um conto onírico, sendo uma mistura de sonho e pesadelo, com uma descrença maior até do que o ato de ler um quadrinho, fica até o final do primeiro conto.

Com temas fortes (assassinato e estrupo), Mister Sandman vai se tornando um pesadelo acordado vivido por Morgan Lost até o hipnótico e surreal final. Sim, o leitor vai parar, tentar entender o que aconteceu e, se possível, reler.

A arte de Giovanni Freghieri é até bem tradicional para um conto como esse, com quadros fixos demais.

Arte de Giovanni Freghierri para Morgan Lost
O jogo de cores em Morgan Lost é um diferencial na arte, mesmo que a sequência de quadros seja muito tradicional e tire muito do impacto de Mister Sandman.

Uma excelente particularidade de Morgan Lost já vista no primeiro volume se mostra muito presente aqui também: como a trama se passa em outro universo, onde a tecnologia, estética e religião egípcia são a predominância, muitas coisas mudaram em relação a nossa realidade. E os leitores vão ter um trabalho prazeroso ao comparar músicas e composições.

Comparar os dois universos se torna uma camada a mais de leitura.

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E as referências cinematográficas são outra constante que chama atenção. O leitor vai pegar citações de Viagem à lua (1902) a Laranja Mecânica (1971). Tudo em preto, branco, cinza e vermelho, pois o personagem principal é daltônico, em um jogo de cores que melhorou em comparação ao volume inicial.

E se Mister Sandman é uma trama onírica, A Rosa Negra é uma história mais tradicional. Já começa que preenche um ponto em aberto do volume anterior, que é a relação da psiquiatra Stillman com o serial killer Wallendream, o astro do rock dos serial killers, que a atormenta.

Arte de Val Romeo para Morgan Lost 2
O conceito de astro do rock dos serial killers só mostra o quanto a sociedade de Morgan Lost é voltada para cultuar a morte.

Porém, apesar de ser mais pé no chão que a anterior, com uma arte mais tradicional de Val Romeo, a segunda história já abre de forma bem fantasiosa, mostrando que essa realidade cultua a morte (algo comum, em uma mundo de influências egípcias).

Porém, os dois contos tem algo em comum: a violência de homens loucos contra o sexo feminino. Algo bem comum na psique de assassinos em série. O tema é pesado e constante em Morgan Lost.

Morgan Lost não tem como não chamar a atenção dos leitores brasileiros. É complexo e, ao mesmo tempo, simples. Porém, é uma hq que é tão implacável quando os seus serial killers, que são o sucesso dessa realidade.

Capa de Morgan Lost 2. Fabrizio de Tommaso

Ficha técnica:

  • Capa cartão, com 196 páginas;
  • Editora 85;
  • Lançamento: abril de 2021;
  • Dimensões do produto: 16 x 21 cm;
  • Preço de capa: R$ 35,00.
Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.