MINISSÉRIE SOBRE A 2º GUERRA MUNDIAL E SERES SUPERPODEROSOS É UM EXCELENTE QUADRINHO DO SELO VERTIGO
O cenário da 2º Guerra Mundial sempre foi muito explorado pelo cinema, literatura e até mesmo pelos quadrinhos. O período entre 1938 até 1945 marcou o maior conflito que a humanidade viveu, quando a Alemanha Nazista iniciou sua expansão pela Europa, com um reinado de terror que envolvia extermínio étnico e supremacia ariana. As figuras envolvidas nesse conflito constantemente, também, são retratadas através das lentes do cinema, como Winston Churchill e Hitler. Foi um período de heróis e vilões marcantes.
E é nesse contexto que ao leitor de Realeza – Mestres das Guerra é apresentado um novo elemento no conflito da Grande Guerra: pessoas com superpoderes.
Mas não quaisquer pessoas, indivíduos provenientes da linhagem real, com sangue azul. Os verdadeiros monarcas do mundo. No mundo criado pelo escritor Rob Willians, as famílias reais são formadas por indivíduos que possuem habilidades super-humanas. O interessante desse quadrinho produzido pelo selo Vertigo da DC Comics é exatamente esse: a Monarquia realmente é formada por seres únicos, quase divinos com seus poderes.
Nesse mundo, os monarcas passaram anos se abstendo de tomar qualquer atitude que influencie na vida dos humanos comuns, fazendo uma clara alusão ao período histórico onde as monarquias modernas ruíram, sendo substituídas por outras formas de governo, como o parlamento, as repúblicas democratas e o socialismo russo, fazendo com que os reis e imperadores fossem mais presenças figurativas do que agentes de governo que poderiam ditar os rumos do país.
Porém, tudo muda quando a Inglaterra passa a ser bombardeada pela Alemanha Nazista. O jovem príncipe inglês Henry, da casa de Windsor, resolve não mais se abster do que está ocorrendo no mundo e decide entrar na guerra, utilizando seus poderes para virar o jogo para os Aliados.
É inegável que o mundo criado por Willians é fantástico, porém, o leitor terá um duplo serviço pela frente, pois não só deve preencher os fatos históricos pretéritos à 2º Grande Guerra, tendo também que entender quais são os conflitos que estão sendo contados em Realeza – Mestres das Guerra. A história presente nesse encadernado publicado pela Panini Comics apresenta elementos vários como o ataque a Pearl Harbor, a guerra no Pacífico travada entre os americanos e os japoneses, a invasão alemã à Rússia comunista e como o conflito se arrastou quase em forma de guerrilha. O leitor já deve conhecer a importância dessas batalhas para saber que ali estava se decidindo o rumo da guerra entre os Aliados e o Eixo, já que o escritor está mais preocupado em contar a saga de Henry e sua família.
E que família problemática. Henry não é um herói sem desvio de caráter como a maioria das história de guerra costuma produzir. Sua compulsão em derrotar os inimigos é constantemente abalada pela sua tensão sexual para com sua irmã. Além disso, o irmão mais velho de Henry, Arthur, é um sociopata mimado e beberrão, totalmente alheio aos problemas que a guerra traz. Para coroar, o rei da Inglaterra é um verdadeiro covarde, estando ainda crente que sua ideia de não interferir na guerra poderia levar a manutenção do reinado de sua família.
Muitos temas são abordados em uma minissérie só de 06 partes. Em outras mãos, esse universo criado por Willians poderia render várias edições, mostrando outras monarquias e outros pontos de vista daquele universo. Mas essa não é a proposta da HQ. O principal ponto é a presença de seres superpoderosos que tem um direito de nascença que pode mudar o mundo e eles farão ou não uso dessas dádivas.
Outro ponto interessante, mas pouco explorado na obra é a presença da realeza japonesa, alemã e russa na trama. Em especial, a japonesa, pois seus atos realmente mudam o rumo da guerra conhecida no pacífico. Novamente, é uma pena que Realeza – Mestres das Guerra seja apenas uma minissérie. Os vilões da história, formados pelo Eixo, não são tão bem explorados quanto os monarcas ingleses. Faltou um pouco mais de detalhes desse universo riquíssimo a ser explorado.
Até a presença americana é mostrada de relance, porém, em uma passagem interessantíssima. Já que os Estados Unidos da América é uma democracia, não possuindo uma monarquia desde que se viu independente da Inglaterra, os americanos não possuem seres superpoderosos. Então, eles tiveram que criar alguns “heróis”, que lembram o arquétipo do Capitão América e outros heróis de ficção de década de 40 e 50, para serem mais figuras de propaganda.
Porém, há um escorregão na narrativa. A primeira parte abre com o bombardeio de Berlim em 1945. Porém, quando chegamos a parte 06 da trama, o conflito que estava ocorrendo em Berlim é totalmente diferente do que foi mostrado na 1º parte. É um escorregão grave que compromete um pouco a história contada.
A arte fica por conta de Simon Coleby. Os desenhos são muito estáticos, não passando ideia de movimento entre os quadros. Mas é inegável que o desenhista é perfeito para desenhar páginas que demonstram a grandiosidade do conflito, pois, mesmo não tendo movimento, os desenhos são muito detalhistas, apresentando ao leitor painéis impactantes, fazendo jus a uma história de guerra.
Tendo seu ponto fraco em apresentar um mundo riquíssimo a ser explorado, porém, executado de forma muito rápida, já que a história é fechada em 06 edições americanas apenas, Realeza – Mestres das Guerra é uma ótima história do selo Vertigo, levando o leitor a torcer para que aquele universo seja mais explorado no futuro.
Nota:
Roteiro: 08/10. O argumento da história é fantástico, junto com seus personagens. O ponto fraco é que aquele universo riquíssimo é pouco explorado, tendo seu centro apenas na família real inglesa e se passando apenas na 2º Guerra Mundial.
Arte: 07/10. Arte detalhada com cenas impactantes de guerra, utilizando de cores pesadas. Porém, o desenhista deixa os personagens muito estáticos nos quadros. Falta movimento nas cenas de ação.
Narrativa: 07/10. Roteiro e arte criam um universo fantástico. O leitor se sente impelido a saber como a 2º Guerra Mundial acabou neste mundo ficcional. Porém, a incongruência da 1º parte para com a parte 6º prejudica a trama.
Acabamento da edição nacional: 8/10. A Panini optou por vender a minissérie em encadernado único de capa cartão, sendo mais acessível ao público comum que não conhece a história. O preço é convidativo para conhecer um bom título da Vertigo.
Nota Final: 7.5/10.
Ficha técnica:
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