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Lenda do boneca da Xuxa e do Fofão vira quadrinhos

As bonecas da Xuxa e do Fofão protagonizaram as mais assustadoras histórias de terror entre crianças desde a década de 80 e, agora, elas viraram protagonistas de uma história em quadrinhos.

lenda da boneca da xuxa
lenda da boneca da xuxa

As bonecas da Xuxa e do Fofão protagonizaram as mais assustadoras histórias de terror entre crianças desde a década de 80 e, agora, elas viraram protagonistas de uma história em quadrinhos.

Nas últimas décadas do século XX a mídia propagou inúmeros casos macabros envolvendo o que seriam vítimas de cultos ou de rituais satânicos. Quer dizer, os mais diversos e terríveis crimes que teriam elementos vinculados ao que seria entendido como satanismo. Foi, praticamente, um surto coletivo. As pessoas queriam cada vez mais saber sobre o assunto e a imprensa não se fez de rogada, e trazia todos os detalhes dos mais assustadores casos.

Se você quiser saber mais sobre isso, escute o último episódio do famoso podcast “O Caso Evandro” que lá são citados inúmeros casos envolvendo satanismo e de que forma a imprensa norte-americana abordava o assunto, além de apontar como esse rescaldo sensacionalista poderia ter respingado na interpretação de crimes na realidade brasileira.

Um dos exemplos mais marcantes deste tipo de surto coletivo envolvendo não apenas um crime real, mas uma espécie de paranoia pop televisivo envolvia apresentadores de televisão populares no Brasil, especificamente infantis, o Fofão e a Xuxa.

Xuxa despensa apresentações, visto que a rainha dos baixinhos nunca perdeu sua majestade e está sempre na mídia. Fofão talvez não seja bem lembrado ou reconhecido pela maioria, mas talvez a lenda dos bonecos assassinos que eles protagonizam possa refrescar sua memória.

Tanto a Xuxa quanto o Fofão tiveram programas de televisão muito populares desde a década de 80 e ambos tiverem bonecos que foram grande sucesso de vendas. Acontece que, em algum momento, uma lenda surgiu. A boneca da Xuxa, inclusive, estampou manchetes de jornal, informando que uma criança havia sido morta após uma mãe conseguir adquirir a boneca para a filha mediante um pacto com o demônio.

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Lendas urbanas históricas 4: A boneca da Xuxa

Em todas as variações da lenda, a boneca da Xuxa ganhara vida e garras grandes ou virava um demônio enorme, de seios grandes e matava, ou a filha ou a mãe da criança. O boneco do Fofão seria algo mais discreto: algumas crianças teriam se machucado porque teriam encontrado um punhal satânico dentro do boneco.

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Nos dois casos havia o indicativo de pactos com o maligno, que os dois apresentadores teriam um pacto com o demônio para fazer sucesso e vender bonecos e, assim, obterem sucesso financeiro.

No caso da Xuxa, vira e mexe, ela ainda é vítima de preconceito religioso, sendo sempre relembrada por alguém que acusa a apresentadora de fazer gestos que seriam satânicos (como o sinal de “amor” em libras, que parece o chifrinho do demônio que fazemos com os dedos) ou estimular contato com entes infernais (como no seu filme Duendes, que seriam, na verdade, demônios). Tanto é que, poucos anos atrás a Netflix contratou a apresentadora que, num gesto de bom-humor e espírito esportivo aceitou fazer uma peça publicitária para a série Stranger Things brincando com a questão da boneca encapetada.

É um pouco por causa deste sentimento de bom humor que própria Xuxa demostrou que eu (Bernardo Aurélio) revolvi utilizar este caldo do que poderíamos chamar do mais representativo exemplo de cultura popular televisiva entranhado em nossos medos e preconceitos para criar uma história em quadrinhos sobre televisão e pacto com o demônio.

Penso que o quadrinho nacional faz pouco isso de ressignificar exemplos populares de interpretação do nosso mundo. Quer dizer, tomando por exemplo os filmes ou quadrinhos norte-americanos, nós não sabemos recontar histórias marcantes que norteiam nossa leitura do mundo. Quero dizer ainda, não é difícil encontrar nessas mídias releituras do Vietnã, do assassinato dos Kennedy, reinterpretações de clássicos, de músicas, enfim… Eles sabem usar casos ou fatos populares para criar novas histórias.

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Fazer um quadrinho brincando com essas lendas populares, mais ainda: com esses mitos urbanos, é uma forma de dialogar diretamente com um público enorme sobre um conteúdo com o qual ele saberá ler e reinterpretar, porque ele irá se reconhecer, irá reforçar uma ideia que já faz parte de um imaginário coletivo.

Por isso eu fiz esse quadrinho e por isso eu acredito nesse modelo. Não apenas contar e recontar uma lenda, mas misturá-la numa realidade cotidiana na qual poderemos nos reconhecer e nos retroalimentar.

Espero que gostem. Se quiserem ler a história que fiz envolvendo as lendas do Fofão, da Xuxa e de mais meia dúzia de personagens da televisão que marcaram minha infância, apoie meu projeto no Catarse, clicando aqui.

Você tem até o dia 03/10 para apoiar. O projeto é um coletivo meu e do meu irmão. Apoiando você estará adquirindo dois quadrinhos ao mesmo tempo.

Sou desenhista, criador do Máscara de Ferro e autor do quadrinhos Foices & Facões. Sou formado em história e gerente da livraria Quinta Capa Quadrinhos