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Resenha | Tex nº 600 (Mauro Boselli & Fabio Civitelli)

Alcançando o marco de 600 edições no Brasil, Tex se mantém como um dos títulos mais sólidos no mercado nacional, sendo o personagem, hoje, com o maior número de publicações regulares no país. Tudo isso graças aos seus bons roteiros, sua bela arte e suas histórias fechadas, mantendo a chama do gênero de faroeste nos quadrinhos acesa.

Imagem da edição fac-símele que vem junto com Tex 600
Imagem da edição fac-símele que vem junto com Tex 600.

Sejamos sinceros, quando foi a última vez que uma história de faroeste teve um grande destaque no cinema e na mídia? Se puxarmos pela memória, talvez, seja quando do lançamento, e dos vários oscars, de ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ. Mas até essa obra dos irmãos Cohen já é uma releitura moderna do espírito americano do oeste implacável.

Os mesmos irmãos Cohen tiveram que se socorrer na plataforma Netflix para lançar o seu A BALADA DE BUSTER SCRUGGS em 2018, filme excelente e episódico, mostrando várias facetas do velho oeste através de histórias fechadas dentro da película.

É dessa falta de interesse dos grandes estúdios e, talvez, do grande público que o sucesso do título Tex impressiona. Não só na Europa, como, principalmente, no Brasil.

De cabeça, podemos contar os títulos regulares de Tex no país: Tex Ouro, Graphic Novel, Em Cores, Edição Histórica, Gigante, Tex Willer, Platinum e Gold, sendo as primeiras lançadas pela editora Mythos e a última uma grande coleção em capa dura pela editora Salvat.

O número de publicações, e o público, é tão vasto que a Mythos tem lançado a coleção regular em dois formatos, sendo o “formatinho” clássico o que chega nas bancas e o formato “on demand”, sendo este publicado em formato italiano (maior) e apenas para os leitores que fazem o pedido direto no site da editora.

É com esse sucesso, e longevidade, que a edição brasileira de Tex chega ao número 600, sendo a equivalente ao número 700 na Itália, país de origem do ranger de camisa amarela.

Capa variante da edição TEX 600.
Capa Variante da edição TEX 600

Como afirmado acima, os leitores poderão adquirir essa edição tanto em formatinho, que já chegou nas bancas pelo Brasil, como no formato italiano diretamente pelo site da Mythos. Haja vista a edição comemorativa, Tex 600 veio com duas capas.

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A resenha dessa matéria foi feita com base na edição formatinho que chegou em bancas, a qual ainda utiliza papel jornal.

Capa da edição italiano de Tex 700 e arte interna.
Capa da edição italiano de Tex 700 e arte interna de Fabio Civitellli.

O que vai chamar a atenção do leitor habitual de Tex e, talvez, do casual, é que essa edição vem em cores, diferente do tradicional preto e branco adotado até aqui, sendo tal feito dedicado apenas às edições especiais do personagem.

Porém, esse é apenas um dos fatores de destaque, além do chamativo número 600 na capa. A edição também conta com o fac-símile da primeira revista de Tex lançado no Brasil lá em 1951! Mais atrativo do que isso para os leitores tradicionais e os colecionadores que estão sempre de olho em algum marco histórico é impossível.

E é esse fac-símile, de quando Tex foi chamado no Brasil de Texas Kid, que vai nos contextualizar acerca da história de Tex 600 – O ouro dos Pawnees.

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Em O Totem Misterioso, conhecemos a índia Tesah, detentora do segredo de um grande tesouro indígena e alvo de bandidos que querem roubá-los. Cabe aqui destacar que essa mesma trama foi mostrada entre as edições 1 a 4 do título Tex Willer, edições modernas que contam as primeiras histórias de Tex.

É com essa contextualização presente no fac-símile que podemos apreciar mais a história presente na edição Tex 600.

Cabe destacar que o roteiro de Mauro Boselli para a trama não é tão marcante quando uma edição 600 pediria. Porém,, a história, que se passa em dois momentos históricos, não decepciona, tendo vários elementos do faroeste clássico, como a luta contra índios inimigos, bandidos sorrateiros e várias traições. É uma revista que entretém, mas que o texto não é tão chamativo assim, sendo o grande destaque aqui a arte detalhista de Fabio Civitelli.

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Porém, se a arte é um grande destaque na edição, o mesmo não pode ser dito das cores e da forma de impressão que a edição em formatinho possui. Com várias cores estouradas e borradas, a impressão em papel jornal pode prejudicar a apreciação dessa edição. Não que comprometa, mas as cores no papel jornal parecerão várias vezes borradas. Uma pena para um novo marco que o personagem de 70 anos alcança aqui no Brasil ao chegar na edição 600.

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Em relação à edição da Mythos, tirando as várias deslizadas em relação às cores da edição no formatinho, é de se elogiar que venha acompanhado do já falado fac-símile. Importante notar o cuidado da editora em lançar esse fac-símile da mesma forma que saiu na revista Júnior em 1951, já que o mesmo contém até mesmo as propagandas da época. Como dito acima, esse brinde chama a atenção tanto dos leitores regulares quanto dos colecionadores de plantão.

Outro fator que deve ser levado em conta é que, mesmo a edição tendo duas capas, apenas a regular foi enviado para às bancas do Piauí, estado de onde esse quem vos fala escreve. Não sei informar se ocorreu em outros estados da federação, mas a Mythos perde uma boa chance de vendas e de agradar um público cativo do personagem.

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Alcançando um marco na história das publicações no Brasil, Tex chega ao número 600 mostrando vitalidade, ao nos apresentar uma boa trama, mesmo que não seja excepcional, com belos desenhos, graças à dupla Mauro Boselli e Fabio Civitelli. Uma pena que o mesmo cuidado que a editora Mythos teve ao trazer junto da edição o fac-símile com a primeira aparição de Tex no Brasil não se refletiu no cuidado com a impressão de Tex 600, fazendo com que as cores presentes no formatinho, em muitas vezes, pareçam saturadas, além do fato que alguns estados não receberam a edição com a capa variante.

Ficha Técnica

  • Capa mole, papel jornal, lombada quadrada, com 116 páginas;
  • Editora Mythos;
  • Lançamento em outubro de 2019;
  • Preço de capa: R$ 15,90 (formatinho);
  • Tamanho: 13,5 x 17,5 cm (formatinho).
Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.