Sem arte de Mike Deodato o volume 02 da saga de Thanos por Jeff Lemire perde força e termina em uma luta desinteressante, cheia de raios de luzes.
Quando o volume 01 da nova saga de Thanos foi lançado pela Panini, a nossa resenha já afirmava: “(..) se o roteiro deixa a desejar quando se trata de aprofundar as motivações dos personagens, o leitor é brindado com os excelentes desenhos do brasileiro Mike Deodato Jr. E é nesse ponto que a revista brilha. Se a trama é direta e com várias cenas de ação desenfreada envolvendo seres de nível cósmico, Deodato acerta na mão ao fazer com que Thanos mal caiba nas páginas, mostrando a imponência do vilão e sua força, mesmo estando abatido pela doença.”
Ou seja, o grande destaque dessa história narrada por Jeff Lemire eram os desenhos do brasileiro Mike Deodato Jr. A trama em si era recheada de grandiosos conflitos, esquecendo muito do desenvolvimento dos personagens, característica que Lemire sempre gosta de trabalhar em suas histórias, pois o autor usa de muitas emoções para narrar seus contos.
Infelizmente, essa escolha por trabalhar as cenas de ação em detrimento dos personagens atrapalha o volume 02 – THANOS: O FOSSO DOS DEUSES, que ainda sofre pela mudança de desenhista, já que Deodato cuida só das capas.
A história até começa promissora, com um Thanos derrotado ao fim do volume 01, sem poderes e prestes a morrer em um planeta abandonado, tendo que sobreviver de forma selvagem. Esse começo sem diálogos empolga e muito. Porém, quando o vilão é resgatado por Starfox, Nebulosa e Tryco Slstterus (personagem que surge do nada e vai pra lugar nenhum nessa fase de Lemire) para deter seu filho Thane, que possui agora a Força Fênix, a história se perde em vários clichês que só levam a cenas de ação megalomaníacas.
O roteiro cai em tantos pontos comuns que não acrescentam nada de novo a Thanos, chegando a um ponto de vermos o clichê máximo do personagem que sonha com uma outra realidade, onde o mesmo vira um herói e chega até a comandar os maiores heróis da Terra, os Vingadores. É o tipo de argumento mastigado demais nas histórias de super-heróis que não se espera de um roteirista como Lemire, que nos últimos anos despontou como um hábil autor.
Quanto aos desenhos, German Peralta não é ruim. Longe disso, o traço dele é limpo e detalhado e a sequência de quadros é fluída. Porém, não chega a se destacar nas cenas desse volume ou transformar a luta final entre Thanos e Thane em algo interessante, sendo apenas um jogo de luzes digno de um kamehameha, do mangá Dragon Ball.
O encadernado da Panini segue o mesmo padrão do volume 01, trazendo as 06 partes finais da trama e as capas originais de Mike Deodato Jr. Somente.
Contando com um roteiro que não foge dos inúmeros clichês e com desenhos que são só medianos para a trama, sendo tudo um grande conflito de energias cósmicas, a passagem de Jeff Lemire pelo título do vilão Thanos não entrega o que deveria: uma história que desenvolva o personagem, trazendo-o novamente ao centro do universo Marvel. Sendo apenas tudo um grande e desinteressante conflito contra seu filho Thane, focado apenas nas cenas de ação.
Ficha Técnica:
- Número de páginas: 132
- Editora Panini
- Lançado em setembro de 2018
- Formato: Americano (17 x 26 cm)
- Lombada quadrada
- Preço de capa: R$ 20,90
Leave a Reply