She-Ra E As Princesas do Poder estreou há uma semana(13 de novembro) no serviço de streaming Netflix, e trazendo muitas expectativas, principalmente de fãs da antiga série. Sob a perspectiva dos críticos, a série agradou, tendo 100% de aproveitamento no site Rotten Tomatoes e uma média de 4.3 no Metacritic. E nós, da Quinta Capa, não podíamos ficar de fora e maratonamos a série.
Sigam-nos os bons leitores!
Noelle Stevenson
Antes de mergulharmos na série, precisamos falar de sua showrunner. Mesmo leitores de quadrinhos podem não reconhecer seu nome, mas aqui na Quinta Capa já falamos de sua criação, Lumberjanes. Se você quer ter uma idéia do que esperar, é só conferir os encadernados da série, já que a editora Devir lançou o volume 1 e o volume 2. O terceiro já está em pré-venda na Amazon, previsto para ser lançado em 16 de novembro.
A autora, que também escreveu a série em quadrinhos Nimona(lançado pela Intríseca aqui no Brasil), já havia ganhado o Eisner de melhor série e melhor publicação adolescente por Lumberjanes em 2015. A série, que conta as aventuras de um unido grupo de amigas em um acampamento, tem muita aventura mas trata de temas como amizade e dramas familiares. Também trata de inclusão mas de forma natural e sem soar como um discurso.
E era tudo o que She-Ra, uma série que já conta com uns 30 anos, precisava para se manter relevante para o público atual.
Sinopse
She-Ra retoma o conceito básico da antiga série. Adora é uma orfã que foi adotada pela Horda, a força armada de Hordak, o conquistador de Etéria. Como uma cadete promissora, Adora quer dar o melhor de si pela Horda e estabelecer a paz, ajudando a derrotar as forças rebeldes. Porém, um acidente que a deixou perdida na Floresta dos Sussurros, a leva a descobrir um estranho poder…
Ao conhecer Cintilante e Arqueiro é que Adora passa a conhecer realidades que a propaganda da Horda escondia. E ela toma uma importante decisão.
Anos 1980 x atual
A série oitentista ainda é muito bem lembrada e há muito a comparar entre ambas as séries. She-Ra antes foi um spinoff de He-Man e Os Mestres do Universo. No original, Adam descobre a verdade sobre sua irmã gêmea, raptada por Hordak, e viaja à Etéria para conhece-la. Tudo foi mostrado no longametragem O Segredo da Espada Mágica.
Ambas as séries são marcos da animação e estabeleciam episódios do típico bem contra o mal e com lições de vida ao final. A série original ainda contava com algo que mantinha os olhos dos fãs atentos: descobrir onde o geninho estava escondido!
Entre personagens e cenários coloridos e vilões exóticos, She-Ra ainda se destacava em ser a heroína em um cenário dominado pelo mal, diferente do seu irmão.
A série atual preserva muito da antiga, mas deixa de fora a conexão com He-Man. She-Ra e As Princesas do Poder adiciona muitos elementos para tornar a série independente e atualizada. Ela não deixa de ter bastante fanservice: fãs vão querer ver como cada personagem foi adaptado para a nova série. E se você piscou, vai perder o Geninho!
Embora ambas as séries adotem um visual colorido, a diferença principal é no design: se mantendo fiel à representatividade, vê-se logo a representação de diferentes etnias e tipos físicos entre os personagens, completamente diferente da série antiga(ver imagens acima). A referência LGBTQ também está presente e tratada de forma sutil e natural, sem servir ou ser parte da trama. Apenas como algo que acontece e está lá, algo que Steven Universo já fez de forma similar. Vai haver oportunidade pra “shippar” algumas duplas também!
Outro fator interessante se refere aos segredos por trás do poder de She-Ra. O desenvolvimento e as explicações a respeito de Adora e o poder que estava destinado a ser seu vão sendo liberados aos poucos e no tempo certo. A temporada ainda termina com algumas questões em aberto, afinal de contas é preciso ter mais conteúdo para uma possível segunda.
Quanto à própria She-Ra, a personagem não é infalível. Enquanto no original ela salvava o dia sempre que aparecia, aqui ela também dá espaço para os outros poderem brilhar. Afinal de contas, o nome da série é She-Ra e AS PrincesaS do Poder, e todos os personagens tem muito a contribuir, sem diminuir o protagonismo de Adora.
Os vilões
Essa é a cereja do bolo que é She-Ra. Sempre bons visualmente, os vilões da série clássica eram os típicos vilões da década de 1980. Já aqui, sua maldade tem um pouco mais de conteúdo e é possível simpatizar com alguns deles.
Scorpia, por exemplo, é visualmente uma brutamontes carismática, porém bobinha. A personagem oferece algumas surpresas em relação ao seu passado dela e ela se mostra bem cooperativa e próxima à Felina, diferente de sua antecessora.
Sombria é a segunda em comando de Hordak e é uma manipuladora sinistra e abusiva. A série também lança um pouco de luz(perdão pela ironia) no passado da personagem.
Outra surpresa é a própria Horda. Os soldados dela não são apenas aqueles robôs que a She-Ra arrebentava. Embora usem máquinas, boa parte da infantaria é composta de pessoas e não digo isso levianamente: são pessoas comuns, com aspirações comuns e sentimentos e não um bando de estereótipos.
Hordak aparece pouco e ainda não vimos quase nada do que ele é capaz. Na segunda temporada, quem sabe. Porém, nesta primeira é outra pessoa quem merece brilhar.
Felina
Antigamente a arqui-rival de She-Ra, aqui Felina sobe a outro patamar. Inicialmente sendo a típica amiga maluca de Adora, a personagem e sua relação com a protagonista seguem rumos cada vez mais interessantes. E não há como não amar a personagem.
Adora e Felina cresceram juntas no ambiente hostil da Horda e sempre tiveram uma à outra. A separação de ambas dá início a uma grande jornada: Adora, seguindo seu destino para se tornar uma heroína; e Felina, para se tornar algo muito mais do que a amiga da Adora. E é no momento de separação que ela cresce…e não há como não simpatizar com seu sofrimento, seus sentimentos contraditórios em relação à Adora e o tratamento abusivo ao qual ela é submetida enquanto cresce.
As Princesas
Com algumas exceções, elas representam um grande ponto fraco da série. Em sua maioria, representam um estereótipo bobo. Perfuma é bem hippie e Serena é a típica entediada com um rosnado de chateada irritante.
Cintilante, por ser personagem recorrente, é dada mais atenção. Por ser filha da rainha de Lua Brilhante, ela sempre está disposta a provar o seu valor pela rebelião. O Arqueiro está sempre ao seu lado para tira-la ou ajuda-la a entrar em encrencas.
Gélida é uma grande surpresa, lembrando muito Lyanna Mormont, de Game of Thrones. Embora seja responsável pelo próprio reino, ela ainda é uma criança, porém bem mais madura do que a maioria dos personagens.
Embora estejam do lado do bem, nenhuma delas é perfeita e por vezes tomam atitudes reprováveis. A série destaca o quanto estas atitudes podem se voltar contra elas…e nem toda princesa está do lado dos anjos…
Outros personagens
Fora as princesas e os vilões, temos poucos personagens dignos de nota.
Madame Rizzo(Raz no original) aparece em apenas um episódio para guiar Adora. Mostra-se uma senhora excêntrica mas que sabe bem mais do que parece. Sua aparição é um festival de fanservice.
O Arqueiro é o amigo fiel e inseparável de Cintilante e Adora. Mostra-se bem mais capaz do que seu antecessor, sendo bem mais do que um cara que lança flechas. O Falcão do Mar é um excêntrico e mala, obcecado em incendiar os barcos que pilota em nome do heroísmo. A série fez um bom trabalho em dar mais do que cor, mas um sabor especial aos personagens de She-Ra.
Pontos negativos
Embora tenha uma trama bem desenvolvida, algumas coisas acontecem de forma fácil demais para poder dar andamento à mesma. Não é algo que incomode nem ocorre com frequência, mas salta aos olhos quando acontece.
Você também vai se pegar com frequência pulando a apresentação. Infelizmente ela não ficou nem um pouco boa e a versão em português é ainda pior.
https://www.youtube.com/watch?v=ZPxY14tSz7Y
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