Theodore Robert Bundy certa vez se descreveu como “o filho da p* mais frio que você já conheceu”.
Sua onda de assassinatos entre 1974 e 1978 continua sendo uma das coisas mais loucas, aterrorizantes e triste do mundo. A pura arrogância, a autoconfiança e o desrespeito pela vida humana fizeram dele um dos seriais killers mais notáveis? da América, e seu longo julgamento por esses crimes tornou-se um dos eventos mais televisionados da história da TV. Infelizmente esse monstro virou símbolo pop naquela época.
A Netflix é a mais recente a entrar na onda do maldito do Bundy. A minissérie documental “Conversas com um Assassino: As Gravações de Ted Bundy” explora suas entrevistas gravadas com o jornalista Stephen Michaud, trazendo elementos de sua vida pessoal e examina seu julgamento e eventual morte. Ao longo dos quatro episódios, os diretores fazem um excelente trabalho em mostrar o quão desequilibrado e mau o cara era, mas não examinaram tudo e deixaram algumas coisas fora…
Há alguns buracos no enredo, e algumas coisas não são explicadas ou fechadas. Obviamente, fazer este documentário sempre seria uma tarefa difícil. Bundy era um enigma e dar respostas sobre o que ele falava é difícil; mesmo assim, essas fitas com as entrevistas com ele deixaram algumas coisas de fora da história no documentário que teria ajudado a adicionar mais contexto à sua vida de pesadelo.
10. Sua Infância
O diretor Joe Berlinger começou seu documentário mostrando brevemente algumas fotos de Ted Bundy quando jovem. Algumas fotos da família compõem a maior parte desta introdução, e há até uma discussão sobre como Ted gostava de ser o centro das atenções. Então, de repente, o foco muda para as entrevistas de Stephen Michaud quando Tedy estava no corredor da morte.
Isso deixou tudo um pouco corrido.
A educação de Bundy deveria ter tido um pouco mais de tempo na tela. Talvez os diretores se sentissem desconfortáveis com as circunstâncias misteriosas que cercavam seu pai, mas deveriam pelo menos tentar tecer sua conturbada partida na narrativa e como isso moldou seu relacionamento com Louise, sua mãe.
Há rumores que o pai do Ted foi um marinheiro desconhecido chamado Jack Worthington que Louise conheceu, mas na sua certidão de nascimento quem assina como pai foi um veterano da Força Aérea chamado Lloyd Marshall, além disso, não falaram como o pai de sua mãe, Samuel Cowell, era violento e abusava dela. Tudo isso merecia mais atenção, mas na edição ficou de fora.
9. O impacto do fora que Bundy teve na faculdade
Stephanie Brooks, mais tarde sob o pseudônimo de Diane Edwards e referida como tal por Bundy em entrevistas, era a namorada de Ted na faculdade. Enquanto a natureza confusa de seu relacionamento é examinada, há uma falta de consistência na narrativa, e os criadores do documentário não tentam amarrar a Brooks /Edwards aos assassinatos de Ted.
Isso foi um vacilo.
Veja a foto que está acima. Cada jovem compartilha algumas coisas em comum, não apenas entre si, mas com a foto de Diane mostrada na série. Os cabelos são parecidos, os sorrisos são parecidos e por anos existem pessoas afirmando que as garotas mortas serem parecidas com Diane não foi coincidência.
Bundy caçava basicamente mulheres e meninas que tinham alguma semelhança com uma que ele nunca poderia ter. O documentário da Netflix não consegue relacionar nada sobre o sofrimento de Ted, desde sua separação com Diane até sua eventual matança.
8. Ted trabalhava com prevenção do suicídio na faculdade
Fazendo algumas pesquisas mais profundas sobre o que Ted fala nessas fitas, há alguns momentos chocantes (além dos assassinatos terríveis) que pintam Bundy como um indivíduo seriamente desonesto e frio. Uma é sobre como ele começou a trabalhar no Departamento de Serviços de Emergência, uma agência preocupada em procurar mulheres jovens desaparecidas, enquanto ele se preparava para uma carreira em direito e política na faculdade.
Mais tarde, quando ele escapou duas vezes da prisão, continuava influenciar e mentir para pessoas, tanto que virou estudo de caso para o FBI, mas de alguma forma o documentário deixou isso de fora.
Ted recebia ligações de pessoas que estavam querendo se matar. E o pior, segundo seus colegas de faculdade, ele ajudava muita gente com problemas. Afundou na cadeira? Um dos assassinos em série mais malvados do mundo literalmente falava para pessoas que a vida era algo único e valeria continuar a lutar por isso.
7. Seus métodos de sequestro
O veículo que Ted Bundy usava para sequestrar as vítimas era um fusca 1968. O carro amarelo era bem popular no final dos anos 60 e início dos anos 70. Por isso que as vítimas não desconfiava muito, mas seu interior, era uma história diferente. Ted arrancou o banco de trás para facilitar o transporte de corpos.
A série fala sobre isso algumas vezes sem detalhar adequadamente como ele atrairia as pessoas para o carro.
Pelos relatos do próprio Stephen Michaud, conta que Ted pedia para as garotas sempre bonitas lhe ajudarem a colocar algumas coisas no seu fusca amarelo. Então, ele atacava. O que eles não discutem muito é como Ted também costumava fingir que estava ferido ou com dificuldade de pegar coisas no veículo para criar uma sensação de simpatia e abaixar a guarda da vítima. Não era incomum ele usar muletas, eslingas ou mancar para vender sua “dor”. Desgraçado.
Para alguns, Bundy era simplesmente um homem infeliz, ferido e encantador que precisava de ajuda. Ele usava as pessoas com seu charme para ganhar sua confiança.
6. Detalhes sobre o fascínio de Ted com a necrofilia
Ele também era um necrófilo desenfreado.
O documentário apenas toca brevemente no desejo ardente de Ted de ter contato sexual com suas vítimas falecidas. Às vezes, isso acontecia dias depois de terem sido assassinadas, e Bundy só parava quando seus corpos estavam muito decompostos para continuar. Escrever isso está bem difícil.
Talvez seja compreensível por que os diretores não se aprofundaram nas depravações sexuais vis do Ted; Seria um pouco desrespeitoso com suas vítimas se o filme se inclinasse demais em algo que Bundy adotasse. Ainda assim, é uma parte importante da história, e sua necessidade distorcida de mexer com os corpos provavelmente precisava ser melhor explicada.
Não há quase nenhuma conversa sobre como Ted cortou as cabeças de alguns que ele assassinou, aplicaria maquiagem em seus cadáveres ou escovaria os cabelos. Da mesma forma, há pouco sobre as noites que ele passou dormindo ao lado dos cadáveres depois de profaná-las.
5. Os Outros Assassinatos ligados a ele
Poucas horas antes de ser executado, e depois de anos negando toda e qualquer culpa, Bundy de repente teve uma mudança de opinião. Ele convocou uma entrevista e confessou o assassinato de 30 mulheres entre 1974 e 1978. Mesmo no documentário, fala-se que é um número relativamente pequeno (sentiu a pancada?).
Mesmo assim, não há tentativa de dar crédito aos rumores sobre outras mortes pelas quais ele estava ligado.
Ted ainda é suspeito em casos não resolvidos como o desaparecimento de Ann Marie Burr, oito anos, em 1961 (que teria ocorrido quando Bundy tinha 14 anos), as mortes das comissárias de bordo Lisa E. Wick e Lonnie Trumbull em 1966 e Rita Curran em 1971, só para citar alguns.
Em uma entrevista em 1987 com o detetive Robert Keppel, Ted disse que havia alguns incidentes que ele simplesmente não podia falar. Eles estavam “perto demais de casa” ou envolviam vítimas que eram “muito jovens”. É sempre estranho quando assassinos condenados carregam algum tipo de bússola moral embutida, que ninguém mais pode esperar entender.
4. Os rumores que ele morreu com um sorriso no rosto
Os últimos minutos do episódio quatro do documentário de Berlinger descrevem os momentos finais da vida de Ted Bundy. Ele foi executado na cadeira elétrica em 24 de janeiro de 1989, e uma grande multidão reunida (muitos deles estudantes) aplaudiram quando ouviram que ele havia sido morto.
É aqui que fica interessante. Um relatório da FOX News publicado semanas atrás, discutiu como Bundy parecia sorrir enquanto estava frito. O advogado do estado, Bob Deckle, que também está no documentário da Netflix, comenta ao ex-âncora da FOX John Wilson sobre isso. Assista aqui.
Isso não se parece com a narrativa da Netflix. Lá, o diretor Berlinger contou como uma capa preta havia sido colocada sobre o rosto de Bundy. Isso sugere que ninguém poderia ver suas expressões, mas Wilson afirma o contrário.
3. Quem foi punido pelas suas duas fugas da prisão
Ted Bundy escapou por duas vezes quando estava ainda em custódia policial, o documentário não explica quais foram as repercussões na aplicação da lei sobre isso.
Sua primeira tentativa de fuga aconteceu quando ele pulou da janela do segundo andar do Tribunal do Condado de Pitkin, em Aspen. Ted, que havia convencido a justiça a deixá-lo agir como seu próprio advogado, por causa disso, ele falou que precisava fazer umas pesquisas na biblioteca daquele tribunal. Quando todo mundo estava de costas, ele abriu uma janela e saltou para a liberdade. Parece coisa de filme.
Depois que foi preso novamente cerca de uma semana depois, Bundy tentou outra coisa. Ele conseguiu abrir um buraco no teto da sua cela em Colorado Springs e (devido à perda de peso), conseguiu espremer-se por lá. Isso permitiu que ele fugisse para a Flórida, onde futuros delitos e assassinatos iriam ocorrer novamente.
A questão que deve ser colocada: quem foi punido por deixar um dos mais violentos, perigosos e inteligentes criminosos da história escapar mais de uma vez? O documentário não aborda esse assunto.
2. O que aconteceu com sua mãe
Louise, a mãe de Ted Bundy, é mostrada no documentário primeiramente defendendo seu filho e depois lamentando os crimes dele após suas confissões. Há um plot particularmente poderoso mostrando-a caída aos pés de um homem de meia-idade. Essa é a última vez que vemos Louise.
Mas contaram apenas a metade da história.
Louise Bundy viveu até os 88 anos, falecendo no final de 2012. “Conversas com um Assassino: As Gravações de Ted Bundy” não fala sobre o que aconteceu com sua vida após a execução de Ted em 1989.
Um relatório do obituário no jornal USA Today disse que Louise e seu marido tiveram que mudar diversas vezes o número do telefone residencial devido a telefonemas sobre a morte de Ted. Deve ter sido um inferno para ela viver por mais 23 anos sabendo, lamentando e pensando sobre as atrocidades cometidas por Ted. Muito triste.
1. O que aconteceu com sua filha
Essa não é a única pergunta sem resposta sobre a família de Ted, todo mundo ficou se perguntando também sobre isso no final do documentário.
Durante o trecho final do episódio final, há um relato chocante de como Bundy de alguma forma gerou uma filha enquanto esperava para ser executado no corredor da morte. Alguns anos antes, ele se casou com Carol Anne-Boone no tribunal e os dois permaneceram tendo relacionamentos até 1986. Em 1981, Carol deu à luz a filha do casal, Rose.
É assustador ver fotos de Carol, Rose e Ted posando para as câmeras, e ver a bebê Rose acampada na prisão com seu pai. Presumivelmente, quem tirou as fotos, achavam que não poderiam perder isso por nada. Em retrospecto, colocar isso no documentário foi como a cereja do bolo para amarrar as pontas soltas.
Na verdade, sobre a filha do Ted tem mais mistérios que informações concretas. Rose deixou a Flórida com a mãe em 86 e nunca mais teve contato com o pai. O Jornal The Sun alega que ela desde então mudou seu nome e identidade para que ela possa viver uma vida livre do terrível legado de Ted.
O que mais a Netflix deixou de fora dos telespectadores coisas sobre a vida, os assassinatos e o julgamento de Ted Bundy? Deixe-nos saber.
E para finalizar, o documentário “Conversas com um Assassino: As Gravações de Ted Bundy” é incrível, apenas precisava de mais capítulos.
Caso queria ler mais sobre o Ted Bundy indico o site O Aprendiz Verde, talvez o melhor site em língua portuguesa sobre o tema neste planeta.
Esse texto é uma adaptação direta da pesquisa feita pelo jornalista Jamie Kennedy.
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