Hoje, dia 30 de janeiro, é comemorado o Dia do Quadrinho Nacional. E os leitores e artistas têm bons motivos para comemorar: por exemplo, o número cada vez maior de eventos que aproximam fãs e ídolos, dando visibilidade aos trabalhos e lançando novos nomes no mercado.
Mas você sabe como essa história começou? Os quadrinhos começaram a aparecer no Brasil no século XIX no formato que hoje é conhecido como tiras, charges e caricaturas. Foi apenas no dia 30 de janeiro de 1869 que o cartunista Angelo Agostini publicou a primeira história em quadrinhos brasileira, As aventuras de Nhô-Quim, ou Impressões de uma Viagem à Corte. E, a partir de 1984, a data passou a celebrar o Dia do Quadrinho Nacional.
O gênero, conhecido como 9ª arte, vem agariando leitores de todas as idades desde então. Para se ter uma ideia, a 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura do Instituto Pró-Livro aponta que os gibis agradam entre 13% e 29% dos leitores do país. Na questão de representatividade, o maior símbolo dos quadrinhos brasileiro com certeza é a Turma da Mônica, criada em 1959 por Mauricio de Sousa e atualmente uma das maiores marcas brasileiras no exterior, tendo se expandido para além dos gibis, a exemplo de livros, brinquedos, jogos, entre outros.
Para celebrar essa importante data, em vários lugares do Brasil é comemorado o Dia do Quadrinho Nacional. Existe, entre outros, o evento Janeiro Geek e a Exposição e Feira de Quadrinhos em Campinas, Evento na Gibiteca de Curitiba.
O amor pelos quadrinhos é tão grande que somos um dos únicos países do mundo que realiza uma premiação voltadada para artistas do gênero: o Troféu HqMix. Esse prêmio foi criado em 1988 pela dupla Gualberto Costa e JAL, sendo o maior voltado para o segmento.
Uma prova de nosso talento é o brasileiro Marcelo D´Salete, que ano passado ganhou o prêmio Eisner, o Oscar dos quadrinhos, de melhor edição americana de material estrangeiro, com a sensacional obra Cumbe, que traz as lutas dos escravos contra a opressão da escravidão.
Entrevista | Marcelo D’Salete E Seu Angola Janga
Atualmente, a efervescência criativa dos artistas encontra espaço em pequenas, médias e grandes editoras, profissionalizando cada vez mais o mercado e tornando acessíveis produtos que muitas vezes saíam de forma independente, sendo desconhecidos do grande público.
A maior prova é a lista que veremos a seguir. Procuramos sugerir quadrinhos de diversas editoras, apontando trabalhos que se destacaram nos últimos tempos.
Garotos do Reservatório, de Celio Cesare e Fábio Cobiaco (editora Mino): Dois amigos se encontram na saída de uma penitenciária. Um destes tem um carro, uma casa e uma esposa – passou os últimos 18 anos construindo sua vida. O outro passou o mesmo tempo suportando a cela de uma cadeia. Hector e Victor estiveram juntos na adolescência. Eram as mesmas situações, os mesmos amigos, os mesmos cenários.
O que aconteceu? O estreante Celio Cecare e o veterano Fábio Cobiaco se unem para contar uma história sobre opostos que é, em seu próprio esqueleto, cheia de sentimentos díspares: ao mesmo tempo sensível e violenta, nostálgica e enérgica, dinâmica e retraída. Hector e Victor veem cair as máscaras do mundo e descobrem a crueza da vida através dos próprios erros e isso torna suas histórias, acima de tudo, extremamente humanas.
Trilogia Xampu, de Rogério Cruz (editora Panini): Entre o final dos anos 80 e o início dos anos 90, um pequeno apartamento da zona norte de São Paulo estremecia com o falatório, a gritaria, o tilintar de copos e garrafas e o volume no talo do aparelho de som 3 em 1. Xampu apresenta os personagens e as histórias peculiares embaralhadas com sons de guitarras, baterias e baixo de uma geração movida a novas experiências e muito rock’n’roll!
A série desvenda as histórias trilhadas por Nicole, Alex, Sônia e outros personagens. Um retrato, repleto de altos e baixos, da vida de uma geração que compartilhou descobertas, alegrias e tristezas na passagem entre duas décadas.
Castanha do Pará, de Gidalti Junior (editora Sesi-SP): O romance gráfico Castanha do Pará, ganhador do prêmio Jabuti em sua categoria, reconta, em forma de fábula, uma situação cada vez mais comum nos dias de hoje: Castanha é um menino-urubu que vive suas aventuras pelos cenários do tradicional mercado público Ver-o-Peso, em Belém.
Mora sob o céu aberto e sobrevive dos furtos e das migalhas de atenção que sobram do mundo ao seu redor. O trabalho de estreia de Gidalti Moura Jr. abusa da expressividade na pintura para dar vida a este conto urbano, criando uma visão lúdica e ritmada para a poesia da dura realidade.
Shirô, de Danilo Beyruth (editora Darkside): Samurai Shirô conta a história de Akemi, uma adolescente de origem japonesa que se vê em meio a uma epopeia sangrenta e centenária entre yakuzas após a morte do seu querido avô. Um homem sem memória – e com apenas uma katana – cruza seu caminho na cidade de São Paulo para descobrir quem ele é.
O quadrinista Danilo Beyruth, de Bando de Dois, Astronauta e Guardiões da Galáxia, retoma seu vigoroso estilo em preto e branco nesta graphic novel repleta de ação, em um verdadeiro thriller que evoca as grandes lendas dos samurais. Aqui não se tem escolha: superar o passado é sobreviver.
A Herança Becker, de Magno Costa e Marcelo Costa (editora Zarabatana): A Herança Becker é uma história sobre ódio, medo e vingança. Mas também é uma história sobre família, perdão e – por que não? – sobre amor. A nova graphic novel de Magno e Marcelo Costa, os premiados autores de Oeste Vermelho e A Vida de Jonas, nos traz a saga de três irmãos lutando contra o passado – e com as decisões que tomaram na vida – que agora retorna para assombrá-los.
Para finalizar, o amor pelos quadrinhos dá um abraço bem apertado em cada um de nós que fazemos o site Quinta Capa mais vivo a cada, pois cada um de nós amamos quadrinhos. O nosso conselho é: Vá além do Vingadores e Liga da Justiça, quebre o preconceito e procure o trabalho dos quadrinistas nacionais. Há uma história a ser lida logo ali, que será capaz de te trazer emoções que vão além dos balões.
Feliz Dia dos Quadinhos Nacional!
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