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Resenha | Oblivion Song vol. 02 – Entre Dois Mundos

Segundo volume de Oblivion Song, Entre Dois Mundos, mantém a qualidade do roteiro e arte da edição inaugural. O texto de Robert Kirkman revela mistérios sobre as realidades paralelas e monstros, trazendo conclusões a vários arcos, enquanto deixa para o futuro novas possibilidades. É uma pena que a edição brasileira da Intrínseca mantenha os mesmo erros do volume anterior.

Capa da edição 8 de Oblivion Song
Oblivion Song é outro trabalho autoral de Robert Kirkman, que mostra o grande roteirista e criador de mundos que é.

Robert Kirkman é um dos melhores escritores da sua geração. Isso é fato. Dos anos 2000 para cá, vários nomes se destacaram no mercado de quadrinhos americanos, como Brian Michael Bendis, Mark Millar, Brian K. Vaughan e Ed Brubaker.

Porém, esses escritores tiveram o seu momento ao sol escrevendo para as duas grandes editoras dos quadrinhos americanos, Marvel e DC, com personagens como Demolidor, Vingadores, Capitão América, ou no selo Vertigo, em obras como Y – O Último Homem.

Mas o oposto pode se falar de Robert Kirkman. Enquanto fazia roteiros para Ultimate X-men, o escritor não era notado como deveria. Foi só com seus trabalhos autorais na editora Image que ganhou os holofotes, tendo criado a história de zumbis arrasa quarteirão que é The Walking Dead, lançada entre 2003 e 2019, com 193 edições de sucesso progressivo.

Mas Kirkman não se furtou a se apoiar apenas em The Walking Dead. Quadrinhos como Invencível e Outcast mostraram a qualidade do roteirista. E é dentro dessas séries autorais, longe da série de zumbis, que o escritor criou Oblivion Song, com o desenhista Lorenzo De Felici.

Capa da edição 9 de Oblivion Song
O segundo volume brasileiro de Oblivion Song dá enfoque na ação e em grandes revelações na trama.

E no volume dois (Entre dois mundos) de Oblivion Song, Kirkman aumenta as doses de ação, revela grandes segredos da trama, justificando o gancho do final da primeira edição, e, como é de costume do autor, mantém o interesse do leitor em continuar acompanhando a história.

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Contextualizando a história apresentada no volume um, “Acompanhamos Nathan Cole, um pesquisador e explorador que está atrás de seu irmão que sumiu com outras 300 mil pessoas na Filadélfia, nos EUA, quando, por motivos inexplicados, uma parte da cidade foi transportada para uma outra realidade cheia de monstros irracionais e perigosos. Passados 10 anos do incidente e, após o governo desistir das buscas, apenas Cole continua cruzando a fronteira entre nosso mundo e a dimensão de Oblivion, trazendo os poucos sobreviventes que ainda encontra, se sujeitando aos vários perigos dessa região.

Os pontos altos do começo da trama eram o desenvolvimento dos personagens, coisa que o autor já mostrou habilidade em suas história, em especial, The Walking Dead, e o fato de Kirkman não esconder muitos dos mistérios que envolvem Oblivion e a busca de Nathan Cole por seu irmão.

Mas, na segunda edição brasileira de Oblivion Song, o autor pisa no acelerador. É diminuído a participação do elenco de apoio, por mais que eles estejam lá, e a história se foca em Cole e seu irmão, que voltou de Oblivion. As discussões passam a ser sobre o uso militar do aparelho que causou o efeito de transporte entre dimensões e o que o personagem principal fará para impedir isso.

É revelado também a causa e o causador do efeito de teletransporte entre realidades, além de um novo incidente ocorrer, agora, por ação deliberada de um personagem principal.

Capa da edição 12 de Oblivion Song.
Trama ágil e cheia de respostas faz com que a leitura do segundo volume de Oblivion Song seja frenética.

As discussões entre os irmãos também são muito boas e bem focadas, já que, enquanto um quer impedir que mais pessoas vão para Oblivion, salvando também as que já estão lá, o outro, que passou anos na dimensão, afirma que o ser humano está mal acostumado e vivendo uma ilusão no mundo real.

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Os desenhos de Lorenzo De Felici continuam muito bons. Mas há uma ressalva, no momento do novo teletransporte entre universos, a narrativa fica confusa para sabermos se aquilo está acontecendo em Oblivion ou foram os monstros que surgiram na realidade normal. Não chega a depreciar a leitura, mas sim, é um ponto negativo.

Capa da edição 10 de Oblivion Song.
Excelentes desenhos, mas a narrativa derrapa em um momento chave da trama.

Outro ponto negativo, infelizmente, se dá na publicação nacional. Longe do esmero que mostrou em obras como Black Hammer, a Editora Intrínseca insistiu nesse volume dois em não colocar as capas originais de Oblivion Song. Péssima decisão. Além de perder as pelas artes, o encadernado parece “capado”. Para os leitores que querem conhecer, as capas originais, seguem abaixo.

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Oblivion Song volume 2 (Entre dois mundos) é daquelas edições que o leitor vai devorar em poucos minutos. Kirkman desenvolve a trama de forma coesa e com momentos de tensão, focando em quem realmente importa, os dois irmãos personagens principais da trama. É uma pena que o desenhista derrape em um momento chave e a edição brasileira venha incompleta.

Ficha Técnica

  • Capa cartão, com 136 páginas;
  • Editora Instrínseca;
  • Lançamento em janeiro de 2020;
  • Preço de capa: R$ 49,90;
  • Tamanho: 25,8 x 16,4 x 0,6 cm.

 

Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.