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10 histórias livros estranhos de Stephen King que você precisa ler

Stephen King
Stephen King Illustration by Roberto Parada

Quando você escreve tantas histórias quanto Stephen King, às vezes alguns desses contos podem ser, digamos, estranhos…

 

Stephen King é um dos romancistas mais prolíficos do século. É meu autor preferido vivo, ele escreve além dos seus livros assustadores, roteiros, contos, poemas, novelas. Você levaria anos para ler apenas a metade de tudo que ele escreveu para ter uma ideia.

 

Seu nome tornou-se quase sinônimo de gênero de terror, e é difícil encontrar alguém que não tenha gostado de uma de suas histórias em uma de suas muitas formas – seja livro, filme ou TV, não há como escapar do trabalho do maior contador de história da história humana.

 

Mesmo que ele tenha vivido bastante, escrito coisas simplesmente que ninguém conseguirá pelor próximos 300 anos algumas de suas histórias são um pouco fora do padrão ou simplesmente estranhas até para os fãs mais hardcore do mestre King.

 

Então, aqui está uma lista de dez de seus trabalhos mais estranhos – seja devido ao conteúdo, ao contexto ou ao tom – que você talvez precisa ler.

Joyland

Joyland
(Reprodução)

Traduzindo a essência dos parques de diversões das décadas de 1970 e 80, Joyland é um livro carregado de nostalgia. Seu enredo básico trata da história de um jovem universitário e seu trabalho no parque Joyland, um local que carrega em sua trajetória o misterioso assassinato, jamais solucionado, de uma garota. Como não poderia deixar de ser, o espírito da jovem ainda assombra o trem fantasma em que ela foi morta. Pelo menos é isso que contam. A partir desse resumo basicão, você pode ler Joyland como uma descompromissada e divertida história sobre uma temporada de funcionamento de um parque de diversões e todos os acontecimentos, alguns fantásticos, que ocorreram nesse período. Tudo sob a perspectiva do jovem Devin Jones.

Quando começa a trabalhar no parque, Devin se vê as voltas de um período intenso de crescimento pessoal de um garoto, questões como o término de uma relação carregada de amor, decisões sobre seguir em frente na faculdade, as dúvidas frente aos obstáculos que aparecem no caminho… e o mistério do assassinato de uma jovem quase da sua idade.

Joyland é um livro de terror, parece, mas não é. E King acaba produzindo alta literatura em cima do clichê de “aproveite cada minuto da sua vida porque tudo é passageiro”. Devin Jones é confrontado com situações que todos nós passamos em nossa vida e que diversos autores já exploraram em dezenas de contos e livros. Mas Stephen King dá um toque especial ao colocar tudo isso no cenário mágico e de sonhos de um parque de diversões. (leia mais sobre o livro aqui)

 

Trocas Macabras

Trocas Macabras
Reprodução

 

Trocas Macabras é daqueles livros de King com diversos personagens e a imersão na vida dos personagens é tão intensa que temos a impressão de que a qualquer momento eles saíram das páginas dos livros e sentarão ao nosso lado na poltrona para uma prosa…

O lado sobrenatural também está presente aqui. Leland Gaunt, apesar de parecer um ser humano comum à primeira vista, tem seus segredos e é através dele que as profundezes do irreal é explorado. Porém, o que sobressai na obra não é a maldade advindo do Maligno, mas aquela maldade presente na nossa faceta oculta mantida escondida dos olhos dos outros. E é esse ponto que Leland explora tornando possível suas artimanhas e armadilhas. Outro ponto bem explorado pelo autor é o efeito de nossas escolhas. Toda vez que optamos por algo, deixamos outras escolhas de lado e isso nos leva a determinado ponto. Além, claro, de levantar a pergunta: qual o preço que estamos dispostos a pagar por aquilo que mais queremos? Leia mais aqui.

Trocas Macabras é um livro bastante complexo de encontrar, a única edição que encontrei física foi essa.

Os Estranhos

Os Estranhos
Reprodução

Os Estranhos, romance publicado por Stephen King em 1987, está longe de estar entre os livros mais populares da bibliografia do autor. A obra é acusada de ser exagerada e autoindulgente, de ter uma condução narrativa caótica e, verdade seja dita, nenhuma destas acusações é totalmente infundada. De fato, o próprio King está entre os detratores do livro, considerando-o um dos piores que já escreveu. O romance foi escrito em um período complicado da vida do autor, durante uma pesada recaída de consumo de drogas e bebida, com o romancista descrevendo o processo de escrita como febril e raivoso, e se percebe isso na escrita. E ainda assim, Os Estranhos não só é um dos meus trabalhos favoritos do autor, como, a meu ver, uma grande síntese de muitas das suas principais qualidades como escritor. Leia mais aqui.

 

Eclipse Total

Dolores Claiborne
Reprodução

 

O nome original e corre do livro é Dolores Claiborne, mas no Brasil ficou famoso por causa do filme que na tradução alguém achou que Eclipse Total caíram muito bem. Pois bem, é um livro de suspense psicológico, escrito de forma direta, sem divisão em capítulos, portanto, em que a personagem-título presta o seu depoimento sobre a morte da sua patroa Vera Donovan.

 

O livro em contado em primeira pessoa e mostra um perfil bem interessante de uma senhora de classe média baixa vivendo os problemas familiares bem comuns em cidades pequenas, no caso a cidade de Little Tall. Ao prestar o seu depoimento sobre a morte de Vera, Dolores acaba por contar sobre outro fato de sua vida, cuja veracidade já era colocada sob suspeita pelos demais cidadãos do local.

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O depoimento de Dolores serva também para mostrar muito bem a mentalidade e cultura das pessoas da pequena cidade, bem como revelar o que acontecia entre Dolores e seu marido, em relação a situações de machismo e abuso, além de outras ocorrências envolvendo os seus filhos, o que muitas vezes é mascarado pela sociedade (não só nas cidades pequenas, como bem sabemos).

 

Mesmo sendo narrado em primeira pessoa, o autor consegue mostrar alguns aspectos bem marcantes da cidade e dos demais personagens. E mesmo apesar de a perspectiva ganhar contornos extremamente pessoais, afinal de contas temos contato de tudo pelo ponto de vista de Dolores apenas, a narrativa acaba revelando detalhes que vão além de um ponto de vista específico, justamente por serem repetição da realidade, padrões de comportamento, na verdade, bem presentes na nossa sociedade.

 

Apesar de não ser dividido em capítulos, ou seja, a história é narrada de forma direta, sem interrupções, a leitura flui bem. Além disso, o autor, mesmo sem explorar o tema que o fez famoso, o sobrenatural, consegue passar um bom clima de suspense e mistério sem personagens saindo do fundo de armários ou de planetas além terra. Ainda sem tradução brasileira.

 

Blaze

Blaze
Reprodução (Plano Crítico)

Escrito sob o pseudônimo de Richard Bachman, Blaze é um romance policial escrito nos primeiros anos de King, embora tenha permanecido inédito até 2007.

 

Conhecemos a vida de Clayton Blaisdell Jr, um criminoso acima do peso com deficit de atenção que sequestra o filho de uma família rica.

Ajudado pelo fantasma de seu ex-mentor e parceiro no crime, Blaze tenta manter a criança viva, apesar de não ter conhecimento de como cuidar de uma criança por causa de sua total capacidade de aprender qualquer coisa. Sua inaptidão não prova ser sua ruína, já que tem uma “sorte” em conseguir escapar da polícia facilmente. Apesar de soar bobo para alguns, Blaze, Velociade Incrível tem uma emoção e tensão à narrativa que a torna uma leitura digna.

A escolha do protagonista de King, bem como a caracterização de Blaisdell, cria uma história pouco ortodoxa, mas é decididamente agradável para qualquer pessoa, fã ou não do King. Daria uma série fácil. Leia mais aqui.

 

Tripulação de Esqueletos

Tribulação de Esqueletos
Reprodução

Em Tripulação de Esqueletos, Stephen King nos guia por histórias em que o horror revela suas várias faces e nos recomenda, com suas próprias palavras: “Agarre meu braço agora. Agarre com força. Iremos a vários lugares escuros, mas acho que conheço o caminho. É só não largar meu braço”. Nesta aterrorizante coletânea de contos, Stephen King nos mostra mais uma vez por que é um dos mais aclamados escritores da atualidade. Um contador de histórias por excelência, aqui ele revela o amplo leque de suas habilidades, transitando com desenvoltura pelo pavor causado por criaturas abomináveis e por um terror psicológico de gelar o sangue.

 

O livro reúne 22 contos e muita gente reclama que a maioria não leva a finais interessantes ou que o texto se perde completamente do meio para o fim, um desses contos é o famoso Nevoeiro. Por ser uma leitura cansativa e até desestimulante, é um livro complexo de chegar até o final. Muitos amigos leitores de King me revelaram que tudo que ele poderia errar em suas escritas, está nesta coletânea.

 

Revival

Revival
Reprodução

Em uma cidadezinha na Nova Inglaterra, mais de meio século atrás, uma sombra recai sobre um menino que brinca com seus soldadinhos de plástico no quintal. Jamie Morton olha para o alto e vê a figura impressionante do novo pastor. O reverendo Charles Jacobs, junto com a bela esposa e o filho, chegam para reacender a fé local. Homens e meninos, mulheres e garotas, todos ficam encantados pela família perfeita e os sermões contagiantes. Jamie e o reverendo passam a compartilhar um elo ainda mais forte, baseado em uma obsessão secreta. Até que uma desgraça atinge Jacobs e o faz ser banido da cidade. Décadas depois, Jamie carrega seus próprios demônios. Integrante de uma banda que vive na estrada, ele leva uma vida nômade no mais puro estilo sexo, drogas e rock and roll, fugindo da própria tragédia familiar. Agora, com trinta e poucos anos, viciado em heroína, perdido, desesperado, Jamie reencontra o antigo pastor. O elo que os unia se transforma em um pacto que assustaria até o diabo, com sérias consequências para os dois, e Jamie percebe que “reviver” pode adquirir vários significados.

 

Revival é um livro lento e muitas pessoas não vão conseguir avançar na leitura justamente por isso. Tudo é contado de forma minuciosa e sem pressa. A impressão que se tem é que Stephen King queria que o leitor mergulhe a fundo nos dramas de cada personagem para conseguir entender, de verdade, o contexto de suas atitudes. Por isso, este não é um livro para principiantes. É preciso ter uma boa bagagem de leituras de King nas costas para encarar Revival. Os personagens passam por situações por demais corriqueiras e o extremo de suas atitudes, por mais carga de ficção que exista, gera identificação.

 

Composto como uma galeria de homenagens – o livro é dedicado a onze gigantes da literatura de terror, Revival tem um pouco do horror cósmico de Lovecraft com o cientificismo medonho de Mary Shelley. Alguns personagens, inclusive, trazem combinações de nomes e sobrenomes que remetem à obra Frankenstein.

 

Dispa-se de todos os seus pré-conceitos religiosos para mergulhar em Revival, sem pressa. É uma obra que exige dedicação para com os personagens e seus dramas. Ah, e tente, se for capaz, não deixar que o final destrua seu otimismo. Caso contrário, bom, você sempre pode se deparar com um reverendo Jacobs em alguma esquina… Leia mais aqui.

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Garotinho Malvado

Garotinho Malvado
Reprodução

 

Garotinho Malvado/Malcriado (tradução livre) é um conto de suspense e horror publicado em versão digital em alemão (Böser kleiner Junge) e francês (Sale Grosse). Segundo Stephen King foi uma forma que ele encontrou de homenagear os leitores de língua alemã e francesa (que tal homenagear os seus fãs brasucas, hein, tio Stevie?).

 

A história se passa em um presídio, durante a visita de Leonard Bradley ao seu cliente George Hallas, condenado à pena de morte, que finalmente resolve contar tudo sobre o que o fez cometer o crime pelo qual foi condenado.

 

George alega que a sua vida não foi mais a mesma desde a aparição de um estranho garoto durante o período em que George era também uma criança. O estranho garoto começou por arruinar a amizade de George com Marlee, garota que sofria transtornos mentais. O garotinho malvado passou a aparecer de tempos em tempos, sempre com a mesma aparência, mesmo depois de George ter se tornado um adulto, sempre ocasionando acontecimentos bizarros na vida do presidiário que outra opção não teve a não ser tentar acabar com aquilo de uma vez por todas e da forma mais extrema que conseguiu imaginar.

 

Durante o desenvolvimento do conto, o texto deixa em aberto se a história de George é mesmo mais um daqueles acontecimentos bizarros presentes em diversas obras de Stephen King ou se é apenas uma desculpa esfarrapada de quem cometeu um crime brutal e agora pagará por isso e não tem mais nada a perder.

 

Como de costume nas obras do King, tem-se no conto alguns trechos que descrevem bem a vida social e as mazelas da sociedade americana nas diferentes épocas nas quais a história se passa.

 

O desfecho acaba por ser também uma questão aberta sobre a autenticidade do que o George contou ao seu advogado ou se se trata de uma alucinação do personagem envolvido na cena final. O que posso dizer é para os fãs do autor é mais um excelente trabalho e faz recordar o Stephen King dos velhos tempos. Portanto, recomendo muito a leitura.

 

Para quem não pode ler em alemão ou francês, o conto foi publicado, em 2015, na coletânea The Bazaar of Bad Dreams, sob o título Bad Little Kid. Aqueles que podem ler apenas em português terão a oportunidade de ler o conto nessa mesma coletânea a ser publicada pela Suma de Letras Brasil no ano que vem.(Texto original)

 

Drunken Fireworks

Drunken Fireworks
Reprodução

Drunken Fireworks é um pequeno conto sobre a família McCausland, Alden e sua mãe, enquanto passam o 4 de julho em sua pequena casa no lago.

Sua modesta exibição de fogos de artifício desencadeia uma briga com a família Massimo do outro lado do lago, uma família rica com supostos laços com o crime organizado. Ano após ano, seus espetáculos de fogos de artifício se tornam mais elaborados à medida que tentam superar um ao outro em uma rivalidade maníaca e amarga.

A história se destaca das outras obras de King pois é de natureza puramente cômica. A comédia é sombria, claro, mas não há nada de assustador ou irritante na história. James Franco fará a adaptação cinematográfica do conto.

Buick 8

Buick
Reprodução

O ponto de partida do romance é a morte do patrulheiro rodoviário Curtis Wilcox, que é atropelado por um motorista bêbado enquanto conferia os pneus de um caminhão. Seu filho, Ned, começa a frequentar o quartel do Regimento D, onde o seu pai trabalhava, como uma forma de se sentir mais próximo dele. Lá, Ned acaba descobrindo um segredo guardado há vinte cinco anos pelos policiais do Regimento D, um carro modelo Buick 8, cujo motor e o painel não funcionam; tem um volante enorme, e parece ser indestrutível. Através dos velhos colegas de seu pai, Ned fica conhecendo a história do misterioso carro que intriga e assombra os policiais do Regimento desde que foi abandonado em um posto de gasolina por um desconhecido décadas atrás, e de como o mistério envolvendo o Buick se tornou a obsessão do falecido Curtis Wilcox.

Muitos podem achar que Buick 8 é uma reciclagem de outra obra do escritor, o mais famoso Christine: O Carro Assassino, já que ambos os romances de Stephen King giram em torno de carros assombrados. Mas tirando este fato, tratam-se de dois livros bem distintos, não só pela natureza dos veículos malignos, já que diferente de Christine, que era uma força do mal por si só, o Buick é mais um meio para o mal chegar até o nosso mundo, mas por sua proposta dramática. Se Christine era uma história de terror mais direta, Buick 8 mistura essas passagens de terror com passagens mais dramáticas e cadenciadas das histórias que os policiais do Regimento D contam a Ned sobre o seu pai. Leia mais aqui.

Praticamente todos os livros citados aqui, estão ou já viraram série ou filme. Então fica mais fácil para as pessoas que não gostam de ler irem atrás depois. Mas de qualquer forma, leiam, ler é a melhor forma de ficar em casa na Pandemia. Fiquem em casa e obrigado pelos peixes.

O texto original que adaptei para essa lista foi escrita pelo Niall Gray.

Leia mais sobre o Stephen King clicando aqui.

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.