Quem leu a história em quadrinhos “Meu Amigo, Dahmer”, (Darkside Books), de Derf Backderf e traduzida por Érico Assis, muito provavelmente ficou fascinado com a vida do garoto que depois viria a se tornar o “Canibal de Milwaukee”. Apesar da qualidade do material, a HQ “apenas” apresenta como foi parte da infância e juventude de Jeffrey Dahmer até um pouco antes de cometer seu primeiro assassinato.
A obra foi premiada em 2014 no Festival de Angoulême, na França, em 2014, e eleita uma das melhores obras de não ficção pela revista Time em 2012. Mesmo assim deixa um enorme gostinho de “quero mais”, o que finalmente pode ser saciado com a série da Netflix Dahmer: Um Canibal Americano, de 10 episódios, com Evan Peters, Richard Jenkins e Niecy Nash.
Agora, além de também de apresentar a “primeira fase” de Dahmer, a série apresenta discussões como, por exemplo: o fato de sua mãe ter feito uso indiscriminado de medicamentos contraindicados durante a gravidez seria a causa de mente doentia? O fato de seu pai lhe introduzido ao ofício da taxidermia, que reproduz animais retirando os órgãos internos e aproveitando a carcaça, teria servido de estímulo? Seu pai, em determinado momento, faz esse questionamento e se arrepende de tal feito.
A interpretação impecável de Evan Peters nos apresenta a frieza de como o serial killer cometia seus crimes, algo típico de um psicopata. Jeffrey Dahmer conseguiu matar 17 jovens rapazes antes de ser descoberto. Poucas vezes correu o risco de ser desmascarado.
A única falha da série foi concluir a história tentando diminuir o peso da imagem de Dahmer sugerindo que ele tenha se arrependido no final e pediu para ser batizado na prisão e, inclusive, comparando-o com John Wayne Gacy, conhecido como “Palhaço Assassino”, responsável por 33 mortes. Gacy foi condenado a morte. Sem, no entanto, tirar a qualidade da série.
Acredito que a série tenha tentado introduzir todos os fatores pelo ponto de vista de diversas pessoas que passaram pela vida de dahmer, o batismo e todas as questões religiosas que dahmer se colocou é real, tanto que o pastor que o batizou escreveu um livro só sobre isso… Acredito também que introduziram John Wayne na série não com a intenção de comparar, mas sim associar o dia do seu batismo ao dia da pena de morte do assassino em questão.