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Crítica | Argentina, 1985. O julgamento histórico que mostrou o horror de uma ditadura

Impressões sobre o melhor filme ganhador do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro do ano, “Argentina, 1985”. 

Argentina, 1985
Reprodução (Prime Video)

Impressões sobre o melhor filme ganhador do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro do ano, “Argentina, 1985”. 

Hollywood e a indústria do cinema mundial adora premiar filmes judiciais baseados em fatos. Em 2022 tivemos simplesmente um dos melhores filmes desse gênero já feito, o estonteante “Argentina, 1965”, que já ganhou o prêmio Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro do ano. O filme conta como foi o julgamento da dos lideres militares da didatura argentina por crimes contra a humanidade e genocídio entre 1976-1983. Ricardo Darín como Julio Strassera, o procurador experiente que conduziu o julgamento numa democracia então ainda frágil contra pressões e ameaças militares significativas é a estrela do filme. Claro que ele não fez tudo sozinho, tinha uma equipe jurídica incrível, coisa que o filme aborda muito bem. Por ser uma produção judicial, pode não agradar a todos, mas “Argentina, 1985” dá uma aula sobre os verdadeiros direitos humanos, além disso, o diretor do filme Santiago Mitre, cria uma estrutura  em sua narrativa que te prende do começo ao fim e a película dura duas horas e vinte.

 

Porém, “Argentina, 1985” se move muito rápido, e as cenas do tribunal são soberbamente bem feitas e filmadas. No entanto, esta perspicácia tem um custo de profundidade – tanta coisa acontece aqui que o filme não consegue captar todos os detalhes. O julgamento, por exemplo, baseia-se em provar que a ditadura sabia da gravidade da tortura, assassinato e opressão que acontecia sob as suas ordens durante a Guerra Suja argentina ( possivelmente mais de 30.000 pessoas foram mortas) – mas o filme demora pouco em cada detalhe da opressão militar. Santiago Mitre utiliza os detalhes dos crimes humanos baseados nos testemunhos das vítimas.

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E isso é bastante compreensível, mas o problema com esta abordagem é que os limites da empatia humana só vão tão longe, mesmo no cinema, abstraindo o mal em vez de lhe dar o rosto humano que carregava na história. Que a ditadura argentina baseou o seu sucesso no apoio da classe média, que as fake news e a falsa questão nacionalista deu pretexto para o terror e perseguição. Talvez faltou tempo para se aprofundar mais na história por essas perspectivas reais, mas é apenas um detalhe. 

Em vez disso, Mitre encontra sua narrativa baseada em outros elementos. Ele utiliza muito bem a luz e a sombra para detalhar esse período tão sombrio para  a história da América Latina. “Argentina, 1985”  é excepcionalmente bem feita, uma porrada na cara daqueles que gritam por golpe militar , mas leiam mais sobre esse período histórico sombrio do nosso país vizinho. 

“Argentina, 1985” está disponível na Amazon Prime Video.

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.