Não deixe de conferir nosso Podcast!

Crítica | Crônicas de Arthdal foi um tiro no escuro da Netflix?

Resenha crítica da superprodução épica coreana, Crônicas de Arthdal sem spoilers. 

Crônicas Arthdal
tvN/Studio Dragon (Netflix)

Resenha crítica da superprodução épica coreana, Crônicas de Arthdal sem spoilers. 

Por causa do hiato de alguns meses da primeira temporada para a segunda das Alquimia de Almas, eu me enveredei no gênero fantasia do mundo dos dramas coreanos e quase não larguei mais depois disso (risos). Achei alguns ruins ao ponto que nem gastarei meus lindos dedos escrevendo sobre eles, mas separei outros para quem ainda não assistiu, assista. Hoje falarei sobre As Crônicas de Arthdal.

Crônicas de Arthdal (Arthdal Chronicles) já estava no meu radar, seu protagonista é o colossal Song Joong Ki, porém, por causa do gênero fantasia que, até meses atrás, eu não gostava, nunca tentei me aventurar em assisti-lo, tanto que não fazia ideia que ele uma produção original Netflix esse tempo todo. Mas vamos do começo, apesar de ser um drama épico gigantesco em todos os sentidos, tentarei ser breve, vocês reclamam quando escrevo muito (risos).

Em 2019 a cultura pop estava explosiva por causa de Vingadores: Ultimato. O mundo que consome esse tipo de entretenimento não tinha olhos para mais nada. Acho que junto com o final de Game of Thrones, Ultimato tenha sido o maior engajamento da história nas redes sociais, enquanto isso na Coreia estreava Crônicas de Arthdal, uma resposta para esse fenômeno. Mas deu certo? É o que veremos a seguir.

Primeiro de tudo é que levou sete anos para os roteiristas (Kim Young-hyun e Park Sang-yeon) dessa super produção terminarem o texto original. Quem pagou por ela foi o Studio Dragon, tvN, enquanto a Netflix lançou mundialmente As Crônicas de Arthdal era para ser uma história totalmente original baseada em diversos elementos históricos, filosóficos e principalmente sobre a miscigenação humana que existiu e existe em nosso planeta. Conta a história Eunsom, interpretado por Song Joong Ki como um meio-humano, meio Neandertal, que está amarrado a uma profecia que trará a destruição da raça humana no mundo. Por causa disso, ele acaba fugindo para o canto mais remoto daquele mundo fantástico chamado Iark, ganhando outro nome para esconder seu verdadeiro passado.

O primeiro episódio fala principalmente da guerra entre humanos e essa raça neandertais – a série usou nomes originais, mas ainda assim, são neandertais. No entanto, apesar da beleza de sua cinematografia ou do quanto eles gastaram com os efeitos especiais, o primeiro episódio do drama épico não ressoou muito para mim como espectador. Parecia que eles tentaram demais ser algo que não são, o que é basicamente uma das premissas do espetáculo ironicamente. Mas calma, vale ainda muito a pena.

Na época, a série sofreu algumas críticas porque parecia muito com Game of Thrones. Os elementos e ambientes gelados, assim como as vestimentas, até um muro que separava os continentes lembrava muito Winterfell, não vou negar que a primeira vista parece muito, mas passei batido sobre isso. Entretanto, o primeiro episódio também mostrou, além da origem de nosso protagonista e antagonista, o potencial do ser humano para destruir seu próprio mundo. Isso foi o que me pegou, mesmo que tenha sido uma introdução um pouco lenta. Na fantasia ou na realidade, o mundo em que vivemos foi também um fruto da ganância humana e da guerra sem fim e esse tema me pega muito, então segurei na mão de deus e fui com tudo para Crônicas de Arthdal.

LEIA TAMBÉM:  Crítica | Terceira temporada de Dark veio para coroar como uma das melhores da atualidade

Mesmo com todo esse escopo um pouco negativo, o Drama tinha elementos muito originais, uma língua criada, a divisão social e outras coisas muito bem elaboradas. Pareciam mesmo algo único, mesmo que a premissa de um messias não seja algo novo.

A partir do segundo episódio conhecemos o elenco principal do drama, como foi e sempre será nas produções coreanas. É até uma dica que dou, não julgue um drama pelo primeiro episódio, na Coreia, os dramas normalmente passam duas vezes por semana e eles sempre deixam os melhores acontecimentos e plots para os episódios pares. Pois bem, As Crônicas de Arthdal, apesar de ser dividido em três arcos e ter um elenco enorme, aborda de um modo geral os desejos humanos de se tornarem uma civilização, ao mesmo tempo em que foi capaz de mostrar suas raízes como um drama coreano. Tudo bem, que existem certos clichês – gastar pelo menos um episódio para contar uma história de origem, profecias e amor juvenil – estes foram costurados de forma incrível para mostrar a vulnerabilidade de seus personagens e como eles transcenderam em seu desenvolvimento durante a trama.

É também um drama bem violento. Eles não pouparam elenco e nem dinheiro neste quesito. Já que o mundo é cruel e quando estamos falando sobre quem domina e quem será dominado, violência precisa ser abordada sem firulas. 

Enquanto assistia ao drama, pude imaginar atores brancos fazendo os papéis e com pouca intervenção em seu roteiro e falado em inglês, por exemplo. As pessoas podem dizer que as profecias já são clichês demais neste tipo de gênero, mas também é a mesma coisa que o torna excitante e enraizado por seus personagens principais. Sem mencionar que a produção de As Crônicas de  Arthdal também tentaram deixar para os espectadores alguns pontos críticos da narrativa. As estrelas principais do drama, Eunsom e Tanya, interpretada pela atriz Kim Ji-won, mistura tudo na trama e amarra mais as pontas que poderiam ficar soltas. Tudo bem que a profecia é sobre um guerreiro que tem o poder de um Deus da guerra, mas a coisa é mais humana do que parece. Já que tanto Eunsom quanto Tanya abordam os dois lados da moeda sobre o desenvolvimento de caráter e isso é muito bom de acompanhar. Além dessa dupla, existe outro grande nome na trama principal, o antagonista e  guerreiro Tagon, papel feito pelo ator Jang Dong-gun. Também merece toda nossa atenção para o papel de Kim Ok-bin fazendo Tae Al-ha. Que atriz incrível, que presença em tela.

LEIA TAMBÉM:  Globo de Ouro 2019 | Confira todos os indicados à premiação
Cronicas de Arthdal
Reprodução

Tagon é muito carismático, acredita muito no que está fazendo é o correto, além disso, ele é área cinzenta do drama, mostrando seus modos bondosos, mas brutais. Começa apenas sendo um jovem líder tribal e com o tempo, se torna o homem mais poderoso e perigoso do mundo. Ele acaba ligando os personagens principais quando começa a explorar, dominar e escravizar outras tribos mundo afora, além disso, seu passado secreto está diretamente ligado a Eunsom, não, ele não é o Pai dele, mas chega quase perto!

Mas o drama falha em alguns elementos, principalmente no departamento de arte, cenários das principais cidades e efeitos práticos. Às vezes, efeitos especiais demais, atrapalham mais que ajudam. As partes continentais daquele mundo estavam realmente querendo parecer outras séries famosas de fantasia que não irei citar, me fiz de cego e surdo sobre isso. A história do povo de origem de Eunsom foi deixada de lado muito rápido, tinha um potencial incrível, como terá uma segunda temporada, acredito que eles retornem. Na verdade, por causa da quantidade de pontas e histórias, é claro que não daria tempo de falar sobre tudo apenas com uma temporada.Mesmo que cada episódio tenha quase duras horas de duração!

Falando da segunda temporada, ela foi prometida ainda em 2020, Crônicas de Arthdal estava fazendo um sucesso incrível e, na época, era previsto as filmagens ainda naquele ano, mas veio a pandemia e a gente sabe o que aconteceu. Quando eles sentaram novamente para falar da segunda temporada, a agenda dos atores já estava toda comprometida, por isso que a segunda temporada que, só terminou a leitura do roteiro apenas em agosto do ano passado, mudou um pouco o elenco original, todavia tem previsão para sair ainda este ano.

Mas voltando para a primeira temporada de Crônicas de Arthdal, o que define este drama original da Netflix a seus contemporâneos épicos é que seu núcleo ainda é um drama coreano – uma homenagem à família e ao amor.

Qualquer boa história, precisa contar isso. No final das contas, este épico, é uma produção asiática em suas raízes, que atende a todos que amam histórias desse gênero que aprendi a gostar nos últimos meses. A química do elenco é inacreditável de boa, muita gente achou que a relação amorosa de Song Joong Ki e Kim Ji Won não convenceu, mas eu não consigo julgar isso. Quem decide são vocês, pessoalmente, adorei a atuação dos dois. 

Me diverti bastante assistindo Crônicas de Arthdal, mas vamos também aguardar a segunda temporada para continuar nossa história sobre esse drama épico tão incrível, original e poderoso de assistir.

Uma nota sobre a Ji-soo do BlackPink: ele aparece apenas alguns segundos. Nem se empolgue.

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.