Mesmo estando em destaque no título, não custa reforçar que essa nossa conversa sobre a série O Paciente (Star+) será com spoilers, ou seja, continue a leitura somente se você já viu. Caso contrário, se ficou curioso do porquê estamos insistindo neste fato, pare por aqui, assista a série, e depois volte. Ah, e não esqueça de deixar nos comentários a sua opinião.
Na série de 10 episódios, o psiquiatra Alan Strauss (Steve Carell, o Michael Scott de The Officer) é sequestrado por Sam Fortner, interpretador por Domhnall Gleeson (Questão de Tempo). Sam é um assassino em série que deseja parar de matar pessoas e que acredita que se o profissional lhe dedicar todo o seu tempo ele terá mais chance de conseguir mudar. Como Alan recentemente perdeu a esposa para um câncer e é distante dos dois filhos, “sumir” com ele fica mais fácil.
Diante dessa sinopse, é de imaginar que teremos diálogos fenomenais e momentos de grande tensão. Nem sempre! E esse é certamente a maior falha da série. Talvez se ao invés de 10, tivéssemos apenas cinco episódios, O Paciente poderia receber uma nota bem maior.
Pois vamos começar pelos pontos negativos: para “chegar” aos 10 episódios, a série é preenchida de momentos um tanto desnecessários, ou que pelo menos não precisariam ser tão longos. Alan sugere que Sam converse com sua ex-esposa, inclusive com um café em sua casa, mas ambas as tentativas servem apenas para mostrar que não surtiu nenhum efeito sobre Sam.
Outra situação que causa estranheza é o fato de que Sam mata o seu próprio chefe e não existe nenhuma repercussão em torno disso. Ninguém investiga, ninguém nem liga para o Sam dar um depoimento.
Mas o maior erro da série foi não saber explorar o seu maior diferencial, que é o final. Desde os primeiros episódios ficou muito claro que não teríamos um final feliz, e em nenhum momento o roteiro ou a direção tentou nos fazer acreditar no contrário. Mesmo sendo alimentamos pela depressão de Sam com a perda da mulher e o conflito com o filho, mas a surpresa final poderia ter um impacto bem mais interessante, afinal de contas a grande maioria dos expectadores acredita em uma reviravolta e que tudo acabará bem no final.
Agora, falando dos pontos positivos, se o objetivo do diretor da série foi provocar incômodo no público, digamos que ele foi pelo menos 60% bem sucedido. Por que não tem como não se sentir incomodado com a apatia de Alan, que a todo tempo se diz velho para esboçar alguma reação, com a falta de atitude da mãe de Sam, que sabe de tudo e não faz nada por acreditar que o filho pode ser curado; e por fim, a raiva gerada pela várias chances, mesmo sem garantias, que Alan deixar passar de tentar escapar. E ainda escolhe a maneira mais lenta ao tentar afiar a ponta de um reservatório de pomada de alumínio.
Enfim, mesmo com tudo isso, a série O Paciente não deixa de ser interesse. Talvez se tivesse de 5 a 8 episódios, situações mais tensas como a vez que Sam mata uma de suas vítimas na frente do Alan, se explorasse um pouco mais a relação violenta de Sam com seu pai, com flashbacks, por exemplo, e, quem sabe, uma tentativa mais vigorosa do Alan de tentar sobreviver, a série mudaria de três para quatro estrelas.
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