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Resenha: Visão – Pouco pior que um homem

Imagine o Universo Marvel em sua melhor forma.

É exatamente isso que você encontrará neste encadernado do Visão escrito pelo Tom King (de Xerife da BabilôniaBatman). Aqui não temos uma trama megalomaníaca que desemboca em uma mega-saga que envolve todos os títulos, nem uma substituição do personagem. O que temos em mãos, amigos, é algo difícil de descrever, mas tentarei ao máximo fazê-lo.

Tom King recebeu uma liberdade editorial relativamente grande para fazer esse título, o que é bom. Junto com o competente Gabriel H. Walta no lápis, o resultado foi uma trama urbana, com suspense e trabalhando o personagem de uma maneira que acredito nunca antes ter sido feita. A trama parte do conceito que o Visão, um sintozóide (que nada mais é do que um androide criado com sangue e órgãos humanos), quer ser humano. E o que é mais humano do que uma família? Para tal, ele construiu uma esposa e dois filhos, que parecem ter herdado não só sua aparência, mas também sua ambição/obsessão em ser normal.

Apesar disso, Visão não deixou de ser um Vingador. Na verdade, ele se tornou o porta-voz dos vingadores na casa branca, que na história é tratado como o… Emprego dele. Com terno e gravata e tudo. Mas a trama não se desenrola seguindo somente o Visão, mas sim toda sua família e sua relação com o mundo. E muitas vezes, esta relação pode ser bem assustadora. Especialmente para as crianças.

A Trama

De uma maneira geral, eu devo entregar os pontos para Tom King neste run, uma vez que ele não somente conseguiu levantar questões interessantes sobre nós mesmos e sobre os sintozóides, como também conseguiu desenvolver um suspense urbano que dá caldo em muitas revistas de horror por aí. Mas o crédito não fica somente em crédito do King, pois seu roteiro só tem o impacto que tem por causa do artista Gabriel H. Walta, que sabe exatamente como construir um clima dentro da revista e como fazer uma cena violenta parecer legitimamente impactante e impressionante.

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Apesar de todos os elogios que teço sobre esta obra original, devo afirmar que ela não é exatamente a cura do Câncer como algumas outras resenhas possam fazer você acreditar: É um bom gibi, tem um roteiro bom e uma execução boa. Mas não vai mudar sua vida. Tom King apresenta questões complexas, mas raramente desenvolve alguma linha de raciocínio em cima disso. Não é um defeito do roteiro, só um detalhe para aqueles que esperam um “Watchmen da Marvel“. Não é uma obra que mudará sua vida, mas definitivamente irá diverti-lo tanto quanto um Demolidor pelo  Brian M. Bendis, por exemplo.

No Brasil, esta publicação será lançada em dois encadernados assim como nos Estados Unidos. “Pouco pior que um homem”, o primeiro, saiu pela Panini Comics, pelo preço absurdo de R$40,00 por 140 páginas. Eu recomendaria tentar encontrar em algum sebo mais barato, como eu fiz. Apesar da estranha política de preços da panini ultimamente, esta é uma edição que vale a pena ter na estante.

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