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Resenha | Caixa de Pássaros (Josh Malerman)

Capa do Livro

Caixa de Pássaros (Bird Box) é o livro de estreia de Josh Malerman. Nele, seguimos a jornada de Malorie e suas duas crianças (aqui chamadas apenas de menino e menina) na busca de um refúgio dentro de um mundo caótico, onde não é seguro sequer abrir os olhos, pois há criaturas à espreita cujo mero olhar é suficiente para enlouquecer o observador, numa clara referência ao universo lovercraftiano.

Contada sob a perspectiva da protagonista, a história segue em dois tempos distintos: o presente e 4 anos antes, quando a ameaça surgiu. A narrativa segue alternando entre os dois momentos, auxiliando o leitor a compreender os eventos que levaram a instauração do caos presenciado no mundo de Malorie. Esse recurso narrativo é bem explorado pelo autor, utilizando de links com o presente no momento em que introduz mais informações sobre o passado.

Caixa de Pássaros é um livro de suspense psicológico de qualidade. O autor explora um medo primal, incrustado em cada ser humano: o medo do desconhecido. Porém, o eleva a uma outra potência. A grande sacada são os “antagonistas” da obra, conhecidos apenas como criaturas. Não se sabe como são, de onde vem e quais seus objetivos. O que se sabe é que o mero olhar enlouquece o observador, levando a um surto de violência e posterior suicídio.

A narrativa é bem simples e direta, sem muitos floreios. O momentos de maior suspense, como quando os moradores saem de casa com os olhos vendados ou sentem a aproximação das criaturas são bem descritos, focando nos outros sentidos dos personagens, principalmente na audição. Este se torna o sentido essencial num mundo em que abrir os olhos pode ter consequências trágicas. O próprio leitor é colocado no mesmo patamar, com a narrativa claustrofóbica deixando-o tão tenso e confuso quanto as personagens, como se também estivesse com seus olhos vendados, enquanto o perigo espreita na escuridão.

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Por ser uma obra de estreia, alguns momentos baixos podem ser percebidos, como a descrição rasa de alguns dos personagens ou a presença de alguns diálogos inverossímeis, porém não chegando a ponto de serem irritantes o suficiente para atrapalhar o prazer da leitura, já que a mesma possui um ritmo que leva o leitor a querer chegar logo ao fim da narrativa.

O final em aberto se torna, dentro da proposta da história, perfeito. Chegamos ao fim com a sensação de que ainda há muito a se explicar, com muitos questionamentos ficando sem respostas. Mas como poderíamos ter a certeza de algo se somos, assim como Malorie antes do caos, tão dependentes da nossa visão?

Caixa de Pássaros foi uma grata surpresa, já que não conhecia a obra do autor, que já na sua estreia demonstra um potencial para histórias do gênero. Definitivamente, vale a leitura.

Texto Jackson Rocha

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.