É uma coisa comum hoje de você ler e ouvir que Hollywood está “sem ideias”, que ela só está apostando em remakes, sequências e grandes franquias de super-heróis, bem, o mercado neste momento está indo bem para esses tipos de filmes e não é difícil ver por que essa ideia persiste. O custo da produção de filmes é astronômico, e os estúdios normalmente preferem jogar em algo seguro e que dê lucro, além disso, a conjectura social e econômica que o mundo está passando, não anda permitindo riscos dentro e fora do entretenimento.
O grande pulo do gato para quem procura outros filmes que não seja super-heróis e explosões é a facilidade que a tecnologia deu nos últimos dez anos. É bem mais simples e barato acessar conteúdos do que em 2009. O streaming veio e mudou até a forma como enxergamos o cinema e a tv, além de ser um produto até relativamente barato, também não podemos deixar de fora as redes sociais que dão acesso direto às comunidades e fãs, facilitando muito a divulgação de conteúdos e artistas.
Quando se fala de cinema, precisamos começar a pensar que existe um mundo fora de Hollywood e que ele funciona muito bem, obrigado.
Se procurar, consegue encontrar conteúdos originais por aí, mesmo que algumas delas sejam estranhos no melhor sentido da palavra. Pensando na palavra estranho, chega-se também na palavra bizarra, que incomoda… e esse gênero de filme vem ganhando mais e mais holofote e espectadores, 2019 foi um ano que saiu muita coisa no cinema e nos serviços de streaming.
Dando uma olhada nesses filmes “Estranhos/Bizarros”, encontramos alguns, fantásticos, outros nem tanto. Mas todos eles apresentam tramas que fazem você pensar e ficar incomodado de alguma maneira. Assim, nasceu a lista dos filmes mais desconcertantes de 2019.
Velvet Buzzsaw (Toda Arte é Perigosa)
O Velvet Buzzsaw é um daqueles filmes que dificulta realmente dizer se o que você está assistindo é realmente bom. O elenco apresenta nomes como Jake Gyllenhaal, Rene Russo, John Malkovich, Toni Collette, Billy Magnussen, por exemplo. Atores vencedores de prêmios e com um histórico de filmes dramáticos de fazer inveja qualquer lista. O diretor foi Dan Gilroy (Nightcrawler). Não tinha como dar errado. Mas deu.
A premissa de Velvet Buzzsaw trata de obras de arte ganhando vida e matando críticos.
Mas o problema nem é isso. Mas a compreensão do filme de quem está o assistindo. Velvet Buzzsaw está realmente acontecendo? Ou é apenas um comentário usando metalinguagem sobre a maneira como consumimos e criticamos a arte? Por que o personagem de Gyllenhaal, com o nome de Morf Vandewalt, é tão estranho? Por que toda a arte tem um senso dramático de ironia e timing quando mata pessoas? What is going on in this neste filme?
Há muitas perguntas levantadas e poucas respostas. Se você gosta de assistir bons atores interpretando personagens bizarros, Velvet Buzzsaw é para você.
Nós
Poucos diretores estreou com seu primeiro longa, como Jordan Peele fez com Corra!, de 2017. Ele tinha grandes esperanças com seu segundo filme, Us, e entregou outro suspense cerebral com uma tonelada de camadas. Não atingiu o mesmo propósito que Corra!, mas virou inspiração para o novo cinema alternativo de suspense.
O grande mistério que nos cerca é quem (ou o que) os doppelgängers que caçam os protagonistas realmente são. Todos no elenco principal desempenham um papel duplo no filme – seus egos normais e sua versão “Tethered”, pessoas presas numa sociedade secreta onde foram mantidos assim por anos, na verdade, ninguém sabe quanto tempo eles existem. À medida que o filme prossegue e você aprende mais sobre o que são os Tethered, torna-se evidente por que eles são uma força a ser reconhecida, especialmente quando você percebe quantos deles existem por aí.
Lupita Nyong’o rouba as cenas em “Nós”, oferecendo um impressionante desempenho duplo. Nós manteremos você adivinhando e teorizando por horas, mesmo depois de vê-lo várias vezes. (Entendeu o trocadilho?).
O Farol
Antes de começar, O Farol nunca estreou no cinema brasileiro, o negócio foi partir paras as locadoras onlines da vida.
Robert Eggers em 2015, lançou a A Bruxa, um dos filmes mais importantes da história do terror. Todo mundo estava esperando seu retorno ao cinema, ele veio e trouxe o perplexo O Farol (The Lighthouse). Todo filmado em preto e branco e com uma proporção de tela quadrada – sem tela widescreen. É essencialmente um buraco negro onde vivem dois homens, que dividem o comando de um Farol. E é completamente bizarro.
Quando você se senta para assistir ao O Farol, existem cerca de 50 maneiras diferentes de interpretá-lo. Talvez tudo esteja acontecendo literalmente. Talvez apenas parte disso seja real. Talvez Pattinson não seja real. Talvez seja o Dafoe! Ao contrário de A Bruxa, O Farol nunca realmente fornece respostas. Parece um filme que um grupo de pessoas pode assistir ao mesmo tempo e todas chegam a conclusões totalmente diferentes e plausíveis.
O Farol ainda é bastante impressionante. É basicamente Willem Dafoe e Robert Pattinson ficando bêbados, cantando música de piratas e conversando por duas horas.
https://youtu.be/rwExUiQzCD0
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
A decepção do ano.
Ari Aster ganhou ares de pop star com seu filme, Hereditário (2018). O cara é uma promessa, não há dúvidas sobre isso. Mas enquanto sua obra de estreia é o terror na sua forma crua, Midsommar evita esses truques para contar sua assustadora história folclórica. Destaque vai para a atriz Florence Pugh que faz um papel pesado e convincente que vale a pena assistir só por causa dela.
Midsommar é um daqueles filmes em que deixa seus personagens (e seu público), com muitas meias respostas espalhadas por toda parte. Independentemente de quais sejam suas teorias sobre o filme, provavelmente há muitas pistas e pistas. Existe algum propósito em tudo que foi assistido? Se sim, onde foi que o Ari Aster guardou?
Como Hereditário, Midsommar é um filme que produz todos os tipos de detalhes que se piscar, perdeu. É misterioso da maneira certa, mas só se salva graças a Florence Pugh. Tão jovem e tão poderosa.
The Perfection
The Perfection é uma obra-prima de horror corporal que o fará se contorcer todo. Um dos melhores filmes de 2019, mesmo saindo no final de 2018.
A trama gira em torno de duas mulheres que estudam numa faculdade de música de prestígio, porém uma é forçada a sair para cuidar de sua mãe – e ela não fica feliz ter sido substituída por outra pessoa talvez mais talentosa que ela. O que começa como um simples conto de vingança se torna cada vez mais insano – braços são amputados, os insetos saem da pele das pessoas, sexo selvagem, o negócio fica louco. É explorador e difícil de assistir, mas definitivamente aperta os botões certos para pessoas que desejam uma experiência de visualização bizarra e desconcertante.
The Perfection é estrelado por Allison Williams, que interpretou Rose em Corra!, e Logan Browning. É assustador, estranho e gratificante – uma hora e meia de estranheza bizarra na Netflix.
Climax
Se você está familiarizado com o mundo do cinema experimental, o nome do diretor Gaspar Noe não soará estranho. Ele provavelmente é mais conhecido pelo filme de 2002, Irreversible, que o crítico de cinema Roger Ebert chamou infame de “tão violento e cruel que a maioria das pessoas o considera inatingível”. Climax não chega a esse nível, mas é tão desconcertante quanto seus outros trabalhos.
O filme se concentra em um grupo de dançarinos festejando depois de mais um dia de ensaios duros, doloridos e cansativos. A bebida que todos estão compartilhando é enriquecida com LSD, e todos começam a ficar cada vez mais confusos e paranoicos à medida que a noite passa.
As escolhas de Noe como cineasta também confundem o público. É um filme realmente confuso e estranho. Climax apresenta várias tomadas únicas e longas, incluindo a tomada de 42 minutos que termina o filme. O filme quase não tem atores profissionais – quase todo mundo que aparece é dançarino profissional. Também não te, quase nenhum roteiro ou enredo – os atores levaram as coisas praticamente para onde quisessem, e Noe amarrava tudo no final.
O filme nem sempre funciona, mas é um momento fascinante e bizarro no cinema.
https://youtu.be/Hwkacrln26o
Parisite
Um dos melhores filmes de 2019 também é um dos mais desconcertantes. Parasite vem do lendário diretor coreano Bong Joon-ho, que ganhou fama nos Estados Unidos com O Hospedeiro em 2006, antes de dirigir outros filmes impressionantes como Expresso do Amanhã e Okja. Parasite é cheio de voltas e reviravoltas, e você nunca sabe exatamente em que direção está indo.
Parasite começa como um recorte sobre riqueza e classe social e uma história em que uma família de classe baixa começa a se impor na vida e posição social de uma família muito mais rica. No meio do caminho, no entanto, as coisas tomam um rumo dramático e Parasite se torna mais um thriller de horror, à medida que segredos são revelados. É plot por cima de plot. Quando você percebe nem respirar consegue mais.
Parasite se torna realmente bizarro à medida que vai chegando no climax, mas também permanece assustador, inteligente e engraçado. É a última parte que é realmente a chave do trabalho de Bong Joon-ho – ele emprega humor sombrio tão perfeitamente que mantém você desequilibrado. Você não sabe se está rindo de nervoso quando o filme termina. Real, atual e um soco no estômago social. Um dos filmes mais incríveis da história do cinema coreano.
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The Art of Self-Defense
Jesse Eisenberg geralmente interpreta personagens fascinantes, e seu trabalho em A Arte da Autodefesa (tradução livre) é motivo suficiente para assistir ao filme. A produção apresentou como uma comédia, mas isso é um pouco bizarro. A Arte de Autodefesa é uma comédia tão negra que se encaixa nessa categoria por padrão – se você não estiver rindo do absurdo na tela, ficará deprimido. Aqui não é parecido com Parasite, é algo mais sujo e cruel. Conhecem a piada da diferença entre os Judeus e uma Pizza? Pois então… é bem por aí…
O filme se concentra na masculinidade e como nossa sociedade se sente sobre a “cultura guerreira”. Eisenberg interpreta um homem calmo chamado Casey, que começa a fazer de artes marciais para ajudá-lo a se sentir seguro. As coisas logo ficam fora de controle, e ele aprende todos os tipos de detalhes bizarros com seu sensei.
É sombrio, engraçado dependendo de como você aceita a piada, e é uma enorme metáfora social. Todos os personagens do filme são uma bola de neurose, e o enredo tece constantemente entre “plausível” e “bananas” (assista e vai entender o que é isso). Além disso, tem a morte de um cachorro que nunca apareceu na tela que deixa a coisa mais bizarra do que ela já é. Porém Jesse Eisenberg faz um papel primoroso como sempre.
Serenity (Calmaria)
Nem todos os filmes desta lista são bons, e Serenity nem é ruim e nem bom. Dito isto, ainda vale a pena assistir apenas por uma reviravolta na história particularmente memorável (e bizarra). Se você quer ver Matthew McConaughey e Anne Hathaway trabalhando em algum material realmente estranho, a Serenity é uma boa maneira de apreciar isso.
A personagem de Anne pede ao personagem de Mathew para assassinar seu marido e jogar o corpo no mar. Mas de alguma forma o enredo deixa tudo foro da linha e você acaba ficando maluco sem saber para onde tudo vai dar.
Mesmo ficando no meio termo, o filme vale pela atuação dos dois e o plot final que explode sua cabeça.
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