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Crítica | A segunda temporada de ‘ The Umbrella Academy’ da Netflix é incrível e divertida

A segunda temporada ‘The Umbrella Academy’ da Netflix torna a disfunção familiar mais divertida do que salvar o mundo do apocalipse.

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Netflix

A segunda temporada ‘The Umbrella Academy’ da Netflix torna a disfunção familiar mais divertida do que salvar o mundo do apocalipse.

 

Os sete irmãos e também super-heróis da “The Umbrella Academy” possuem capacidades distintas para combater o crime: um tem a capacidade de criar armas em forma polvo, outro pode viajar no tempo, existe também um que conversa com os mortos, uma irmã que pode explodir cabeças com o pensamento e outra que pode fazer a mesma coisa – literalmente – com o poder da sugestão. Para completar o grupo existe o irmão com corpo de um símio que morou na Lua e tem um força incrível e um que acha que é Batman.

Leia a crítica da Primeira Temporada clicando aqui.

Mas não são as habilidades de combater o crime do clã que o diferenciam do resto das séries de super-heróis que lotam nossa TV na atualidade. A adaptação altamente divertida e criativa de Gerard Way e do nosso querido brasileiro Gabriel Bá pela Netflix continua a minar a disfunção da família Hargreeves na 2ª temporada, aumentando sua rivalidade entre irmãos para níveis literalmente apocalípticos.

A série, que voltou com mais 10 novos episódios, continua de onde a primeira temporada parou: os sete filhos de Hargreeves, que foram seletivamente adotados por um bilionário excêntrico e treinados para salvar o planeta, agora são adultos que por pouco escaparam de um apocalipse em abril de 2019. Ao escaparem, retornam no tempo com a esperança de evitar o Fim dos Tempos de novo.

Dessa vez sabemos que o dia do juízo final os seguiu até o ano 1963, precisamente em Dallas, epicentro de mais uma cadeia cataclísmica de eventos. Mas com isso é possível? Os Hargreeves trouxeram o fim dos tempos com eles – e agora devem se unir para evitá-lo e que Deus ajude o planeta.

E essa corrida para impedir a guerra nuclear acaba se tornando uma metáfora sobre o que cada um tem e o que precisam consertar sobre si. Os estranhos do futuro em 1963 são seres digitais em uma era analógica, com uma miríade de bloqueios psicológicos, problemas com o pai, referências a “Star Wars” e poderes estranhos que eles nem mesmo entendem. Eles se amam e se odeiam, mas, ainda assim, se unem por causa de um pai ausente. O pano de fundo é basicamente tretas de irmãos para saber quem é o filho mais querido do papai, mas o foco não é isso, é algo além.

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As neuroses do Hargreeves se confundem com os elementos históricos que estavam acontecendo, Dallas ainda era uma cidade que abriga lanchonetes segregadas … e está a dias de receber a carreata do presidente John F. Kennedy pela Dealey Plaza. O incrível livro “11.22.63” de Stephen King, cobriu os mesmos eventos, mas em “The Umbrella Academy”, com pessoas com poderes especiais e dinâmica familiar, bem como o próprio passado, há mais em 1963 do que um apocalipse iminente.

Allison (Emmy Raver-Lampman), que tem o poder de convencer qualquer pessoa a fazer qualquer coisa, simplesmente dizendo: “Ouvi um boato de que você [preencha o terrível destino deles aqui]” cruza com o movimento dos direitos civis quando ela se depara com um “apenas brancos” numa lanchonete. Ela tem a capacidade de mudar essa injustiça, mas como a última temporada os ensinou, mexer com acontecimentos do passado pode ter consequências devastadoras no futuro.

Klaus (Robert Sheehan) tem a capacidade de se comunicar com os mortos, mas usa drogas para silenciar seu poder. Ele se torna praticamente um guru para um movimento hippie. Luther (Tom Hopper), que é desumanamente forte com a parte superior do corpo de um chimpanzé, e seu irmão Diego (David Castañeda), que pode atirar facas, cruzam com figuras como Lee Harvey Oswald e Jack Ruby.

Para completar o que parece uma pilha de eventos, existem os suecos, um esquadrão formado por tês irmãos que saíram diretamente de um barco viking pela Comissão – uma entidade semelhante a uma corporação encarregada de proteger a linha do tempo. Bem, até aqui são coisas que quase a maioria das pessoas já viram em outras mídias. Viagens no tempo parece que é novamente a “onda” entre as séries nos últimos anos.

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Mas a química entre os personagens e a escrita afiada fazem de “The Umbrella Academy” uma viagem divertida e rápida por circunstâncias absurdas e completamente fora da caixa narrativa. Além disso, a série tem uma trilha sonora animada com curadoria de músicas novas e antigas, originais e covers (assim como na temporada passada), moda retrô altamente estilizada e muito humor sarcástico.

Número cinco (Aidan Gallagher) sempre tem as melhores falas. Ele pode parecer um colegial, mas, na verdade, é um homem na casa dos 50 anos que cometeu alguns erros críticos ao pular décadas. Ben (Justin H. Min), aquele com os tentáculos, que está morto mas existe através de Klaus, acaba desempenhando um papel central no clímax dramático da 2ª temporada, não vou dizer para não estragar mais as coisas.

No final da temporada, os Hargreeves realmente se unem como uma família funcional? Talvez, depende. Vanya (Elle Page) a mais instável do grupo, parece se encontrar e fazer as pazes com seus irmãos. Mas quando você pensa que a série pode entrar em colapso da normalidade monótona de um final feliz, acaba descobrindo que buraco é mais embaixo.

Vamos torcer para que eles continuem sendo um lixo de família, pelo bem da 3ª temporada. A Segunda Temporada de The Umbrella Academy está disponível na Netflix.

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.