Dylan Dog ama o que deseja ou seus sentimentos são tão voláteis quanto o orvalho sob a luz solar? Quem acompanha as aventuras do detetive do pesadelo sabe como Dylan sempre arranja tempo, entre um caso e outro, para se envolver com as mulheres que cruzam seu caminho. Histórias que começam com declarações desavergonhadas de amor irrefreável, mas que se revelam já uma paixão perdida na edição seguinte, quando então tudo recomeça com outro interesse amoroso.
Em “Dylan Dog Nova Série n° 5” (publicação da editora Mythos, com 100 páginas em offset preto e branco, preço de capa R$ 26,90), nosso herói é fatalmente confrontado por esse comportamento sentimentalmente irresponsável. Após encerrar seu namoro com Dora, Dylan é surpreendido pelo pai da moça, que o sequestra com um objetivo: que ele assuma tê-la enganado e que não a ama.
Começa assim uma trama torturante, que testa nossa empatia pelo protagonista, em vista dos efeitos danosos de seu comportamento errante. O roteiro de Roberto Recchioni é certeiro nos diálogos, entrelaçando o presente com uma narrativa secundária, de forte apelo onírico, que se revela apenas nas páginas finais. A arte de Piero Dall’agnol, por sua vez, é cheia de personalidade, com seu traço carregado de nanquim formando linhas bruscas, variando estilos, e certamente apropriado para retratar o inferno que Dylan atravessa como castigo pelo amor (?) vivenciado.
Embora a “Nova Série”, ao contrário da linha “clássica”, siga certa continuidade de eventos, este volume em particular se apresenta como uma história fechada, sendo uma boa sugestão para leitores casuais ou iniciantes no universo bonelliano. É, afinal, mais uma brilhante edição de um dos melhores títulos em curso no Brasil.
