O que esperamos dos heróis? O que projetamos nos homens que se propõem a “salvar o dia”? A perfeição? Como, pois, lidar com suas falhas de caráter, sua dubiedade, suas mentiras ou inverdades disfarçadas? No segundo volume de sua série limitada “Estranhas Aventuras” (192 páginas, R$ 44,90, Panini Comics), o roteirista Tom King embala outras questões, além da moralidade que a guerra extingue, mas dentro da linha sobre a natureza da verdade. O ponto, levantado na investigação tocada pelo Sr. Incrível, sobre o real destino de Aleea, serve como gancho para uma série de revelações.
Quando descobrimos que o “herói de dois mundos” decidiu sacrificar um deles em prol de sua família e de uma narrativa que construía para si, validada pelos atos corajosos em Rann, percebemos que sua motivação maior é a aprovação da esposa. Alanna se firma, por sinal, como a verdadeira protagonista da história: uma personagem feminina vigorosa, persuasiva, imponente.
Mas ela aceitará as decisões do marido? É quando voltamos ao que se entende por heroísmo e a razão de nossas ações. Adam lidera a resistência da Terra contra os pykkts enquanto seu castelo de areia onde guarda segredos vergonhosos do passado é lentamente varrido pela maré que o Sr. Incrível move.
Uma guerra perdida antes de começar. Um homem que desejava preservar suas fantasias de auto validação. Muitas são as camadas que o enredo de “Estranhas Aventuras” revolve, desconstruindo sua ficção científica pela ótica de uma realidade dura com os homens frágeis e enlameados com sua própria visão de “honra”.
No fim, como nos lembra Alanna, nossas vidas são histórias. Pequenas obras de ficção que narramos aos outros, enquanto rezamos para que ninguém descubra que inventamos todas essas coisas para nos iludir. E às vezes isso se torna um fardo pesado demais para carregar.
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