O escritor escocês Grant Morrison é conhecido dos fãs de quadrinhos pelos seus trabalhos complexos e bizarros. Com títulos que marcaram época como Homem Animal, Patrulha do Destino, X-men, Os Invisíveis, WE3, entre outros, Morrison tem um texto peculiar e rapidamente identificável para quem já conferiu mais de uma obra sua.
Usando de várias informações, referências e diálogos que às vezes são complexos demais (e que não fluem bem), o autor deixou sua marca pelos vários títulos que passa e em suas obras autorais, como Happy. Mas parece ser na DC Comics onde mais se sente confortável ao assumir títulos, como ao reformular o Superman na fase Novos 52 e no já clássico Grandes Astros Superman ou em sua passagem muito bem sucedida na Liga da Justiça na década de 1990.
Então, nada mais natural que Morrison decidir assumir o título de outro bastião da editora, o Lanterna Verde, resgatando vários conceitos e trazendo ao personagem elementos de histórias policiais, afinal, a tropa dos lanternas é a força de ordem do universo.
E nessa primeira edição já vimos para onde o escritor quer direcionar sua história. Afastando os conceitos e personagens que se tornaram marcantes na passagem de Geoff Johns, roteirista que resgatou a franquia nos anos 2000 e a levou a um sucesso nunca antes experimentado, Morrison apresenta novos lanternas e Hal Jordan voltando ao seu posto de guardião do setor 2814.
Tendo que lidar com criminosos que estão roubando vários objetos de poder, Jordan começará uma investigação que pode afetar até mesmo a própria terra.
Bem, para o leitor experiente e que sabe que existe uma rixa imensa entre o escocês e Alan Moore, onde o criador de Watchmen, V de Vingaça e outros acusa Morrison de sempre usar suas ideias e conceitos em suas histórias, essa passagem no Lanterna Verde só servirá para dar mais munição aos argumentos de Moore.
Utilizando personagens do conto “A noite mais densa” de Alan Moore, o texto de Morrison e o clima das histórias nessa primeira edição remete muito ao que o escritor inglês fez em suas histórias curtas com a tropa dos Lanternas Verdes.
Esse clima oitentista e que remete aos trabalhos de Moore, como “Tigres”, só é reforçado pelo traço de Liam Sharp e as cores de Steve Oliff. Isso significa que a história é ruim e cheia de homenagens que só fãs hardcore conseguirão captar? Longe disso.
Essa primeira edição lançada pela Panini é um excelente ponto de partida para novos leitores, superado o estranhamento do começo quando a história se foca em outros lanternas que não Hal Jordan.
As bizarrices de Morrison com o traço detalhista e estilizado de Sharp podem trazer um novo gás à franquia, que vive na sombra de Geoff Johns já há bastante tempo, e essa primeira edição brasileira trabalha bem a expectativa do leitor pelo que virá a seguir.
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