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Dica de Leitura | Fade out (Ed Brubaker & Sean Phillips)

@editoramino vem fazendo um excelente trabalho ao trazer os quadrinhos de Ed Brubaker e Sean Phillips para o Brasil. Com a ótima Fade Out, os leitores encaram uma Hollywood dos anos 1940/1950, no auge da perseguição política e paranoia que a Guerra Fria trouxe aos bastidores do cinema americano.

Arte de Sean Phillips para Fade Out.
O glamour da Hollywood dos anos 1940/1950 esconde personagens quebrados, como o roteirista em crise criativa, a atriz novata e ambiciosa e uma conspiração que envolve abuso infantil.

A preferência de Ed Brubaker por tramas policiais é conhecida do público de quadrinhos. Óbvio que o noir não poderia ficar de lado, pois o termo foi cunhada em 1946 pelo crítico francês Nino Frank para se referir a um tipo de longa-metragem de suspense que estava em voga nos anos 1940, com ambientação urbana, temática criminal e anti-heróis. Ou seja, tudo que o autor mais gosta de trabalhar em suas obras, como Matar ou Morrer, por exemplo.

Com Fade Out, o autor vai aos anos 1940/1950, no ápice do macartismo, que afligiu os EUA, para contar uma história dos bastidores de Hollywood.

Arte de Sean Phillips para Fade out
Um épico ambientado nos tempos áureos de Hollywood. O leitor segue as pistas do assassinato de uma estrela em ascensão, partindo das hospedagens de luxo rumo às entranhas de LA. Tudo isso enquanto o roteirista Charlie Parrish é espremido entre o senso de justiça do seu melhor amigo e o seu próprio senso moral em decadência.

Um escritor em crise, um assassinato, um estúdio autoritário e ganancioso. Tudo isso dá o clima do quadrinho que é uma delícia para quem conhece e é fã de cinema. Pelas 400 páginas da hq, recheado de extras na edição da Mino, acompanhamos Charlie Parrish, um escritor que chegou a ser indicado ao Oscar. Porém, após ver os horrores da Segunda Guerra Mundial, sofre de bloqueio criativo.

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Utilizando de uma amigo que não pode mais escrever para os grandes estúdios, já que está na lista negra devido aos seus posicionamentos políticos, Parrish consegue se manter em Hollywood, até que se vê presente em uma cena de assassinato, a da artista principal do filme que está roteirizando.

Arte de Sean Phillips para Fade Out
Muitas participações especiais acontecem em Fade Out, mostrando os bastidores da Hollywood dos anos 1940/1950.

Minha crítica mais enfática é que a trama termina rápido demais, tendo apenas pincelado vários temas que deveriam ter sido melhor explorados, como o abuso que alguns atores mirins sofreram por grandes figurões do cinema. A trama estava em um ritmo muito cadenciado, até que termina abruptamente. Ed Brubaker deveria voltar a este universo para mais histórias, afinal, é um tema riquíssimo.

Arte de Sean Phillips para Fade Out
Se Ed Brubaker construiu uma boa trama que se passa nos anos 1940/1950, é o traço de Sean Phillips que nos faz embarcar neste universo de glamour e decadência.

Ed Brubaker está em terreno fértil para o seu estilo de trama preferida, o gênero policial. A Hollywood dos anos 1940/1950 é riquíssima para gerar boas tramas como Fade Out, apesar do final apressado.

Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.