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Homem-Aranha | Edições históricas e (a falta de) cronologia

Li "A morte da Gwen Stacy" (1973) e a morte da Tia May (1995) em "A Teia do Aranha 23", de 1991, e segunda em "Homem Aranha 170", de 1997. Reli e pensei um pouco sobre a cronologia do personagem.

Morte da Gwen e da tia May
Morte da Gwen e da tia May

Encontrei pela livraria Quinta Capa, no meio das poucas edições formatinhos que tenho por aqui, duas HQs de poderosa energia nostálgica e um forte ímpeto me levou é rele-las. Travava-se das revistas do Homem-Aranha sobre a morte da Gwen Stacy e da Tia May.

Entre essas duas revistas existe uma distância de 22 anos: a morte da Gwen Stacy (que aconteceu, originalmente, em 1973) e a morte da Tia May (1995). A primeira eu li em “A Teia do Aranha 23”, de 1991, e segunda em “Homem Aranha 170”, de 1997. Ou seja, foram leituras que eu fiz quando tinha menos de 15 anos de idade. São coisas que marcam a gente e é uma delícia poder voltar à essas páginas.

Enquanto as lia, pensava sobre como poderia me divertir lendo histórias recortadas de seus contextos, já que eu não lembrava de quase nada das histórias que antecipavam aqueles acontecimentos, principalmente com relação à morte da Gwen. A leitura da Teia do Aranha me foi mais difícil e acredito que ele funciona muito mal sendo lida isoladamente, já que a Parte 1 da revista traz uma trama que não acrescenta nada ao drama envolvendo os Osborn e a fatídica cena na ponte do Brooklyn, que todo fã do Aranha reconhece.

A Homem-Aranha 170 me foi mais palatável, pois acredito que possuía mais lembranças da Saga do Clone, a qual li na íntegra naquele período e a morte da tia May não pode ser desassociada deste período.

Ler as essas duas revistas, em sequencia, me fez questionar sobre como os contadores de histórias nos quadrinhos podem ou não tomar decisões que realmente marquem a história de um personagem e demarquem pontos fixos em suas cronologias. Gwen continua morte e isso é fundamental para a história do Peter, que se desenvolveu a partir daquela tragédia. Em “O dia em que tia May Parker morreu” infelizmente não encontramos essa mesma coragem  para a história futura do nosso amado escalador de paredes.

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Lá naquela edição, de meados dos anos 90, Tia May morre mas não sem antes descobrir que Mary Jane está grávida. Além disso, temos a figura carismática do Aranha-Escarlate. São três pontos aqui que estão solenemente ignorados na cronologia do Peter.

Ben Reilly, o clone de Peter, vira e mexe é ressuscitado, ou num prequel ou de alguma forma que nunca entendi direito sendo que o fato é que ele nunca deveria ter morrido, e sim permanecido vivo como um personagem que hoje faria muito bonito em qualquer “aranhaverso” ou contando histórias do Aranha que não poderiam ser contadas com o Peter Parker (como, por exemplo, um romance com a Gata Negra).

Tia May poderia continuar morta. Sério? Qual é a boa história do Peter que poderia ter sido contado nos últimos 25 anos em que a Tia May realmente precisaria estar viva? Acho que apenas no universo Ultimate.

E imaginem a filha do Aranha hoje? Ninguém mais fala sobre isso ou eu perdi mesmo o interesse em ler gibis do amigão da vizinhança? E não tou falando num universo paralelo onde isso poderia ter acontecido. Tou falando de cronologia regular, ofical!

A impressão que fica é que antes, pensava-se melhor antes de se matar alguém.

Se interessar, neste vídeo aprofundo um pouco sobre tudo isso.

Sou desenhista, criador do Máscara de Ferro e autor do quadrinhos Foices & Facões. Sou formado em história e gerente da livraria Quinta Capa Quadrinhos