A paralisação da indústria do cinema, que, mensalmente, fatura 8 bilhões de dólares só nos Estados Unidos, acabou afetando uma cadeia mundial do audiovisual.
A pandemia de Covid-19 forçou a Disney a adiar o lançamento de seus maiores filmes, incluindo Mulan e Viúva Negra, mas esses filmes acabaram indo direto para uma plataforma de streaming, se a pandemia de coronavírus se prolongar ainda mais?
A Disney diz que pode considerar o envio de alguns dos principais filmes diretamente para as plataformas, mas cada filme é um caso.
Mas não foi apenas a Disney que está sofrendo com isso, mas basicamente todo o mercado cinematográfico. Mas para deixar o texto mais limpo e rápido de acompanhar, ficarei na Disney.
Na terça passada, 05 de Abril, a Disney divulgou seus ganhos no segundo trimestre de 2020 para os executivos e acionistas da empresa, dados informados pelo próprio CEO, Bob Chapek. Ele comenta que todos estão preocupados com a perda de receita da empresa. Sem filmes nos cinemas, parques temáticos e contratos cancelados (principalmente tranmisões esportivas da ESPN), o impacto financeiro apenas nesses primeiros meses de 2020 foi US $ 1,4 bilhão. (leia mais aqui)
Em consideração sobre a Disney lançar seus filmes em serviços de streaming. Bob Chapek, disse que existe um “Talvez” vindo diretamente da Disney sobre isso. E ele completou:
“Acreditamos muito no valor da experiência de lançar filmes de grande sucesso nas salas de cinema, tínhamos filmes de sete bilhões de dólares no calendário de 2019”. Isso quer dizer que eles tem condições de esperar mais para lançarem seus filmes no cinema, principalmente os mais importantes, porque ainda é onde estúdios como a Disney ainda obtêm os maiores lucros. O “Talvez” que Bob chapek explicou, serão para as produções menores e não viáveis financeiramente para a empresa de estrear ainda nos cinemas.
Chapek acrescentou: “Então, vamos avaliar todos os filmes em uma situação caso a caso, como estamos fazendo agora durante essa situação de coronavírus”.Quando assumiu o cargo de CEO no dia 25 de Fevereiro, Bob Chapek no mesmo dia mudou alguns filmes do calendário da Disney 2020. Artemis Fowl foi direto para o serviço de straming da empresa, a Disney +. Estreia no dia 12 de Junho.
A Disney não falou diretamente, mas explicou que está esperando o resultado do filme Tenet do Christopher Nolan que tem previsão para estreia em 17 Julho. Os cinemas americanos estão adaptando as salas para receberem menos pessoas por causa do distanciamento social e as questões de higiene e segurança. Para quem não lembra, Mulan, um dos grandes lançamentos da Disney de 2020, tem sua estreia para dia 24 de Julho. Uma semana antes de Tenet da Warner Bros. Mas eu acredito que isso não aconteça. Estou escrevendo esse texto no dia 11 de Maio e a crise do Covid-19 está bem longe de abrir qualquer cinema em qualquer lugar do mundo.
Crise Financeira do Cinema
Como forma de conter a propagação do coronavírus, e seguindo as normas da Organização Mundial de Saúde (OMS), salas de cinema em todo o mundo estão fechadas. Além disso, as produções e gravações de novos longa-metragens e séries foram suspensas. Por isso, a indústria do cinema é hoje uma das mais afetadas pela crise do coronavírus. Com informações da CNN Brasil.
Até o início da quarentena na cidade de Nova York, epicentro da doença, 67 produções — tanto para cinema, quanto para TV — estavam sendo gravadas na principal área verde de Manhattan, o Central Park, inaugurado em 1857 para se tornar um cartão-postal.
Atualmente, a locação mais habitada está vazia.
A paralisação da indústria do cinema, que, mensalmente, fatura 8 bilhões de dólares só nos Estados Unidos, acabou afetando uma cadeia mundial do audiovisual.
O advogado especialista em contratos culturais Fábio Cesnik ressalta que mesmo após a quarentena, levará um tempo maior, hoje imprevisível, de quando a indústria do cinema poderá voltar a filmar.
“Quando os governos permitirem a circulação de pessoas, elas vão fazer aquilo que é essencial: você vai voltar ao seu trabalho, vai ao médico etc., mas vai dizer ‘olha para ir ao cinema posso esperar mais um ano, ou para ir a um show, podemos esperar mais.’”
O cineasta Fernando Meirelles acredita que o streaming se tornou a salvação para a indústria. “Os filmes que ganharam prêmios recentemente são produções bancados por plataformas streaming”, conta o cineasta que recentemente dirigiu o longa “Dois Papas”, financiado pela Netflix.
Durante a quarentena, houve uma explosão de novas assinaturas de serviços on-demand. A internet está tentando dar vazão ao cinema, à televisão, aos documentários e produções que não foram exibidas nos teatros e salas de cinema por conta da quarentena. Além disso, as premiações do setor também estão acontecendo em eventos on-line.
No entanto, junto aos festivais, além das exibições e oficinas em formato workshop, acontecem as rodadas de negócio, em que um grande número de pessoas circula e faz reuniões a fim de fechar acordos de produção e de distribuição. O “The Marché du Film”, por exemplo, ligado à Cannes vai acontecer on-line, em junho de 2020, em uma versão on-line experimental.
Produção de cinema nacional
Em meio à crise nessa indústria, as produções brasileiras podem encontrar uma brecha para colocar em cartaz filmes que estavam parados por conta da burocracia do estado.
Rodrigo Teixeira ressalta uma estratégia para filmes e séries que já estavam prontos para serem lançados em 2020.
“Os canais vão precisar de conteúdos, e a hora que eles não mais tiverem estoque para apresentar, eles vão precisar bater na porta de quem tem algo pronto.”
Ele acredita, inclusive, que isso provocará uma mudança no audiovisual, já que os catálogos das TVs e plataformas não dão conta de tudo o que o público quer.
“O público quer o novo. E inédito já existe, está pronto, e ele pode aparecer e mudar nossa relação com o mercado como um todo.”
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