Os cinemas nos Estados Unidos abriram este mês, mesmo com a Pandemia do Covid-19 a todo vapor. Saiba como eles estão planejando essa nova era de assistir filmes e, se isso será ou não a melhor maneira para os cinemas pelo resto do mundo seguir.
Com poucos lançamentos para 2020, com a maioria adiados para 2021, o cinema americano, por consequência o mundo todo, está buscando novas alternativas para abrir ao público suas salas. Mas cinema não vive apenas de blockbuster e grandes redes, existe uma grande fatia de filmes independentes e redes menores dentro do solo americano que preferiram abrir com filmes do passado, como é o caso de O Tubarão, o clássico blockbuster de terror de Steven Spielberg.
Porém, o Covid-19 ainda é uma preocupação para a maioria dos donos de cinemas. Eles estão sendo cautelosos com todos esses procedimentos. Mas até que ponto isso poderia ser seguro para o telespectador?
Vou tentar responder abaixo:
Como os cinemas estão reabrindo?
Os cinemas foram autorizados a reabrir em muitos estados no mês passado, mas grandes redes como a AMC e a Regal decidiram aguardar mais um pouco. Cadeias menores e empresas independentes também foram devagar em reabrir suas salas e muitas optaram em testar exibições em formato drive-in para manter as práticas de distanciamento social. Deu certo? Deu, assistir filmes dentro do carro era uma prática esquecida para os americanos e a curiosidade de como seria isso, atraiu bastante gente.
Mas porque eles estão fazendo isso se ainda pode ser perigoso?
Por causa de Tenet (leia mais sobre isso aqui). A data de lançamento do Tenet, de Christopher Nolan, é dia 17 de julho. Os proprietários de cinemas precisaram correr para fazer um plano para abrir seus cinemas e como resolver o problema do distanciamento social. Os cinemas poderiam apenas reabrir e ver o que aconteceria, mas, em vez disso, a estratégia comum entre a maioria é ir reabrindo de modo gradativo e testando o que deu ou não deu certo neste processo.
A Cinemark, que é a terceira maior rede de cinema depois da AMC e da Regal nos Estados Unidos, anunciou um plano em quatro fases para se preparar para o que está por vir. Eles primeiramente abriram cinco cinemas na área de Dallas-Fort Worth, em 19 de junho. No fim de semana seguinte, a Cinemark reabrirá um terço de suas salas pelo território, principalmente nas áreas metropolitanas. No fim de semana seguinte (que acontece no dia 4 de julho), outro terço será reaberto. Finalmente, em 10 de julho, todos os 344 cinemark funcionarão com alguma capacidade. A empresa espera uma permissão para, pelo menos, cinquenta por cento de assentos até o lançamento da Tenet, e isso é suficiente para que eles sejam lucrativos.
Outra rede nacional ainda menor, a NCG Cinemas, está abrindo um novo cinema nos arredores de Atlanta em 4 de junho. Esse é o único cinema da rede que abrirá as portas por enquanto, mas o site da empresa possui informações gerais sobre seus “procedimentos operacionais em fases” para sua “reabertura”. Até o momento, o NCG revelou apenas a “Fase 1” dando mais ênfase ao distanciamento social “. A empresa também fala no site que a capacidade dos cinemas no futuro próximo será apenas de 30% com funcionários suficientes para lidar com a abertura e o fechamento de portas, além de limpezas baseadas nas normas da OMS.
Rede grande ou pequena de cinemas nos Estados estão focados em resolver o dilema do distanciamento social e parecem que já tem estratégias para atrair o público para suas salas. Existem realmente uma grande ênfase de todos no distanciamento social por parte das equipes que trabalham no cinema e o público. O NCG, por exemplo, não venderá mais ingressos físicos, as transações (compra e venda) serão feitas por aplicativos.
Os cinemas americanos têm áreas como fliperamas, salas de festas, bares e vendas de produtos, mas isso tudo acabou, os itens de autoatendimento (como dispensadores de pipoca, bebedouros e aparelhos auditivos não serão mais utilizados por um tempo para evitar que haja mais coisas para os clientes tocarem. Os funcionários usarão máscaras, bem como luvas constantemente substituídas, e poderão ser obrigados a fazerem leituras de temperatura, bem como declarações que a saúde está bem antes de assumir seus turnos de trabalho e todo mundo atrás de telas de acrílico quando forem atender. Eles estão realmente cobrindo todos os possíveis problemas por causa do contato.
É tudo o que eles podem fazer, enquanto esperam que o público respeitem todos os protocolos. A NCG não exigirá que as máscaras sejam usadas pelos clientes ou faça testes de temperaturas (a Cinemark também confirmou que não exigirá máscaras nos clientes). Eles só pedem que as pessoas mantenham o distanciamento social, mas isso é difícil de administrar, mesmo com assentos numerados. Se parece um esforço complexo para eles, imagina isso acontecendo no Brasil.
As pessoas ainda recusam, ignoram ou acidentalmente deixam de cumprir as ações mais seguras do distanciamento social. Portanto, ainda há um elemento em que você entra em sua própria situação de risco.
Mas dará certo?
Bem, como dito acima, são testes e etapas, pode acontecer de tudo, mas precisam começar de algum lugar. Para acontecer prejuízos desnecessários alguns cinemas que abrirão em julho colocaram Mulher Maravilha, Sonic e Jumanji em suas programações. Segundo a Variety, já existem 348 cinemas e 169 Drive-In funcionando desde maio nos Estados Unidos. Sendo 90% dos filmes exibidos sendo do Steven Spielberg. E sobre a escolha apenas desses filmes é uma pergunta que eu simplesmente não sei responder. Claro que existem diversos filmes antigos de sucesso de outras empresas passando, mas a título de informação esses dados já estão suficientes.
Voltando para a casa do Mickey, já sabemos que eles adiaram todos os grandes lançamentos em 2020, exceto Mulan. E já foi explicado aqui.
É difícil especular quanto tempo durará a atual necessidade de filmes antigos passando nos cinemas. Espera-se que a Cinemark comece com títulos mais antigos (clássicos em preto e branco) quando começar sua reabertura em fases no final deste mês, mas, a partir de julho, veremos mais e mais lançamentos em solo norte-americano. Em 1º de julho, há o thriller de Russell Crowe, Unhinged (Solstice Studios), e no dia seguinte, há o drama da Guerra do Afeganistão, The Outpost (Screen Media). A Warner Bros tem o altamente aguardado Tenet em 17 de julho, e a Disney espera finalmente lançar o adiado Mulan em 24 de julho. Ainda marcada para agosto, há a Mulher Maravilha 1984, Antebellum, Bill & Ted Face the Music, Bob Esponja e os Novos Mutantes.
Chances de passar nos cinemas brasileiros os filmes acima citados? Não tenha esperança.
Como os cinemas conseguiram atrair novamente o público?
Fora de seus esforços para tornar o cinema seguro, apesar das contínuas preocupações com a pandemia, os cinemas não têm muito a oferecer ao público em geral como um local necessário ou até desejável para gastar seu tempo e dinheiro. A maioria das pessoas ficaram presos em casa, os serviços de streaming estão ganhando rios de dinheiro na Pandemia, sair de casa para ir ao cinema só valerá o risco quando for realmente um filme grande. Por enquanto, eles só podem esperar que haja fãs suficientes por aí que ainda gostam de assistir os clássicos nas telonas. Aqui na minha cidade existe a promoção “meia para todos” de segunda até quarta durante a semana e é basicamente isso que os cinemas americanos estão fazendo.
Mas que isso atraia o público ainda é cedo dar uma resposta fundamentada. Mas os cinemas e as produtoras não ficaram esperando a poeira baixar. Por enquanto estamos ainda vivendo ou tentando sobreviver dentro de uma realidade que a Pandemia existe e ainda sem previsão que ela acabará. Apesar de alguns países já estarem abrindo comércio e serviços ou estarem controlando a doença. Ela pode retornar enquanto não existir uma vacina. Os especialistas em vírus chamam isso de Segunda Onda. E ela é bem real.
O sindicato do setor de entretenimento nos Estados Unidos estima que se tenham perdido pelo menos 120 mil empregos na indústria de cinema e TV devido ao impacto do Covid-19. É uma indústria que gera bilhões de dólares por ano apenas dentro dos Estados Unidos, o governo autorizou a reabertura por livre e espontânea pressão da indústria do cinema que é uma das mais poderosas que mais investem na política americana.
Por fim, o cinema nos Estados Unidos reabriu, mas de uma forma diferente, mais cautelosa, a forma como vamos ao cinema só terá uma luz apenas em 2021, por enquanto é isso que teremos até o final de 2020. Em se tratando de Brasil, por enquanto, guarde seu dinheiro para ano que vem.
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