Tex Platinum nº 25, publicação da Mythos Editora com 196 páginas e preço de capa R$ 29,90, traz duas histórias que sintetizam narrativas e paisagens do Velho Oeste americano marcadas no imaginário coletivo de forma indelével.
A primeira, “A balada de Zeke Colter“, traz roteiro de Claudio Nizzi e arte esplêndida de Renzo Calegari, acompanhado de seus discípulos Biglia e Copello. Publicada originalmente em 1994 na Itália, é ambientada nas Montanhas Rochosas, tomadas por uma neve ancestral. De passagem pela região, Tex acaba reencontrando o personagem que dá nome à história, um velho caçador de peles que praticamente se amalgamou à natureza local, vivendo em uma cabana com sua esposa índia.
O encontro se mostra fortuito para Zeke, que enfrenta dificuldades: ao usar um pouco de ouro como pagamento no comércio do vilarejo próximo, acabou gerando o burburinho sobre uma hipotética mina aurífera entre as montanhas. Ao ouvir o boato, o patife Bill Hatcher reúne um bando para cercar a choupana de Zeke e forçá-lo a revelar onde ficaria a tal mina… De um jeito ou de outro.
Tex decide juntar forças com o amigo para defenestrar a ameaça e, enquanto aguardam na cabana a vinda dos ignóbeis para pôr termo ao embate, falam sobre um passado quase mítico, com caça farta e homens destemidos desbravando territórios selvagens. A alvura da neve ganha forma no papel esquadrinhado apenas pela tinta escura, como a delimitar cada palavra e gesto no horizonte bravio. As rajadas de vento como que perpassam as páginas e chegam a congelar nossos dedos, tamanha veracidade assumida.
A trama seguinte, “A caravana do medo“, foi lançada na Itália no ano seguinte, escrita por Nizzi e lápis por De La Fuente. Tex e Kit Carson encontram por acaso uma caravana atravessando o Arizona rumo à Califórnia, numa viagem marcada pela morte. Lotada de alemães, quackers e tantos outros imigrantes egressos do Velho Continente, em busca de terras férteis e oportunidade para recomeçarem suas vidas, acaba por ser alvo de um índio solitário, que ataca e elimina um a um os homens do comboio.
Incluindo o guia da viagem, cadáver este avistado pela dupla de rangers e que termina por levá-los a descobrir o imbróglio em curso. Ao avistarem o agrupamento perdido em pleno deserto, Tex e Kit os acalmam, prometendo ajudá-los.
Mas quem dá as cartas definitivamente é Saguaro, indígena cuja motivação é reflexo da mais espúria maldade do homem branco, crente de sua impunidade numa civilização que se forma aos tropeços, ainda carente de leis e instituições firmes. Reconhecendo o peso de sua tragédia e a busca justa por punição dos culpados, só resta a Tex buscar evitar o pior, apurando os responsáveis pela fúria vermelha.
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