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Resenha | A Morte dos Inumanos (Donny Cates & Ariel Olivetti)

Infelizmente, A Morte dos Inumanos, com o roteiro do autor sensação da Marvel Donny Cates e arte de Ariel Olivetti, é uma história que fecha um ciclo, mas não se sustenta. Sendo apenas uma grande trama de ação e tragédia, onde vários personagens são mortos de forma rápida, fazendo com que não haja envolvimento emocional por parte do leitor.

Raio Negro anotando os nomes dos inumanos mortos
Raio Negro anotando o nome dos inumanos mortos.

É preciso contextualizar A Morte dos Inumanos. É inegável que os personagens tiveram um grande empurrão da Marvel em busca de popularizá-los, seja nos quadrinhos, quando ganhou destaque após a saga Guerras Secretas (2015), ou seja na TV, tendo a série dos personagens estreado (e fracassado!) em 2017.

Esse destaque que os personagens de Jack Kirby e Stan Lee tiveram por parte da Marvel servia a dois propósitos: apresentar para o grande público uma leva enorme de personagem através da TV e do cinema e, principalmente, ocupar o vácuo da presença dos X-men nos cinemas e nas séries televisivas da Casa das Idéias, já que os direitos dos mutantes estavam com a Fox. Isso antes da Disney comprar a Fox e aglutinar os mutantes ao seu vasto catálogo, tendo os heróis, junto com o Quarteto Fantástico, título onde os inumanos nasceram, retornado para a Marvel.

Mas essa tentativa falhou! Não só nos quadrinhos, mas, principalmente, na série de TV, que foi massacrada pela crítica.

Por isso, após a compra da Fox pela Disney, dona da Marvel também, os mutantes voltariam a ser destaque na editora. O que nos leva à Morte dos Inumanos.

Sejamos claros, a história serve para rebaixar o status dos personagens, em uma história com várias mortes e cicatrizes nos súditos de Raio Negro, rei dos inumanos.

Personagem Vox segurando uma foice
Infelizmente, o vilão da saga, Vox, é despido de qualquer personalidade.

A história em cinco partes só é indispensável pro leitor que quer conhecer o atual status dos personagens.

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Nela, uma facção do Império Kree, que estava vagando pelas estrelas, volta para o seu planeta, Hala. E lá descobre que o planeta foi destruído. Esses alienígenas, que eram exilados, decidem reunificar o império, trazendo até mesmo os inumanos de volta, já que os personagens são humanos modificados geneticamente pelos krees.

Dessa forma, o império alienígena lança um ultimato: JUNTEM-SE OU MORRAM. E quem espalha esse chamado de submissão ou morte é Vox, que podemos encarar como o vilão da trama. Um kree com vários poderes dos inumanos, sendo bem genérico tanto em poderes quanto em visual (lembra um Raio Negro black metal), e que massacra a todos que encontra que não se rendem.

Inteligência Suprema Kree e a criação dos inumanos
Os inumanos são criações genéticas do Império Kree.

A trama é exatamente o que se propõe. Mortes chocantes e cicatrizes em todos os envolvidos, não se sustentando como a parte final de um ciclo.

Nos roteiros, Donny Cates, elogiado por sua passagem em Doutor Estranho e Venom, não trabalha bem os personagens, seja inumanos ou os vilões, que estão totalmente despidos de carisma. Tudo é focado na família real inumana, como Raio Negro, Medusa e Maximus. Engraçado que os personagens criados na fase de Charles Soule sequer são citados aqui.

As mortes chocam sim, mas, na maioria das vezes, não tem o impacto desejado, com exceção de duas, que logo são revertidas.

O grande destaque é a participação de Bill Raio Beta, coadjuvante das histórias de Thor e figurante de luxo aqui, mesmo ele não sendo bem muito desenvolvido na trama.

O roteirista parece que teve a intenção apenas de mostrar uma história de ação e queda dos inumanos, com uma reflexão aqui ou acolá de Raio Negro e Medusa. Faltou muita coisa para essa ser considerada uma boa história: vilão interessante, personagens bem desenvolvidos, e por aí vai.

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Vox e Bill Raio Beta
Bill Raio Beta é um figurante de luxo, mas sua presença chama atenção pelo seu poder e personalidade.

E, se o roteiro de Cates parece apressado, com várias cenas de ação e focado apenas em chocar, o que se pode dizer dos  desenhos de Ariel Olivetti é que eles estão bons e só, sendo bem genéricos para o padrão do artista que desenhou Justiceiro: Diário de Guerra, por exemplo.

Não que os desenhos estejam ruins. Longe disso. O grande problema é que o artista segue um feijão com arroz que em outros trabalhos não seguiu, fazendo com que desde os enquadramentos às cenas de ação pareçam genéricas, coisa que Olivetti não é.

Genérico também está o encadernado da Panini, que segue a mesma linha dos outros títulos compilados da editora, trazendo apenas as 5 partes da trama, as capas originais e alternativas. Nenhum editorial explicando quem são ou como foram criados os inumanos na década de 1960 pela dupla Lee e Kirby.

O destaque mesmo são as excelentes capas de Kaare Andrews, esse sim o único que estava inspirado com A Morte dos Inumanos.

Medusa morta em um trono
As capas de Kaare Andrews se destacam.

A Morte dos Inumanos é tão decepcionante quando foi a tentativa de levar os personagens para o estrelado com a série de TV. Personagens pouco desenvolvidos, vilão sem carisma e trama focada apenas em chocar. Tudo isso embalado por desenhos genéricos e um final sem grande impacto. É uma pena e um desperdício de potencial, já que nem Donny Cates e nem Ariel Olivetti conseguiram extrair uma história digna de nota dos inumanos nessa fase sob os holofotes do grande público.

Capa da Morte dos Inumanos

 

Ficha Técnica

  • Capa cartão, 120 páginas;
  • Editora Panini Comics;
  • Lançamento em outubro de 2019
  • Preço de capa: R$ 20,90
  • Tamanho: 17 x 26 cm
Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.