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Resenha: Batman – Lendas do Cavaleiro das Trevas: Archie Goodwin Nº 1

No volume que deveria ser focado no Batman escrito pelo famoso editor e escritor de terror Archie Goodwin, quem se destaca é a história solo do Caçador. Pelos desenhos de Walter Simonson e pela trama mais elaborada dentro desse encadernado.

 

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O nome do encadernado não deixa dúvidas ao afirmar ao leitor que esta edição é uma publicação voltada ao Batman pelas mãos do roteirista Archie Goodwin. Porém, ao folhear a revista, já se percebe que temos dois trabalhos sendo publicados aqui pelas mãos do mesmo autor.

De um lado, até a página 74 do volume, temos histórias fechadas que tem como centro o Cavaleiro das Trevas. Mas não o Batman que conhecemos a partir dos anos 1980, após ter a abordagem mais realista de Frank Miller. Esse é um Batman mais super-heroico, que aparece andando nas ruas e as pessoas não pensam que o homem morcego é apenas uma lenda urbana que assusta criminosos. É o Batman da Era de Prata dos quadrinhos.

Do meio para o final da revista, ocupando grande destaque (merecidamente), está a história do Caçador, personagem da Era de Ouro da DC Comics, que aqui é reinventado para a década de 1970 pelas mãos hábeis de Archie Goodwin e um Walter Simonson bem antes de se tornar famoso pelo seu trabalho na Marvel em Thor.

Essas duas histórias estão na edição brasileira em um mesmo volume porque, originalmente, foram publicadas em Detective Comics na décadas de 1970, revista onde o Batman surgiu e que publicava outras histórias além das aventuras em Gotham do cruzado encapuzado.

E essa edição é ótima para o leitor em vários aspectos.

 

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A começar porque as cinco histórias do Batman aqui presentes tem muito do que o seu roteirista escrevia na década de 1960 e 1970: o terror.

Sim, Archie Goodwin se tornou famoso por escrever e editar histórias para títulos como a Creepy, conforme o leitor pode comprovar no volume lançado pela Devir Creepy: Contos Clássicos de Terror (Volume 4), que contém uma vasta entrevista com o roteirista, além de vários contos de terror dele.

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É claro que Goodwin também é muito lembrado por ter sido o editor do selo Epic da Marvel, com foco mais adulto, e por ter sido o roteirista da adaptação de grande sucesso para os quadrinhos de Star Wars. Tudo na década de 1980.

Mas, nas histórias em Batman – Lendas do Cavaleiro das Trevas: Archie Goodwin Nº 1, temos o escritor mais voltado para o terror.

As histórias podem parecer bobinhas para quem as lê com os olhos dos anos 2000, mas trazer temas como mansões mal assombradas, máscaras da morte, montanhas que tem uma maldição e uma vingança em uma casa cheia de armadilhas foge do tom mais cartunesco que o Batman tinha nas décadas de 1950 e 1960.

E Archie Goodwin está acompanhados de lendários desenhistas da época para contar suas histórias, que só funcionam em muito devido ao trabalho destes.

Contando com Jim Aparo, Sal Amendola, Howard Chaykin e Alex Toth, o leitor vai ter em mãos um retrato de uma época em que o Batman não sabia ainda se ficava no tom mais infantil ou se aproximava mais da realidade, como aconteceu nos anos 1980.

 

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Mas as histórias de terror do Batman param na metade desse volume, dando lugar à trama de o Caçador, por Archie Goodwin e Walter Simonson.

Cabe destacar que, apesar dos grandes nomes envolvidos na primeira parte da edição, o destaque dela está aqui, na segunda parte. Contando uma história seriada do personagem que nasceu nos anos 1940 e recebe uma nova abordagem nos anos 1970, o trabalho com o Caçador se destaca por ser uma história continuada em um tempo onde a DC Comics não apostava em grandes e longos contos.

Ao contrário das histórias do próprio Batman ou do Superman nesse período, a história em sete partes acompanha uma trama só, onde o herói revivido Paul Kirk terá que enfrentar em uma jornada pelo mundo todo, inclusive Gotham, onde encontrará o Batman, o Conselho, formado por homens poderosos que o reviveram para usá-lo como uma arma.

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Novamente, cabe destacar que, pelos olhos do leitor de hoje, a trama pode parecer básica, mas, apesar de ter sido publicada em um momento onde a editora não apostava em histórias longas, ainda funciona muito bem, tanto pelo texto de Goowin, quanto pelos desenhos de Simonson.

Por falar em Simonson, o artista aqui apresenta um trabalho bem diferente do que seus contemporâneos praticavam na época quando o assunto era super-heróis. Sem utilizar os 8 painéis fixos por página comuns na época, tendo desenhos que fogem aos quadros, Simonson estava naquele momento uns 10 anos a frente de seu tempo.

E é gratificante ver que a Panini publicou também uma história extra do personagem, chamada CAÇADOR – O ÚLTIMO CAPÍTULO. Lançada em 1999, 25 anos depois da história original, o leitor poderá ver como o traço do artista evoluiu, ficando mais próximo do que ele fez em Thor, da década de 1980.

 

 

A edição da Panini acerta ao trazer esses dois personagens em suas páginas, focando no Batman e no Caçador, fazendo com que o leitor tenha contato com histórias mais desconhecidas do grande público nessa linha mais econômica, só pecando ao não trazer um editorial que contextualize o porquê de Batman e Caçador serem publicados na mesma revista americana, a Detective Comics.

 

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Batman – Lendas do Cavaleiro das Trevas: Archie Goodwin Nº 1 acerta em muitos aspectos, com suas tramas de terror fechadas e com ótimos desenhistas no Batman, além de trazer a história do Caçador pela dupla Goodwin e Simonson. Essa coleção Lendas do Cavaleiro das Trevas, além das voltadas para outros títulos como Liga da Justiça Internacional, Quarto Mundo e outros, se mostra o lugar perfeito para publicar boas histórias clássicas em um formato mais econômico.

 

 

Ficha Técnica

  • Capa brochura, com 172 páginas
  • Editora Panini
  • Lançamento em outubro de 2019
  • Preço de capa: R$ 26,90
  • Tamanho: 17×26 cm
Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.