Não deixe de conferir nosso Podcast!

Resenha | Cinema Purgatório – Volume 01

Volume 01 da antologia de terror Cinema Purgatório traz grandes nomes dos quadrinhos e bons conceitos, mas não engrena como deveria.

 

Imagem relacionada

 

Nomes como Alan Moore e Garth Ennis juntos em uma capa de um quadrinho são chamativos por si só para atiçar a curiosidade do leitor que sabe o quanto esses escritores são queridos e importantes. E mais, por se tratar de histórias de terror, em um formato episódico, fazendo menção à editora americana EC (famosa por suas histórias na década de 1960, e por ter sido esmagada pela censura nos quadrinhos no período), o leitor se sentirá obrigado a comprar esse volume 01 de Cinema Purgatório lançado pela editora Panini.

Porém, o leitor pode sentir uma certa decepção ao constatar que as histórias episódicas presentes aqui são apenas o começo da narrativa propostas pelos criadores, fazendo com que esse volume 01, que reúne as edições americanas 1 a 3, seja uma grande introdução, sem conclusão, para as histórias aqui contadas. Mas é inegável que esse começo é muito promissor, porém, melhor seria se fosse lançada em formato mais barato e com prazos de lançamento fixo, haja vista o projeto inicial ter sido lançado por Alan Moore no Kickstarter (site de financiamento de quadrinho estrangeiro, análogo ao nosso Catarse) para ter uma narrativa mensal.

 

Resultado de imagem para cinema purgatório kevin o'neill image

 

Contando com 3 capítulos para cada escritor, essa antologia nos traz temas já discutidos à exaustão no cinema de terror, mas aqui com a visão desses roteiristas. É dessa forma que Moore narra uma trama onde o personagem principal está preso em um cinema, com clara conotação de ser um sonho, e se vê obrigado a assistir filmes que fizeram muito sucesso no passado, como os de comédia, da Roma antiga e de heróis como o Zorro, por exemplo. Ao lado do seu parceiro em Liga ExtraodináriaKevin O’Neill, Moore escreve a história mais complexa e intrigante do volume, já que as tramas dos filmes tomam outro rumo (ás vezes, desesperador) do que era comumente apresentado nos originais. Chega a ser angustiante a história do vilão que é sempre derrotado pelo herói que pode alterar o tempo.

LEIA TAMBÉM:  Resenha | Berserker Unbound (Jeff Lemire & Mike Deodato Jr.)

 

Imagem relacionada

 

 

Os outros escritores estão, também, muito bem na introdução de suas histórias. Não que tragam algo de novo aos conceitos de filmes de terror clássico, mas a história ali presente é muito boa. Como Garth Ennis, com sua eterna forma de escrever recheada de ironia, que conta como uma paramédica tem que trabalhar em um mundo onde existem vampiros, lobisomens e um Frankenstein.

Talvez, a história mais fraca seja Uma União Mais Perfeita, de Max Brooks, que vai misturando história real da Guerra de Secessão americana com elementos de terror. Pena que isso só ocorra na última página de sua história começada aqui, deixando qualquer desenvolvimento pro futuro, transformando essas 03 primeiras partes em uma leitura morosa.

 

Resultado de imagem para cinema purgatório image

 

Se os roteiros servem apenas para instigar o leitor sobre as continuações das histórias, os desenhos são, com certeza, um destaque muito bonito. Sendo publicados em preto e branco, em homenagem aos quadrinhos da EC, os desenhistas Kevin O’Neill, Paulo Caceres, Ignacio Calero e Gabriel Andrade entregam belíssimos quadros. Os desenhos prendem a atenção do leitor e fazem com que ele fique conferindo os detalhes do traço, que é muito destacado devido à colorização em preto e branco.

 

Resultado de imagem para cinema purgatório image

 

A edição da Panini conta com as capas originais e algumas alternativas, além da biografia dos autores e desenhistas, mas falha em explicar ao leitor que o volume que ele tem em mãos são histórias seriais e provenientes de uma campanha de financiamento coletivo promovida por Alan Moore. Faltou um editorial para informar isso, além de informações de como se dará a publicação do título no Brasil.

LEIA TAMBÉM:  Crítica | Raio Negro: Tudo que Luke Cage não foi.

 

Resultado de imagem para cinema purgatório image

 

Contando com bons roteiros e desenhos belíssimos, Cinema Purgatório – Volume 01 é daquelas antologias que se adequariam melhor se fossem publicadas de forma regular, com datas definidas, já que esse primeiro volume apenas apresenta boas histórias e conceitos, mas não os aprofunda, o que pode afastar o leitor.

 

 

 

Ficha técnica:

Capa comum: 152 páginas;

Editora: Panini;

Lançamento: agosto de 2018;

Dimensões do produto: 26,6 x 17,2 x 1,2 cm;

Preço de capa: R$ 46,00.

 

Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.