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Resenha: Dylan Dog – Horror Paradise

Primeira edição de Dylan Dog após a editora Mythos retomar o título compensa pelo roteiro que presta homenagem aos monstros clássicos do cinema, mas decepciona pelo elevado preço de capa e falta de informação para o leitor novato.

 

Após 03 edições publicadas pela editora Lorentz em 2017, Dylan Dog, personagem criado pela Sergio Bonelli Editore em 1986, volta a ser lançado no mercado brasileiro pela Mythos Editora. Importante notar que a editora já lançou 40 edições do título, começando em 2002 e finalizando em 2006. Agora, a Mythos retoma a publicação com a edição Horror Paradise, que foi publicada na Itália em 1990 em Dylan Dog nº 48.

Importante notar que Dylan Dog ficou 11 anos sem ter publicações no país antes da Lorentz publicar 03 edições que abrangiam diferentes momentos da publicação do personagem. Por isso, cabe aqui a tarefa de explicar quem é esse instigante personagem:

Dylan Dog é conhecido como o Detetive do Pesadelo. Ex-agente da Scotland Yard, largou a polícia inglesa para enveredar no ramo de investigações que despertavam o seu interesse por envolver o sobrenatural. Criado em 1986 por Tiziano Sclavi, as histórias do personagem ocorrem, em sua maioria, em Londres. Contando com histórias com uma pitada de humor, normalmente fornecidas pelo ajudante de Dylan, Groucho, Dylan Dog é um sucesso na Itália, onde é publicado pela Sergio Bonelli Editore. Infelizmente, mesmo com excelentes histórias, o personagem passou por diversas editoras no Brasil, como Record, Conrad, Mythos, Lorentz e, agora, Mythos novamente, sem alcançar uma publicação periódica normal no país.

Com essa nova publicação do título, a Mythos tem a oportunidade de trazer o personagem ao destaque que merece e solucionar um problema causado por ela mesmo, já que a edição Horror Paradise não foi publicada na coleção anterior da própria editora.

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No que trata do enredo de Horror Paradise, encontramos Dylan Dog acordando em um lugar sem saber como chegou lá e se deparando com criaturas como Alien, Freddy Krueger e outras surpresas, como se deparar com o Rambo em meio a um cenário de selva.

O roteiro de Michele Medda,‎ Antonio Serra e Bepi Vigna é voltado a prestar homenagem ao cinema, em especial, ao de terror, que esteve no auge na década de 1980, com participações de Freddy Krueger e outros. Também pudera, a obra foi originalmente lançada em setembro de 1990, em um ano que ainda sofria muita influência do cinema dos anos 1980, como Sexta-Feira Treze, Rambo, Aliens, A Hora do Pesadelo e outros. Mas o roteiro não se prende apenas nas simples homenagens, em certa parte, cria-se uma tensão sobre a realização desses próprios filmes de terror, que em algum momento perderam o poder de assustar o espectador, sendo apenas espetáculos onde jorram tripas e sangue. É um questionamento interessante jogado na obra, pena que pouco explorado em prol dos momentos de ação.

Mas o ponto fraco do roteiro se encontra na mudança de tempo da narrativa. Se encontramos o personagem desnorteado no começo, não sabendo onde está, a passagem do tempo para os acontecimentos que levaram Dylan àquela citação não são feitos de forma orgânica. A narrativa entre passado e presente é muito abrupta, quebrando e muito a tensão estabelecida pelas situações. Mas nada que tire a diversão de ler Horror Paradise.

Os desenhos ficam por conta de Claudio Castellini, sendo essa a última edição que o desenhista faz com o título, antes de ir para o mercado americano de quadrinhos. As cenas de ação, o detalhamento dos personagens e suas expressões faciais, tudo é muito detalhado e bem desenhado nessa história publicada em preto e branco, como é tradição nas publicações da Bonelli.

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Com bons desenhos e uma narrativa que presta homenagem ao cinema americano, Horror Paradise é uma leitura deveras agradável, porém, para uma edição com a numeração 01 na sobre capa, pouco nos é falado sobre quem é Dylan Dog. A historia é o centro aqui, e, não o personagem. Caberia à editora Mythos contextualizar o quem é Dog para novos leitores. Porém, isso não ocorre.

Contando com um editorial voltado apenas para explicar as referências presentes em Horror Paradise, a edição brasileira enfrenta um problema logo de cara: a comparação de preços com as publicações do mesmo título da Lorentz. Contando com o mesmo número de páginas e publicação no mesmo formato, as edições das duas editoras são extremamente similares em formato, porém, a da Mythos é R$ 10,00 mais cara do que a Lorentz (R$ 16,90) e isso nunca foi justificado pela editora. Também, a edição da Mythos não informa ao leitor de forma alguma os planos futuros da editora para os títulos de Dylan Dog, se serão mensais ou semestrais, apenas informando o lançamento do volume 02 – Marca Vermelha.

Com um roteiro ágil e cheio de referências, desenhos bonitos e detalhistas, a narrativa de Horror Paradise é um deleite para fãs do Detetive do Pesadelo, porém, a edição da Mythos não contextualiza quem é Dylan Dog para um leitor que queira dar uma chance ao personagem. Mesmo com um preço de capa alto e injustificado, Horror Paradise se mostra uma nova oportunidade do excelente título Dylan Dog ser publicado no Brasil.

Ficha Técnica:

Número de páginas: 100.
Formato: Italiano (15,5 x 21 cm).
Preto e branco/Lombada quadrada.

Preço de capa: R$ 26,90.
Lançado: março de 2018.
Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.