Pode um momento definir nossa vida para sempre? Pode um único instante, casual, impensado, marcar nossa existência e definir quem podemos ser a partir de então, brutalizados com a banalidade do destino? São essas reflexões que “Ei, espera…“, de Jason desperta no leitor.
Aqui somos apresentados a Jon e Bjorn, dois garotos que ocupam suas tardes vazias com brincadeiras, apostas e gibis. É quando Jon propõe uma espécie de desafio a quem desejar fazer parte do fã-clube do Batman que está montando, e Bjorn topa fazê-lo. Assim, sem que pudessem imaginar, escreviam ali seu futuro na linha da vida, fazendo da perda da inocência algo cruel demais para o leitor acompanhar nas páginas seguintes.
O norueguês Jason apresenta, com seu traço econômico e personagens antropomorfizados, uma história singela, que pode ser lida num fôlego só por sinal, mas que reverbera em nossa memória por um bom tempo. Os diálogos corriqueiros dão uma humanidade aos dois protagonistas, conquistando nossa simpatia com sua curiosidade, perspicácia e companheirismo. O que deixa a sequência dos fatos ainda mais penosa.
Mas tudo estaria realmente perdido? E se fosse possível voltar atrás em nossos erros e fazer diferente? Jason conduz com maestria poética uma trama que evoca o acaso; traz a lembrança de algo vivido e que se perdeu, nessa sucessão de instantes únicos que fazem de nós quem somos.
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