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Resenha | Lazarus vol. Três (Greg Rucka & Michael Lark)

Lazarus
Greg Rucka/ Michael Lark

Em Lazarus volume três, Greg Rucka expande mais o universo criado para retratar um futuro distópico onde toda a sociedade é controlada por cartéis poderosíssimos. Dando o destaque para as famílias que exercem essa dominação mundial, mostrando quem são e como operam.

 

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Quando um roteirista cria um universo ficcional para uma obra, ele estabelece regras a serem seguidas naquele ambiente onde os seus personagens irão se relacionar, fazendo com que as situações daquela realidade influenciem aqueles que estão ali inseridos. É dessa forma que, para retratar um futuro distópico, autores, na maioria das vezes, estabelecem que a escassez de produtos farão com os seres humanos lutem pela sobrevivência vorazmente.

Porém, na maioria das obras que apontam um futuro de degradação, sempre há a figura daqueles mais abastados, os ricos que ainda vivem em um ambiente de luxo, subjugando a classe abaixo deles na hierarquia de um sistema onde, quem tem mais, manda mais, sendo um reflexo de nossa sociedade capitalista.

E é isso o que torna Lazarus de Greg Rucka e Michael Lark tão fascinante, ao nos levar para uma realidade onde não há mais governos e as fronteiras são estabelecidas pelo poder que a classe mais rica, as aqui chamadas Famílias, exercem.

Mas, se no volume um, Rucka se preocupou em nos mostrar quem é a nossa personagem principal, a mortal Forever Carlyle, e seu papel de lazarus, indivíduo que sofre bioengenharia, sendo criado para matar, com fator de cura e treinamento implacável, e no volume dois, o escritor focou em como os demais seres humanos vivem naquele ambiente hostil, sendo eles os cidadãos e os não-cidadãos, e o que fazem para sobreviver; em Lazarus volume três, o leitor enfim vai se aprofundar em quem são os membros das Famílias, seus lazarus, suas rixas e como jogam um jogo de poder que ainda segura esse mundo de recursos escassos e para poucos.

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Partindo de um interlúdio que dá prosseguimento à fuga de um traidor da família Carlyle lá no volume um, essa edição que tem o subtítulo de Conclave, que tanto pode ser interpretado como lugar em que se dá esses encontros e/ou reuniões em segredo ou conjunto de pessoas que se encontram para discutir ou deliberar, tem como motor a aparição de um rival dos Carlyle, o cientista Jakob Hock, que agora tem um Carlyle sobre seu controle e pode ter acesso a engenharia que faz com que os membros de tal família sejam imortais, aumentando e muito a tenção existente.

É chover no molhado elogiar Rucka em tramas envolvendo intrigas de poder, mas nesse volume em específico, o escritor se superou, fazendo com que Lazarus seja um dos melhores títulos sendo lançados atualmente no mercado de quadrinhos brasileiro.

A tensão entre as famílias, as dúvidas de Forever, a personalidade dúbia de Malcolm Carlyle (sem dúvida o personagem mais intrigante aqui, ofuscando até sua protagonista), e as discussões que passam da sutileza até virar um banho de sangue em sequências de ação que colocam Michael Lark como um dos melhores desenhista de sua geração, até um gancho no final do volume que pode levar o leitor a arrancar os cabelos, faz com que Lazarus volume três alcance o ápice da história, melhorando o que já era excelente nos volumes um e dois.

 

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Talvez, o único ponto negativo dessa edição seja que Rucka não trabalha os membros das outras Famílias quanto os Carlyle e Hock. Mas isso é justificável porque essas duas canibalizam a história, sendo um verdadeiro imã dos acontecimentos ali se desenrolando.

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Porém, se não há desenvolvimento das Famílias como se deveria, a interação entre os lazarus é ótima, mostrando um pouco de quem são e como trabalham, demonstrando até que eles se sentem mais a vontade em momentos de tensão do que relaxando, como é feito na cena onde Forever tem que usar um vestido de gala para a festa do conclave e se sente desconfortável.

 

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A edição da Devir de Lazarus Volume três manteve o padrão dos dois últimos, porém, colocando no início da edição uma essencial biografia dos membros das Famílias e seus lazarus. É uma pena que não coloque pelo menos as biografias dos dois criadores, além do ótimo colorinista Santi Arcas. Lembrando que a presente resenha foi feita com base na edição de capa cartão, já que a Devir tem optado por oferecer edições de capa dura também para Lazarus, sendo exclusiva da Amazon.

 

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Trazendo para o centro da narrativa os membros das Famílias e suas relações de poder e conflitos, Lazarus volume três se torna o ápice da história até aqui, colocando o título como um dos melhores sendo lançados no mercado nacional, já que sua leitura prenderá o leitor tanto pelo roteiro quanto pelos excelentes desenhos. Só nos resta pedir mais volumes da saga de Forever Carlyle, já que o gancho para a próxima edição deixará nervoso quem for ler esse volume.

 

 

 

Ficha Técnica

  • Capa dura e Capa cartão, com 152 páginas;
  • Editora Devir;
  • Lançamento maio de 2019;
  • Preço de capa: R$ 60,00 (capa cartão) e R$ 75,00 (capa dura);
  • Tamanho: 26 x 16,6 x 1 cm (capa cartão) / 26,2 x 17,2 x 1,2 cm (capa dura);

 

Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.