Único romance de de Emily Brontë, O Morro dos Ventos Uivantes foi lançado originalmente em 1847, sendo hoje considerado um clássico da literatura e tendo ganho diversas adaptações cinematográficas e para a TV ao longo dos anos.
Cronologicamente, a história se inicia quando o patriarca de uma família volta de viagem trazendo consigo um menino órfão para O Morro dos Ventos Uivantes, propriedade onde a trama se passa. Inicialmente, seus filhos ficam com ciúmes da atenção dedicada ao garoto (frequentemente referenciado como um cigano), mas logo a menina, Cathy, cria um forte vínculo com o recém adotado, que recebe o nome de Heathcliff. Seu primogênito, Hindley, no entanto, sempre repudiou o menino e quando seus pais morrem, na condição de administrador da herança da família, passa a humilhar e subjugar Heathcliff à condição de um empregado na propriedade.
Heathcliff aguenta todo o tormento por seu amor a Cathy. Por isso mesmo, quando ela decide casar-se com outro homem, mais bem educado e abastado, não suporta mais a situação e foge d’O Morro dos Ventos Uivantes. Dotado de um espírito resiliente e de um temperamento forte, ele não tarda a retornar ao seu antigo lar em busca de vingança.
Em suma, o livro conta a história das duas gerações que foram impactadas com a chegada de Heathcliff, sua forte conexão com Cathy e sua sede de vingança.
É um romance que desperta inúmeras sensações, da repulsa à empatia ou compaixão. Este é, sem dúvidas, um dos motivos pelos quais ele me marcou tanto enquanto leitora e porque gosto tanto dele: foi o primeiro livro que me lembro ter lido em que há uma complexidade nas personalidades apresentadas pelos personagens, sem maniqueísmo. É visível toda a humanidade de egos feridos, o peso de escolhas, passionalidade e tormentos causados por sentimentos.
Várias pessoas já me disseram que não conseguiram terminar de ler porque acharam a leitura enfadonha ou ficaram irritadas com a personalidade de algum dos personagens. Acho que em todo livro é normal que alguns não se identifiquem, especialmente os clássicos. Ainda assim, eu sugiro que você ao menos dê uma chance. Tente ler com a mente aberta para o fato de ter sido escrito em outro tempo, com um estilo e um ritmo de escrita diferentes dos contemporâneos.
Gostando ou não, é inegável a importância de Emily Brontë, que transcendeu seu tempo adentrando uma área dominada pelo preconceito de gênero e deixado uma obra que perdura até hoje tocando as pessoas.
Não à toa ganhou adaptações tanto para a TV, em mini-séries por exemplo, quanto para o cinema em diferentes países, sendo a primeira delas de 1920 e a última de 2011. Entre as adaptações estão duas brasileiras, “O Morro dos Ventos Uivantes” (1967) e “Vendaval” (1973), ambas no formato de telenovela.
No meio musical, a obra de Emily Brontë inspirou o nome do disco Wind and Wuthering (1976), e sua faixa Afterglow, da banda de rock progressivo Genesis. Inspirou também a popular música Wuthering Heights, composta e interpretada por Kate Bush, que ganhou uma versão bem conhecida entre os headbangers pela voz de André Matos, no disco Angels Cry (1993), da banda Angra.
E você, já leu “O Morro dos Ventos Uivantes” ou viu alguma de suas adaptações?
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