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Resenha | Turma da Mônica – Laços

Primeiro filme da Turma da Mônica em live-action, Laços funciona graças aos seus ótimos e carismáticos atores, além da competente direção de Daniel Rezende, que manteve a inocência, o encantamento e o humor dos personagens de Maurício de Sousa.

 

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Imagine a cena: uma sala de cinema lotada, cheia de pais e filhos, em sua maioria, crianças pequenas. Agora pense que você conhece a Turma da Mônica desde criança, sendo que, na fase adulta, continua lendo as histórias dos personagens de Maurício de Sousa graças à coleção Graphic MSP, projeto capitaneado pelo editor Sidney Gusman, onde artistas trazem releituras de Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão, entre outros.

Dá para perceber que a apreensão era grande desse que vos fala.

O filme  seria feito para mim, um leitor antigo e na casa dos trinta anos? Ou seria focado apenas para o público alvo ideal, as crianças ali presentes? Estaríamos diante de uma adaptação fraca, com atores mirins que entregariam uma interpretação forçada e focada apenas em repetir bordões e situações dos quadrinhos? Seria Turma da Mônica – Laços, obra de Vitor e Lu Cafaggi, bem adaptada?

Mas o filme começou, um plano infalível do Cebolinha nos é apresentado, naquela fala característica que toca o “r” pelo “l”, os personagens principais entram em cena, o humor e a inocência chegam na medida certa e em poucos minutos já percebemos que sim, a Turma da Mônica está ali presente, mas não sozinha, pois o bairro do Limoeiro e seus moradores estão na tela grande.

 

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Para deixar claro, os atores mirins que fazem Mônica (Giulia Benite), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Cascão (Gabriel Moreira) e Magali (Laura Roseo) são o grande destaque do longa metragem. Não espere frases mal decoradas e robóticas. Todos agem naturalmente, e, se esse não fosse um filme da Turma da Mônica, poderia muito bem se sustentar sozinho com a química dos atores, em especial,  a de Kevin e Gabriel.

Não que os outros ali presentes deixem a desejar, mas esses dois agem com tamanha naturalidade, em especial, Moreira, que rouba muitas cenas pela sua espontaneidade, que o expectador em pouco tempo não consegue mais tirar os olhos e ri com as várias tiradas e confusões pelas quais eles passam, junto de Magali e Mônica.

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É engraçado notar que no primeiro filme da Mônica quem rouba as cenas são Cebolinha e Cascão, os verdadeiros motores da trama, Mas esse destaque é diluído na medida certa pela boa química entre os quatro e as situações que forçarão eles a se manterem unidos enquanto procuram o desaparecido cachorro de Cebolinha.

 

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Os atores adultos não deixam a desejar também, apesar do óbvio pouco tempo de tela. Mas quem se destaca mesmo são Fafá Rennó, a senhora Cebola, que mantém um olhar acolher nos momentos certos e de apreensão quando as crianças somem; e Rodrigo Santoro.  Esse último tem uma passagem rápida, porém, marcante como Louco. A cena de Santoro não só faz jus ao personagem, como é muito bem dirigida, dando vida a uma antiga teoria que envolve o personagem e Cebolinha.

 

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A beleza da cena do Louco (Licurgo Orival Umbelino Cafiaspirino de Oliveira, seu nome completo), e toda a ambientação no bairro no Limoeiro, na floresta e na casa do vilão (o homem do saco) são devidas a excelente direção de Daniel Rezende, diretor que fez o também ótimo Bingo: O rei das manhãs.

O diretor adapta e expande a obra de Vitor e Lu Cafaggi, utilizando claras influências de filmes oitentistas como Conta Comigo e ET – O extraterreste, e da série Stranger Things, que é uma grande homenagem aos filmes da década de 1980. Mas, aqui, os anos 1980 e os EUA daquele período saem de cena para entrar uma cidade interiorana idealizada, talvez nos anos 1970/1980, que transpira saudosismo e que poderia ser no interior de São Paulo ou Minas Gerais.

As cores e os cenários reforçam essa ideia saudosista e Rezende acerta ao não colocar tecnologias nessa trama. Suspeito que, se eu visse uma das crianças com um celular na mão, seria arrancado a força da excelente aventura que a turminha estava enfrentado.

E, sim, Rezende faz uma ótima adaptação da obra originária da graphic novel MSP.  Mas ele não se prende a ela para contar sua história, já que, para quem leu, perceberá que a parte do vilão e como as crianças resgatam Floquinho(cachorro do Cebolinha) foi alongada em comparação ao quadrinho original. E isso é um acerto, já que deixa o vilão da trama (Ravel Cabral) participar mais dos acontecimentos do filme.

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Homenagem ao primeiro teaser da graphic MSP de Laços.

Muitas homenagens, os famosos easter eggs, estão presentes em Laços. Seja um boneco do dinossauro Horácio aqui, ou a própria participação de Maurício de Sousa ali. Eu, particularmente, recomendo a quem assistir o filme prestar bastante atenção nas manchetes dos jornais para pegar boas referências.

Mas nem tudo no filme são elogios, já que a trilha sonora de Laços, apesar de ótima, é incessante, não deixando um minuto para o expectador parar e respirar. Talvez, isso ocorra porque o filme foi pensado para crianças em especial, e crianças perdem a atenção facilmente. Mas com tantos personagens bons  e momentos emocionantes, o silêncio prenderia a atenção sim do expectador.

Os atores adultos também não tem tempo para sustentar suas atuações, já que o filme é das crianças, ora mais. Mas não passa batido que alguns tiveram aparições relâmpagos, como Mônica Iozzi (mãe da Mônica).

São pequenas coisas, mas que não passam batido para um olhar mais atento sobre o filme.

 

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Veredito

Com ótimos atores, que nos fazem acreditar que estamos diante dos famosos personagens de quadrinhos, e uma direção que captou a essência dos personagens de Maurício de Sousa, Turma da Mônica – Laços deixa para trás quaisquer receios que o expectador tenha com uma adaptação em carne e osso de Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali. E o maior elogio que o público pode dar para esse filme é acompanhar na tela grande essa ótima adaptação, fazendo com que mais filmes da turminha sejam produzidos no futuro, já que esse projeto teve um cuidado imenso de todos os envolvidos para produzir um excelente filme, que emocionará antigos e novos fãs, de várias faixa etárias.

Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.