A banda nos trouxe um álbum técnico, longo, poderoso e cheio de contos nórdicos para fã nenhum botar defeito. Conheça o novo álbum do Týr, Hel!
Antes de ler a resenha que ficou incrível, você pode ouvir o álbum completo e gratuitamente no youtube, a Metal Blade Records disponibilizou para todos:
Na encruzilhada pedregosa e com ventos gelados do Viking Metal, existe o Týr, sentado num trono feito de madeiras podres adornadas com redes de pescas e ganchos de barco. Vindos das pequenas Ilhas Faroé que ficam entre a Islândia e a Noruega, esses descendentes de Vikings (junto com a Islândia, é o povo que tem sua origem quase intacta) vem impressionando o mundo do metal com a sua marca registrada desde seu segundo álbum Eric the Red (2003). Eles estavam desconfortavelmente parados desde 2013, quando lançaram o lendário álbum Valkyrja. A demora foi tanta que fez de Hel um dos meus lançamentos mais aguardados de 2019. Ao longo de sua carreira, a banda se destacou na elaboração de hinos cativantes, divertidos e contos que fazem referência ao poder e bravura da própria origem dos músicos, moldando de uma forma única o viking metal tradicional, o Týr sempre soube incorporar inteligentemente elementos folclóricos, mantendo a espinha dorsal do aço nórdico, mas sempre trazem algo diferente em suas melodias. Embora tenham semelhanças com o Turisas, Falconer e Ensiferum, ninguém realmente soa como o Týr. Houve mudanças na estrutura musical, nos integrantes – o guitarrista Terji Skibenæs que tocava na banda desde 2002 e gravou linhas para esse álbum, saiu meses antes de finalizar – mesmo assim, eles trouxeram dois novos membros: Um guitarrista e um baterista que continuaram como som e estilo do Týr que os fãs gostam.
De acordo com sua tradição, os Vikings eram especialistas em abrir paredes de escudos e a faixa “Gates of Hel” dá as boas vindas e bate de frente com sua perversa mistura de death metal bem ao estilo Amon Amarth e power tropado. O refrão é ridiculamente cativante, fazendo uma mistura musical alegre e satisfatória dos tons pesados e leves no instrumental. Também é uma atualização sobre o porquê de eu adorar esses caras, eles continuam oferecendo o mesmo tipo de música. Acredito que bandas precisam mudar, mas o Týr é tipo whysky, quando mais tempo sendo o mesmo, melhor. Depois vem uma preciosidade chamada “All Heroes Fall”, que combina ideias de viking metal com thrash e outro refrão incrivelmente grande que vai ficar na sua cabeça como um machado. Os vocais limpos e únicos de Heri Joensen são uma alegria de se ouvir.
Durante uma hora e dez minutos (sim, isso é muito tempo), você será levado a bardo de um conto estridente de guerra, paz e embriaguez dentro de um barco de saque viking, enquanto a banda serve refrões como cerveja na faixa “Ragnars kvæði”, uma canção que celebra a mortes de todos os irmãos que partiram para o Hel, além de ser cantada na língua raiz deles. “Garmr” é um destaque desse novo álbum do Týr – agressivo, empolgante, cheio de riffs, harmonias lindas e envolventes, além de ganchos vocais poderosos com um refrão grosseiramente enorme. “Sunset Shores” e “Downhill Drunk” é o retorno da parte semi-épico da banda, carregando toda a influência Viking que eles tanto tem orgulho. Me lembrou muito Borknagar essas duas faixas.
Bem, chegamos no meio do álbum. O que estava incrível, simplesmente se transforma em algo sem precedentes para o gênero.
Começa com o feroz “Empire of The Norte”, passando por “Far From Worries of The World”, “King Time” e “Fire And Flame”. Essas faixas são martelos derrubando o Deuses, meus amigos, o Týr traz aqui faixas surpreendentemente pesadas, incorporando elementos do thrash e death junto com o power metal. Que apesar de serem poderosos, soa tudo encaixadamente progressivo, com canções contendo trabalhos de guitarra peculiares. Essas faixas podem ser ouvidas separadamente que lhe darão um conto de sangue, guerra e Deuses julgando os guerreiros desesperados perante a morte eminente. Heri Joensen é um gênio.
Sobrou ainda as faixas “Songs of War” e “Álbur Kongur”, mas eles são mais como uma chuva branda depois da tempestade, mesmo sendo poderosas.
Não há música ruim em todo o álbum Hel, mas algumas são menos fascinantes que outras, e isso depende de cada ouvinte, também achei um álbum grande. Ao contrário das concisas e duras faixas de 3 a 4 minutos encontradas em Valkyrja. Isso geralmente diminui o impacto cativante que as músicas contam. Mas Hel soa revigorante, com uma mistura rica, dinâmica e elementos bonitos de ouvir. O álbum destaca especialmente o excelente trabalho de guitarra que flui através das músicas como um córrego de uma montanha gelada. Attila Vörös e Heri Joensen se superam com uma coleção vitoriosa de riffs, solos e harmonias selvagens, e cada música é repleta de interação convincente de vários gêneros. Como sempre, os vocais únicos de Heri definem o Týr, até me faz arrepiar. Ele tem um berro poderoso e um timbre incomum, conferindo uma identidade e um tanto folclórica às músicas. O uso de death voice é uma adição bem-vinda, e eu gostaria que eles fossem utilizados com maior frequência daqui para frente.
Veredito
Após um longo hiato, o Týr se restabelece como uma banda que não se importa, apesar de tudo, pela tradicionalidade do viking metal, eles os únicos capazes de fundir uma miríade de estilos em um som matador que faz sentido apesar da natureza maluca que isso possa soar. Hel carregado com fios de uma batalha elegante e altamente sangrenta, com uma incrível quantidade de talento técnico, mas é reduzido pelo seu tamanho absoluto. Ainda assim, ouvirei esse álbum por meses desses caras que descendem de pescadores. Týr tem um fator especial e mais uma vez entregam um trabalho digno e acima da média de outras bandas do gênero. Agora, espero que eles não façam a gente esperar mais cinco anos para ouvir novas músicas. Simplesmente perfeito e um dos álbuns de 2019. Recomendo.
Label: Metal Blade
Websites: tyr.fo | tyrband.bandcamp.com | facebook.com/tyrband
Lançamento Mundial: 08 de Março, 2019.
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