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ZDM Nº 01 – Terra de Ninguém (Wood & Burchielli)

Mais do que uma história de sobrevivência em meio ao caos da Guerra, ZDM é um retrato de seu tempo, onde o ataque de 11 de setembro de 2001 influenciou fortemente toda uma geração.

 

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Para quem viu ao vivo as imagens de dois aviões colidindo com as torres do World Trade Center em Nova York sabe o quanto aquilo foi impactante, fazendo o indivíduo lembrar onde estava e o que fazia naquele fatídico dia de 11 de setembro de 2001. Eu, por exemplo, lembro vividamente de estar na casa de minha avô materna, aguardando para ir para a escola, já que estudava no turno da tarde, quando a notícia do primeiro avião que atingiu a torre passou na TV Globo.

O impacto daquele dia, como um pedra que é arremessada fortemente contra um lago, teve efeitos que até hoje são sentidos, mesmo quase 18 anos depois. Dali, tivemos uma escalada de guerras movidas por retaliação (Afeganistão) e vingança pessoal (Iraque). Com uma forte presença da mídia cobrindo esses eventos, o mundo acompanhou , e acompanha, em tempo real os conflitos no Oriente Médio causados pelo ataque ao solo americano.

Mas outra coisa me vem à mente sobre aquele dia. Mais tarde, quando estava no curso de inglês, um colega de classe falou que aquele ataque servia para os americanos aprenderem, pois eles pensavam de forma arrogante que dominavam o mundo.

Em um contexto pós-guerra fria, sem nenhum inimigo à vista depois da queda da URSS, aquele foi o primeiro ataque em solo americano desde a Segunda Guerra Mundial (se considerarmos que o Hawaii é parte dos EUA, mesmo estando longe da parte continental do país, quando ocorreu o ataque de Pearl Harbor), abalando e motivando os americanos a tomarem decisões sentidas até hoje.

 

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É nesse cenário, após o 11 de setembro e as diversas guerras que os EUA travaram no Oriente Médio, que nos deparamos com os fatos de ZDM nº 01 – Terra de Ninguém. Em uma América em guerra externa, uma força militar formada por guerrilhas cresceu dentro do país, declarando-se arrogantemente como os verdadeiros Estados Unidos, formando os assim chamados Estados Livres, levando o país à sua segunda guerra civil.

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Esse contexto nos é apresentado de forma rápida na primeira edição do roteirista Brian Wood para o selo Vertigo da DC Comics. Isso porque o importante da narrativa não é a guerra em si, mas seus efeitos na cidade de Nova York, mais especificamente, na Zona Desmilitarizada (ZDM) que se tornou a ilha de Manhattan, onde o fotógrafo novato Matthew Roth se verá sozinho, tendo que cobrir o dia a dia da população novaiorquina, após uma fracassada tentativa de uma emissora em fazer uma grande reportagem na ZDM, que está prestes a entrar em guerra novamente.

 

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Tendo que lidar com a sobrevivência em uma zona de guerra, onde crianças são mutiladas, há franco atiradores em prédios, cidadãos preocupados com o próximo ou em matar para sobreviver, Roth conhecerá uma realidade que a maioria dos americanos nem desconfia, como é dito no quadrinho, fazendo o seu papel de repórter ao ter que relatar o clima de guerra, a sobrevivência de quem está na ZDM, o esforço de alguns para manter o Central Park (um cartão postal da cidade), além de ter que lidar com os perigos que isso traz, como na última história desse encadernado, onde terá que achar um bandido que roubou seu crachá de imprensa, um simbolo que pode significar vida ou morte nesse contexto.

A história apresentada aqui nesse primeiro volume prende a atenção do leitor, em especial, para aqueles que conheceram de perto o impacto do 11 de Setembro nos EUA, afinal, o quadrinho é de 2006, sendo influenciado diretamente por esses acontecimentos, como tantos outros. Por exemplo, a série 24 Horas, onde o agente Jack Bauer é um filhote da era Bush, não se importante de matar e torturar, tudo em nome da segurança nacional.

 

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Mas, mesmo o texto de Wood sendo importante para apresentar essa realidade e fazer com que o leitor queira continuar com a série, são os desenhos de Riccardo Burcielli que chamam atenção, em especial, seus desenhos da ilha de Manhattan. Retratando a realidade de um conflito onde não só a população sofre, o leitor sente que a cidade tem vida ao perceber cada detalhe e, principalmente, cada grafite nos muros, começando por um bem destacado logo na primeira história que nos lembra que todo dia é 11/09.

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O escritor Brian Wood, também, cuida dos desenhos desse volume 01 em algumas partes, além das capas da edição.

 

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Lançado pela Vertigo nos EUA, o título teve 72 edições, das quais 05 são compilados nesse primeiro volume pela Panini Comics. Cabe aqui destacar que essa edição é uma reimpressão, já que o título foi lançado originalmente pela Panini em 2009, tendo a saga sido publicada em 07 volumes, encerrando-a. Ou seja, para quem comprar esse bom primeiro volume, já terá à disposição toda a saga publicada no Brasil.

Cabe destacar que a Panini não foi a primeira editora a trazer ZDM para o país, já que a Pixel publicou o começo da saga de Matthew Roth em 2007 em sua Pixel Magazine. O que a Panini fez foi lançar em encadernados a história e finalizar a publicação no Brasil.

E aqui cabe um elogio para a editora, já que republicou ZDM nº 01 – Terra de Ninguém com  preço semelhante (R$ 34,00) a edição de 2009, não sofrendo um grande reajuste como tem ocorrido com outras publicações, como Batman – A Corte das Corujas. Também, é um sinal de que a editora quer ter esse ótimo título da Vertigo em catálogo, fazendo com que o leitor tenha facilidade em encontrar a coleção completa.

ZDM nº 01 – Terra de Ninguém é uma encadernado competente, com uma introdução de Brian Azzarello, as capas originais e as biografias dos autores.

 

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ZDM nº 01 – Terra de Ninguém é uma história que fisga o leitor, em especial, aquele que acompanhou o 11 de setembro de 2001 e seus efeitos para à história. Com um roteiro que sabe misturar tensão, jornalismo e sobrevivência, e uma arte que nos mostra várias camadas da zona de guerra que Manhattan virou, ter essa republicação da editora Panini Comics é um atrativo para o leitor que quer completar uma coleção do selo Vertigo que realmente vale a pena.

 

 

Ficha Técnica

  • Capa dura, com 128 páginas
  • Editora Panini Comics
  • Relançamento em fevereiro de 2019
  • Preço de capa: R$ 34,00
  • Tamanho: 26,6 x 17,2 x 1,2 cm
Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.