Ler uma história de Martin Mystère escrita por Paolo Morales é um verdadeiro prazer. Pois temos a certeza que veremos o personagem “fora da casinha”, um pouco afastado das temáticas que sempre o definiram.
Esse frescor pôde ser visto nos volumes 5 e 6 lançados pela Mythos Editora, resenhados em postagem anterior, nos quais temos um Martin alucinado, psicótico na sua busca pela noiva Diana numa trama que envolvia maquinações sexuais e satanismo.
E a abordagem não é diferente no enredo “Fúria Homicida”, publicada nos números 8 e 9 da série (contam com 100 páginas em offset preto e branco cada, ao preço de capa R$ 26,90). Abrindo com cenas de puro barbarismo em uma América do século XVI, que resistia ao colonialismo espanhol, temos o vislumbre, pelos olhos do colonizador que invade uma espécie de “ritual cirúrgico”, do mote a ser desenvolvido a seguir.
Pois quando o enredo dá um salto no tempo e chega aos dias atuais, apresenta um cientista que sofre um aparente surto e assassina sua esposa a sangue frio, tirando a própria vida em seguida, num impulso similar aos ancestrais astecas… Sabemos mais adiante que este cientista, Bobby Schubert, estava prestes a procurar o bom e velho tio Martin por razões então obscuras; ideia compartilhada com seu pai, Peter, que decide fazê-lo com mais veemência após a morte do filho.
Nosso protagonista cai assim numa conspiração armada por um milionário inescrupuloso, Max Barry, que decide fazer uso inconsequente das pesquisas de Bobby, que abordavam a origem fisiológica da maldade humana. E, amigos, Peter Schubert está disposto a tudo para vingar a morte do filho.
Mystère o acompanha a contragosto, reagindo com horror ao verdadeiro massacre que o velho promove. Chega mesmo a ser coadjuvante na própria história, sendo testemunha de um caso que se revela em meio a tiros, facadas e muito sangue.
Um legítimo precursor dos papéis que Liam Neeson imortalizou recentemente nos cinemas, o homem de certa idade que se mostra pleno na destreza assassina, Peter Schubert é praticamente o personagem central na trama, levando Martin a reboque na sua trilha de vingança sanguinária.
A arte de Fabio Grimaldi casa perfeitamente com a proposta narrativa, dando uma plasticidade formidável aos personagens em meio ao jogo de luz e sombra. Ele se empenha nas diversas passagens que exploram as habilidades do velho Schubert, como bem mostra seu ataque final contra Max Berry. “Os grandes enigmas de Martin Mystère” é sem dúvidas uma publicação que merece toda atenção do apreciador de um bom fumetti.
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