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O Bom, O Mau E O Belo Em Almanaque Tex 52

Iniciada em março de 2000 pela editora Mythos, a série Almanaque Tex veio com o propósito de publicar o conteúdo da italiana Almanacco Del West; mas, dada sua periodicidade então bimestral, acabou avançando sobre outros conteúdos. Fosse republicado arcos clássicos do personagem, a exemplo da sétima edição com “El Muerto” ou suprindo lacunas ao publicar histórias ainda inéditas como “O Caubói Sem Nome”, editada no volume 10.

A toada seguiu até o número 48, quando o título passou por mudanças. Não só se firmou definitivamente com a periodicidade anual, mas também passou a replicar a Tex Magazine, que surgira em substituição do Almanacco. Assim, a revista passou a dividir suas 114 páginas basicamente em duas histórias: uma mais longa, focada em nosso herói, e outra mais curta, abordando um personagem coadjuvante do universo texiano; cada qual trabalhada por uma equipe criativa.

Como esperado, os enredos apresentam seus altos e baixos, o que se evidencia no número 52, lançada em fevereiro último. Abrindo a edição temos “Colheita Sangrenta”, com roteiro de Jacopo Rauch e arte de Alessandro Poli. A ambientação remete imediatamente a clássicos do terror como The Wicker Man, onde um forasteiro entra em choque com uma comunidade isolada e praticante de atos bárbaros de paganismo.

Sergio Bonelli Editore. Todos os direitos reservados.

Aqui, Tex, batendo a pista do patife Seth Lennox, chega ao povoado de Redfield, no Nebraska, cruzando no caminho com a bela senhorita Gardner e seu guia Gideon Parker, que seguem à procura de Sammy, irmão de Gardner e em fuga após roubar um banco.

Os caminhos do quarteto acabam os levando ao tenebroso lugar perdido entre montanhas, sem imaginar os perigos que esconde. A narrativa ágil, aliada aos traços dinâmicos e ricos em detalhes de Poli, compõe um eletrizante thriller macabro, com direito a perseguições no milharal e segredos revelados por uma mestiça que Tex encontra no vilarejo.

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A abordagem, pouco usual na paisagem texiana, segue a cartilha do gênero com louvor, inclusive nas viradas da trama que, embora previsíveis, fecham com eficiência as quase 80 páginas de história.

O mesmo, infelizmente, não pode ser dito do enredo seguinte, “Corrida Pela Vida”. Centrado no simpático grandalhão Gros-Jean e sua afilhada Dawn, presta um desserviço ao personagem, mostrando-o em atos que contradizem décadas de elaboração do personagem, além de apelar para um plot constrangedoramente similar ao publicado no recente Tex Anual 20.

O suplício é aliviado pela curta duração da trama, embora se lamente o mau uso do talento de Alfonso Font. O espanhol espalha seu traço anguloso e caprichoso no uso do nanquim com a genialidade que lhe é peculiar, servindo como contrapeso ao trabalho ruim e preguiçoso de Giorgio Giusfredi.

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Passada a experiência da leitura, resta aos fãs do ranger esperar mais um ano pela próxima edição do título, que trará como segundo personagem focado outro “gigante”, o irlandês Pat Mc Ryan, em aventura urdida pela dupla Luigi Mignacco e Maurizio Dotti.

Almanaque Tex nº 52
Fevereiro/2020
Mythos Editora
R$ 13,90
116 páginas
Parnaibano, leitor inveterado, mad fer it, bonelliano, cinéfilo amador. Contato: rafaelmachado@quintacapa.com.br