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Dica de Leitura | Elric – O Trono de Rubi e O Lobo Branco

Reprodução

Rei feiticeiro. Servo dos Lordes do Caos. Montador de dragões. Rei de Melniboné. Elric, o amaldiçoado. Baseados na obra de MICHAEL MOORDCOCK de 1967, e pouco divulgada no Brasil, ELRIC, O TRONO DE RUBI e O LOBO BRANCO são dois álbuns de luxo lançados (e relançados) pela editora Mythos através do selo GOLD EDITION, voltada a edições de luxo, principalmente para trabalhos de publicação europeia.

Imagem de Elric - O Trono de Rubi
Os quatro álbuns europeus, lançados no Brasil em dois encadernados, contam com desenhos caprichados de Didier Poli, Robin Recht, Jean Bastide e Julien Telo. 

Sendo o responsável, junto com o inigualável CONAN, a sedimentar a literatura do gênero ESPADA E MAGIA, a obra publicada pela Mythos até agora em dois volumes é uma publicação francesa, adaptando o texto de Michael Moorcock pelas mãos competentes de Julien BlondelJean-Luc CanoDidier PoliRobin Recht, Julien Telo e Jean Bastide, sendo considerada pelo criador literário como a melhor adaptação (já tendo o personagem passado pelas editoras Marvel ComicsFirst ComicsDark HorseBoom Studios) de sua obra para outras mídias.

As edições da editora Mythos, que o volume um (O Trono de Rubi) se encontrava esgotado com menos de um mês de lançamento na loja da editora e em outras fornecedoras até seu relançamento em 2021, são álbuns de luxo no melhor sentido da palavra, tendo o acabamento gráfico se unido a uma arte de cair o queixo.

Capa volume 1 - O Trono de Rubi - de Elric
Capa do volume de Elric. A obra estava esgotada desde 2017, quando do seu lançamento, sendo reimpressa em 2021, junto com o volume dois (O Lobo Branco)

A arte esta belíssima, transportando o leitor ao mundo decadente de Melniboné e aos outros reinos.

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As duas edições contam com uma introdução de famosos escritores, como Alan Moore e Neil Gaiman, sendo recheadas de extras, mostrando um belo trabalho para criar a história de como o quadrinhos foi feito. E, se levarmos em consideração que a espera no Brasil foi grande, 4 anos entre os lançamentos dos dois volumes no país, podemos perceber como a produção foi caprichada.

Imagem de Elric - O Lobo Branco
Os desenhos mantêm a qualidade no volume 2 de Elric. Porém, a história é mais abrangente e exige que o leitor vá preenchendo certas lacunas na grande saga do feiticeiro amaldiçoado.

A história se passa no reino de Melniboné, outrora o maior reinado do mundo. Hoje, em flagrância decadência, com bárbaros batendo aos seus portões, tendo os outros reinos, antigos e novos, mais e mais perdendo seu medo da cidade dos feiticeiros montadores de dragão. O autor do livro, Michael Moorcock, confirma na introdução do volume um da Mythos que a maior inspiração para a obra é a decadência do império da Inglaterra ao fim da Segunda Guerra Mundial.

Por 10 mil anos, Melniboné reinou absoluta pelo mundo, sendo os seus cidadãos servos dos deuses do caos, figuras primordiais de grande poder e extremamente participativas na vida dos melnibonianos, sendo o maior deus do caos ARIOCH. O volume dois (O Lobo Branco) trará verdade sobre esse deus e a queda deste grande reino.

A capital de Melniboné é desenhada de forma não esplendorosa, porém, em flagrante decadência. Para se ter acesso à capital deve-se passar por um labirinto formado por rochas e pelo mar, protegido, também, por feitiços potentes. Porém, mais e mais inimigos chegam às suas portas.

É nesse cenário de fim de império que nasce Elric, o novo imperador. Regente esse de uma sociedade escravagista, aristocrata e completamente cruel. E, sim, o personagem principal possui todas essas características, mostrando que essa obra não é para redimir um reino ou mostrar uma simples história de bem contra o mal. É uma história cruel, com personagens cruéis e que, ao menor sinal de fraqueza do próximo, a morte agirá implacável.

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Esse é o maior destaque da saga de Elric, que até tenta trazer redenção ao seu reino no volume dois (O Lobo Branco), mas falha miseravelmente.

Arte de Elric
Um governo cruel e escravagista, fadado ao fim. Melniboné está cercada por tragédia.

O personagem, em completa oposição ao cimério Conan, é albino e extremamente fraco de saúde, tendo que se banhar em sangue de virgens (eu falei que a história era cruel), enquanto usa de poções e feitiçarias, para se manter vivo.

O trabalho publicado pela Mythos engloba dois arcos a cada volume. O primeiro, O Trono de Rubi, nos apresenta a vida do imperador de Melniboné, estando presente duas histórias aqui, sendo O trono de Rubi e Stormbringer, a famosa espada do personagem.

O primeiro volume, mostra os esforços de Elric para manter o trono contra ataques bárbaros, contra as investidas do seu primo Yyrkoon para assumir o reino, primo esse que é o irmão da esposa do personagem principal, a imperatriz Cymoril, e tendo que comandar uma raça decadente que vive a base do escravagismo.

O segundo volume, O Lobo Branco, reúne O Lobo Branco e A Cidade que Sonha, nos mostra o exílio de Elric, sua busca pelo passado sombrio de Melniboné e o conflito que selará o destino daquele reino.

A adaptação francesa do livro de MICHAEL MOORDCOCK possui um texto ágil e uma arte belíssima, sendo o design de muitos personagens baseado no trabalho fetichista de Clive Baker em Hellraiser, como os próprios autores afirmam.

São quadrinhos essenciais para os fãs de mundos mágicos e narrativas bem construída, devendo o leitor brasileiro ter esses volumes na sua coleção, principalmente, os fãs de As Crônicas de Gelo e Fogo de R.R. Martin, adaptado pela HBO como a famosa série GAME OF THRONES, que notarão como as crônicas de Elric, publicadas em 1967, influenciaram o gênero de espada e magia.

Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.