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Bastien Vivès e Seus Comparsas Fazem de “A Grande Odalisca” Uma Grande Orgia dos Sentidos

Três garotas descoladas, audaciosas e com raro senso de humor. O mercado negro da arte. Paris. Glamour. Tiro, porrada e bomba. Os franceses Bastien Vivès, Florent Ruppert e Jérôme Mulot uniram forças para criar nesses dois álbuns de banda desenhada um delicioso thriller de assalto tirar o fôlego, como se montassem o storyboard do melhor filme de ação que você não viu… Até agora.

Filme hollywoodiano mas com fotografia europeia, é bom lembrar, pois os artistas nos brindam com estética acurada, mesclando belíssimas splash pages da capital francesa e outros cenários idílicos, como Itália, Espanha e México, com enquadramento de lugares fechados, a exemplo de apartamentos, galerias, boates; mas sem perder o aspecto livre, arejado, pois o trio de protagonistas jamais seria sufocado. A paleta de cores segue a mudança de paisagem, ora quentes, ora frias, mas sempre com muita personalidade.

Aqui, conhecemos Carole e Alex, ladras especializadas em obras de arte que se aventuram pelos museus da França atrás de preciosidades. O primeiro volume já abre com um ataque espetacular ao Museu do Orsay, dando o ritmo da trama. Mas quando recebem a encomenda d’ “A grande odalisca“, obra exposta no Museu do Louvre, acabam cooptando mais uma integrante para o bando, Sam, de modo a viabilizar o furto audacioso.

Páginas internas de “A Grande Odalisca”. Todos os direitos reservados à editora Pipoca e Nanquim.

A sua chegada, a maneira como afeta a dinâmica de suas companheiras, o plano sendo montado – e apresentado – nos mínimos detalhes até sua execução: tudo é apresentado de modo a envolver o leitor, que cria uma empatia por essas garotas com muita fome de viver e aparentemente nenhum medo das consequências pelo o que fazem. A personalidade de cada uma é delineada de forma natural, sem arroubos morais.

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O volume “Olympia” parte do roubo ao Louvre e aprofunda suas idiossincrasias. A vida de crimes parece ganhar um peso maior quando uma entrega mal sucedida deixa o trio sob ameaça de morte e coagidas a realizar mais um roubo espetacular, desta vez de 3 quadros no Petit Palais ao mesmo tempo. A presença de Toni, um matador de aluguel contratado para vigiá-las durante o serviço, abre brecha para situações inusitadas.

Leitura leve, despretensiosa e com apelo cinematográfico, “A Grande Odalisca” e “Olympia“, publicações da editora Pipoca e Nanquim, são uma bela amostra de entretenimento que os gibis franco-belgas podem proporcionar. Escapismo da melhor qualidade. A tradução de ambos ficou por conta do Érico Assis.

Parnaibano, leitor inveterado, mad fer it, bonelliano, cinéfilo amador. Contato: rafaelmachado@quintacapa.com.br